domingo, 12 de março de 2017

Romantismo- prosa

1. (Uerj 2016)  Sobretudo compreendam os críticos a missão dos poetas, escritores e artistas, neste período especial e ambíguo da formação de uma nacionalidade. São estes os operários incumbidos de polir o talhe e as feições da individualidade que se vai esboçando no viver do povo.
O povo que chupa o caju, a manga, o cambucá e a jabuticaba pode falar com igual pronúncia e o mesmo espírito do povo que sorve o figo, a pera, o damasco e a nêspera?

José de Alencar, prefácio a Sonhos d’ouro, 1872.
Adaptado de ebooksbrasil.org.


De acordo com José de Alencar, a caracterização da identidade nacional brasileira, no século XIX, estava vinculada ao processo de:
a) promoção da cultura letrada   
b) integração do mundo lusófono   
c) valorização da miscigenação étnica   
d) particularização da língua portuguesa   
  
2. (Fuvest 2015)  Considerando-se o intervalo entre o contexto em que transcorre o enredo da obra Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida, e a época de sua publicação, é correto afirmar que a esse período corresponde o processo de 
a) reforma e crise do Império Português na América.    
b) triunfo de uma consciência nativista e nacionalista na colônia.    
c) Independência do Brasil e formação de seu Estado nacional.    
d) consolidação do Estado nacional e de crise do regime monárquico brasileiro.    
e) Proclamação da República e instauração da Primeira República.   
  
3. (Unicamp 2015)  Um elemento importante nos anos de 1820 e 1830 foi o desejo de autonomia literária, tornado mais vivo depois da Independência. (…) O Romantismo apareceu aos poucos como caminho favorável à expressão própria da nação recém-fundada, pois fornecia concepções e modelos que permitiam afirmar o particularismo, e portanto a identidade, em oposição à Metrópole (…).

CANDIDO, Antonio. O Romantismo no Brasil. São Paulo: Humanitas, 2004, p. 19.

Tendo em vista o movimento literário mencionado no trecho acima, e seu alcance na história do período, é correto afirmar que
a) o nacionalismo foi impulsionado na literatura com a vinda da família real, em 1808, quando houve a introdução da imprensa no Rio de Janeiro e os primeiros livros circularam no país.   
b) o indianismo ocupou um lugar de destaque na afirmação das identidades locais, expressando um viés decadentista e cético quanto à civilização nos trópicos.    
c) os autores românticos foram importantes no período por produzirem uma literatura que expressava aspectos da natureza, da história e das sociedades locais.   
d) a população nativa foi considerada a mais original dentro do Romantismo e, graças à atuação dos literatos, os indígenas passaram a ter direitos políticos que eram vetados aos negros.   

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
TEXTO PARA A(S) PRÓXIMA(S) QUESTÃO(ÕES)

Tornando da malograda espera do tigre, 1alcançou o capanga um casal de velhinhos, 2que seguiam diante dele o mesmo caminho, e conversavam acerca de seus negócios particulares. Das poucas palavras que apanhara, percebeu Jão Fera 3que destinavam eles uns cinquenta mil-réis, tudo quanto possuíam, à compra de mantimentos, a fim de fazer um moquirão*, com que pretendiam abrir uma boa roça.
            - Mas chegará, homem? perguntou a velha.
            - Há de se espichar bem, mulher!
            Uma voz os interrompeu:
            - Por este preço dou eu conta da roça!
            - Ah! É nhô Jão!
            Conheciam os velhinhos o capanga, a quem tinham por homem de palavra, e de fazer o que prometia. Aceitaram sem mais hesitação; e foram mostrar o lugar que estava destinado para o roçado.
            Acompanhou-os Jão Fera; porém, 4mal seus olhos descobriram entre os utensílios a enxada, a qual ele esquecera um momento no afã de ganhar a soma precisa, que sem mais deu costas ao par de velhinhos e foi-se deixando-os embasbacados.

ALENCAR, José de. Til.

* moquirão = mutirão (mobilização coletiva para auxílio mútuo, de caráter gratuito).  


4. (Fuvest 2015)  Considerada no contexto histórico-social figurado no romance Til, a brusca reação de Jão Fera, narrada no final do excerto, explica-se 
a) pela ambição ou ganância que, no período, caracterizava os homens livres não proprietários.    
b) por sua condição de membro da Guarda Nacional, que lhe interditava o trabalho na lavoura.    
c) pela indolência atribuída ao indígena, da qual era herdeiro o “bugre”.    
d) pelo estigma que a escravidão fazia recair sobre o trabalho braçal.    
e) pela ojeriza ao labor agrícola, inerente a sua condição de homem letrado.    

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
V – O samba

À direita do terreiro, adumbra-se* na escuridão um maciço de construções, ao qual às vezes recortam no azul do céu os trêmulos vislumbres das labaredas fustigadas pelo vento.
(...)
É aí o quartel ou quadrado da fazenda, nome que tem um grande pátio cercado de senzalas, às vezes com alpendrada corrida em volta, e um ou dois portões que o fecham como praça d’armas.
Em torno da fogueira, já esbarrondada pelo chão, que ela cobriu de brasido e cinzas, dançam os pretos o samba com um frenesi que toca o delírio. Não se descreve, nem se imagina esse desesperado saracoteio, no qual todo o corpo estremece, pula, sacode, gira, bamboleia, como se quisesse desgrudar-se.
Tudo salta, até os crioulinhos que esperneiam no cangote das mães, ou se enrolam nas saias das raparigas. Os mais taludos viram cambalhotas e pincham à guisa de sapos em roda do terreiro. Um desses corta jaca no espinhaço do pai, negro fornido, que não sabendo mais como desconjuntar-se, atirou consigo ao chão e começou de rabanar como um peixe em seco. (...)

José de Alencar, Til.

(*) “adumbra-se” = delineia-se, esboça-se.  


5. (Fuvest 2013)  Considerada no contexto histórico a que se refere Til, a desenvoltura com que os escravos, no excerto, se entregam à dança é representativa do fato de que
a) a escravidão, no Brasil, tal como ocorreu na América do Norte e no Caribe, foi branda.   
b) se permitia a eles, em ocasiões especiais e sob vigilância, que festejassem a seu modo.   
c) teve início nas fazendas de café o sincretismo das culturas negra e branca, que viria a caracterizar a cultura brasileira.   
d) o narrador entendia que o samba de terreiro era, em realidade, um ritual umbandista disfarçado.   
e) foi a generalização, entre eles, do alcoolismo, que tornou antieconômica a exploração da mão de obra escrava nos cafezais paulistas.   
  
6. (Unicamp 2017)  O romance Memórias póstumas de Brás Cubas é considerado um divisor de águas tanto na obra de Machado de Assis quanto na literatura brasileira do século XIX. Indique a alternativa em que todas as características mencionadas podem ser adequadamente atribuídas ao romance em questão.
a) Rejeição dos valores românticos, narrativa linear e fluente de um defunto autor, visão pessimista em relação aos problemas sociais.   
b) Distanciamento do determinismo científico, cultivo do humor e digressões sobre banalidades, visão reformadora das mazelas sociais.   
c) Abandono das idealizações românticas, uso de técnicas pouco usuais de narrativa, sugestão implícita de contradições sociais.   
d) Crítica do realismo literário, narração iniciada com a morte do narrador-personagem, tematização de conflitos sociais.   

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Cronista sem assunto

Difícil é ser cronista regular de algum periódico. Uma crônica por semana, havendo ou não assunto... É buscar na cabeça uma luzinha, uma palavra que possa acender toda uma frase, um parágrafo, uma página inteira – mas qual? 1Onde o ímã que atraia uma boa limalha? 2Onde a farinha que proverá o pão substancioso? O relógio está correndo e o assunto não vem. Cronos, cronologia, crônica, tempo, tempo, tempo... Que tal falar da falta de assunto? Mas isso já aconteceu umas três vezes... Há cronista que abre a Bíblia em busca de um grande tema: os mandamentos, um faraó, o Egito antigo, as pragas, as pirâmides erguidas pelo trabalho escravo? Mas como atualizar o interesse em tudo isso? O leitor de jornal ou de revista anda com mais pressa do que nunca, 3e, aliás, está munido de um celular que lhe coloca o mundo nas mãos a qualquer momento.
Sim, a internet! O Google! É a salvação. 4Lá vai o cronista caçar assunto no computador. Mas aí o problema fica sendo o excesso: ele digita, por exemplo, “Liberdade”, e 5lá vem a estátua nova-iorquina com seu facho de luz saudando os navegantes, ou o bairro do imigrante japonês em São Paulo, 6ou a letra de um hino cívico, ou um tratado filosófico, até mesmo o “Libertas quae sera tamen*” dos inconfidentes mineiros... Tenta-se outro tema geral: “Política”. Aí mesmo é que não para mais: vêm coisas desde a polis grega até um poema de Drummond, salta-se da política econômica para a financeira, chega-se à política de preservação de bens naturais, à política ecológica, à partidária, à política imperialista, à política do velho Maquiavel, ufa.
Que tal então a gastronomia, mais na moda do que nunca? 7O velho bifinho da tia ou o saudoso picadinho da vovó, receitas domésticas guardadas no segredo das bocas, viraram nomes estrangeiros, sob molhos complicados, de apelido francês. Nesse ramo da alimentação há também que considerar o que sejam produtos transgênicos, orgânicos, as ameaças do glúten, do sódio, da química nociva de tantos fertilizantes. Tudo muito sofisticado e atingindo altos níveis de audiência nos programas de TV: já seremos um país povoado por cozinheiros, quer dizer, por chefs de cuisine?**
Temas palpitantes, certamente de interesse público, estão no campo da educação: há, por exemplo, quem veja nos livros de História uma orientação ideológica conduzida pelos autores; 8há quem defenda uma neutralidade absoluta diante de fatos que seriam indiscutíveis. 9Que sentido mesmo tiveram a abolição da escravatura e a proclamação da República? E o suicídio de Getúlio Vargas? E os acontecimentos de 1964? Já a literatura e a redação andam questionadas como itens de vestibular: mas sob quais argumentos o desempenho linguístico e a arte literária seriam dispensáveis numa formação escolar de verdade?
Enfim, 10o cronista que se dizia sem assunto de repente fica aflito por ter de escolher um no infinito cardápio digital de assuntos. Que esperará ler seu leitor? 11Amenidades? Alguma informação científica? A quadratura do círculo encontrada pelo futebol alemão? A situação do cinema e do teatro nacionais, dependentes de financiamento por incentivos fiscais? Os megatons da última banda de rock que visitou o Brasil? O ativismo político das ruas? Uma viagem fantasiosa pelo interior de um buraco negro, esse mistério maior tocado pela Física? A posição do Reino Unido diante da União Europeia?
12Houve época em que bastava ao cronista ser poético: o reencontro com a primeira namoradinha, uma tarde chuvosa, um passeio pela infância distante, um amor machucado, 13tudo podia virar uma valsa melancólica ou um tango arrebatador. Mas hoje parece que estamos todos mais exigentes e utilitaristas, e os jovens cronistas dos jornais abordam criticamente os rumores contemporâneos, valem-se do vocabulário ligado a novos comportamentos, ou despejam um humor ácido em seus leitores, 14num tempo sem nostalgia e sem utopias.
É bom lembrar que o papel em que se imprimem livros, jornais e revistas está sob ameaça como suporte de comunicação. 15O mesmo ocorre com o material das fitas, dos CDs e DVDs: o mundo digital armazena tudo e propaga tudo instantaneamente. Já surgem incontáveis blogs de cronistas, onde os autores discutem on-line com seus leitores aspectos da matéria tratada em seus textos. A interatividade tornou-se praticamente uma regra: há mesmo quem diga que a própria noção de autor, ou de autoria, já caducou, em função da multiplicidade de vozes que se podem afirmar num mesmo espaço textual. Num plano cósmico: quem é o autor do Universo? Deus? O Big Bang? A Física é que explica tudo ou deixemos tudo com o criacionismo?
Enquanto não chega seu apocalipse profissional, o cronista de periódico ainda tem emprego, o que não é pouco, em tempo de crise. Pois então que arrume assunto, e um bom assunto, para não perder seus leitores. Como não dá para ser sempre um Machado de Assis, um Rubem Braga, um Luis Fernando Veríssimo, há que se contentar com um mínimo de estilo e uma boa escolha de tema. A variedade da vida há de conduzi-lo por um bom caminho; é função do cronista encontrar algum por onde possa transitar acompanhado de muitos e, de preferência, bons leitores.

(Teobaldo Astúrias, inédito)

* Liberdade ainda que tardia.
** chefes de cozinha.



7. (Puccamp 2017)  As referências a inconfidentes mineiros e trabalho escravo lembram duas vertentes históricas da poesia brasileira, que se fizeram representar, respectivamente, pela
a) lírica de Cláudio Manuel da Costa e pelos versos de denúncia social de Castro Alves.    
b) obra satírica de Gregório de Matos e pelas narrativas poéticas de João Cabral de Melo Neto.    
c) épica de Tomás Antônio Gonzaga e pelo nacionalismo de Gonçalves Dias.    
d) linguagem confessional de Álvares de Azevedo e pela poética engajada de Cecília Meireles.    
e) obra moralizante de Antonio Vieira e pelos versos combativos de Augusto dos Anjos.    

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
José de Alencar retratou o seu herói goitacá em prosa, a exemplo do que o escocês Walter Scott havia feito com os cavaleiros medievais na célebre novela Ivanhoé. Para evocar um mítico passado nacional, na falta dos briosos cavaleiros medievais de Scott, o índio seria o modelo de que Alencar lançaria mão. (...) O índio entrara como tema na literatura universal por influência das ideias dos filósofos iluministas e especialmente, da obra de Jean-Jacques Rousseau (...). As teses de Rousseau sobre o “bom selvagem”, por sua vez, bebiam na fonte das narrativas de viajantes do século XVI, os primeiros europeus que haviam colocado os pés no chão americano. Foram esses viajantes os responsáveis pela propagação do juízo de que, do outro lado do oceano, existia um povo feliz, vivendo sem lei nem rei (...).

(NETO, Lira. O inimigo do Rei. Uma biografia de José de Alencar. São Paulo: Globo, 2006. p. 166-167)


8. (Puccamp 2017)  A afirmação de que José de Alencar valeu-se do modelo heroico dos cavaleiros medievais para compor personagens de cunho nacionalista fez com que concebesse e apresentasse Peri, protagonista de O Guarani, como um
a) autêntico guerreiro goitacá.    
b) explorador aliado do colonizador.   
c) nativo com qualidades aristocráticas.   
d) lacaio valente de um nobre português.   
e) pajé dotado de poderes sobrenaturais.   
  
9. (Puccamp 2017)  A corrente romântica indianista, além da ficção de José de Alencar, encontrou também alta expressão
a) na poesia de feitio lírico ou épico, como nos cantos de Gonçalves Dias.   
b) na crônica de costumes, como as frequentadas pelos missionários do século XVI.   
c) no teatro popular, como o desenvolvido por Martins Pena.   
d) na épica de recorte clássico, como a concebeu Tomás Antônio Gonzaga.   
e) na crítica satírica, como a elaborada por Gregório de Matos.    

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
Nasceu o dia e expirou.
Já brilha na cabana de Araquém o fogo, companheiro da noite. Correm lentas e silenciosas no azul do céu, as estrelas, filhas da lua, que esperam a volta da mãe ausente.
Martim se embala docemente; e como a alva rede que vai e vem, sua vontade oscila de um a outro pensamento. Lá o espera a virgem loura dos castos afetos; aqui lhe sorri a virgem morena dos ardentes amores.
Iracema recosta-se langue ao punho da rede; seus olhos negros e fúlgidos, ternos olhos de sabiá, buscam o estrangeiro, e lhe entram n’alma. O cristão sorri; a virgem palpita; como o saí, fascinado pela serpente, vai declinando o lascivo talhe, que se debruça enfim sobre o peito do guerreiro.

José de Alencar, Iracema.


10. (Fuvest 2017)  No texto, corresponde a uma das convenções com que o Indianismo construía suas representações do indígena
a) o emprego de sugestões de cunho mitológico compatíveis com o contexto.   
b) a caracterização da mulher como um ser dócil e desprovido de vontade própria.   
c) a ênfase na efemeridade da vida humana sob os trópicos.   
d) o uso de vocabulário primitivo e singelo, de extração oral-popular.   
e) a supressão de interdições morais relativas às práticas eróticas.    
  
11. (Fuvest 2017)  Atente para as seguintes afirmações, extraídas e adaptadas de um estudo do crítico Augusto Meyer sobre José de Alencar:

I. “Nesta obra, assim como nos ‘poemas americanos’ dos nossos poetas, palpita um sentimento sincero de distância poética e exotismo, de coisa notável por estranha para nós, embora a rotulemos como nativa.”
II. “Mais do que diante de um relato, estamos diante de um poema, cujo conteúdo se concentra a cada passo na magia do ritmo e na graça da imagem.”
III. “O tema do bom selvagem foi, neste caso, aproveitado para um romance histórico, que reproduz o enredo típico das narrativas de capa e espada, oriundas da novela de cavalaria.”

É compatível com o trecho de Iracema aqui reproduzido, considerado no contexto dessa obra, o que se afirma em
a) I, apenas.   
b) III, apenas.   
c) I e II, apenas.   
d) II e III, apenas.   
e) I, II e III.    
 
Gabarito:  

Resposta da questão 1:
 [D]

[Resposta do ponto de vista da disciplina de História]
O texto do escritor José de Alencar está vinculado ao Segundo Reinado, 1840-1889. José de Alencar, 1829-1877, é considerado um precursor do Romantismo no Brasil. Em suas obras procurou valorizar a língua falada no Brasil no cotidiano das pessoas, as particularidades da língua portuguesa. Daí o autor afirma que “o povo que chupa o caju, a manga, o cambucá e a jabuticaba pode falar com igual pronúncia e o mesmo espírito do povo que sorve o figo, a pera, o damasco e a nêspera?”.

[Resposta do ponto de vista da disciplina de Português]
No Brasil, o Romantismo da primeira fase adquiriu características especiais, defendendo os motivos e temas brasileiros, mais próximos da fala e da realidade popular brasileira. A interrogação de natureza retórica que finaliza o excerto expõe a preocupação de José de Alencar em adaptar a língua portuguesa às circunstâncias locais, valorizando tradições, costumes, história e natureza de um país em construção. Na prosa alencariana, são frequentes tupinismos e brasileirismos, assim como infrações intencionais a regras da gramática normativa de colocação pronominal ou concordância verbal para que os escritos se moldassem às características da linguagem local, visando à afirmação de uma identidade nacional brasileira. Assim, é correta a opção [D].  

Resposta da questão 2:
 [C]

[Resposta do ponto de vista da disciplina de História]
A história do livro citado se passa no Rio de Janeiro do início do século XIX e a obra foi publicada, em forma de folhetim, originalmente, na década de 1850. Logo, esse período de tempo engloba a Independência do Brasil e a formação do Estado nacional brasileiro.

[Resposta do ponto de vista da disciplina de Português]
Memórias de um Sargento de Milícias inicia-se com a célebre colocação: “Era no tempo do Rei”; dessa forma, ao apresentar o período joanino, percebe-se que o autor faz referência ao processo de Independência do Brasil. Já a publicação da obra se deu entre 1852 e 1853, momento de apogeu do Império brasileiro, cuja preocupação era modernizar o país – inclusive com a proibição do tráfico negreiro – contribuindo para a formação do Estado nacional.  

Resposta da questão 3:
 [C]

[Resposta do ponto de vista da disciplina de História]
Somente a alternativa [C] está correta. A questão remete à chegada do Romantismo ao Brasil. O texto do escritor Antônio Cândido aponta para o desejo de autonomia literária brasileira nas décadas de 1820 e 1830. Do ponto de vista político também havia o desejo do Brasil de buscar sua emancipação política frente a metrópole portuguesa, o que ocorreu em setembro de 1822 com o “Grito do Ipiranga”. No dia 7 de Abril de 1831 D. Pedro I abdicou ao trono: era o início do Período Regencial que durou de 1831 até 1840. Neste contexto, consolidou-se a independência do Brasil considerando que pela primeira vez o Brasil foi governado por brasileiros, e surgiu o Estado Nacional Brasileiro através de uma gradativa substituição dos portugueses por brasileiros. Daí havia uma necessidade de construir uma identidade nacional mostrando nossas particularidades em relação às demais nações. Os autores do Romantismo foram importantes ao expressar elementos da nossa “brasilidade tupiniquim”.

[Resposta do ponto de vista da disciplina de Português]
O Romantismo é um estilo literário nacionalista por natureza; aliás, não só nacionalista como ufanista, em muitos casos. Considerando que tal estilo literário sofre influências dos ideais da Revolução Francesa, “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, é esperado que as nações busquem expressar aquilo que lhe é próprio – fato ocorrido inclusive no Brasil. Assim, enquanto a Europa valorizava a Idade Média, o Brasil valorizou o indígena: o governo chegou a viabilizar financeiramente a publicação do poema Conferência dos Tamoios, escrito por Gonçalves de Magalhães. A temática indígena, portanto nacionalista, foi bastante desenvolvida pelo poeta Gonçalves Dias. Vale ainda ressaltar que o nacionalismo se fez presente na Literatura Brasileira na prosa, inclusive com o Regionalismo, por meio da escrita de romances de José de Alencar, Visconde de Taunay e Bernardo Guimarães.  

Resposta da questão 4:
 [D]

[Resposta do ponto de vista da disciplina de História]
O romance Til, de José de Alencar, passa-se na Campinas da década de 1830. Nesse contexto, a escravidão estava enraizada no Brasil, marcando e marginalizando as pessoas que viviam do trabalho braçal, característico dos escravos.

[Resposta do ponto de vista da disciplina de Português]
Ao ver a enxada, Jão Fera associa o trabalho braçal que prestaria ao casal de velhinhos às atividades desempenhadas pelos escravos, percebido de forma preconceituosa por muitos daqueles que viviam o contexto histórico-social retratado por Til, obra de 1872.  

Resposta da questão 5:
 [B]

[Resposta do ponto de vista da disciplina de Português]
O romance “Til” retrata a linguagem e os costumes da vida rural na época em que foi lançado, 1872, com enredo ambientado na região de Piracicaba. Em alguns momentos e sempre sob a vigilância de seus senhores, os africanos e seus descendentes aproveitavam alguns episódios da tradição judaico-católica para celebrar os eventos que marcavam a sua própria cultura, de que são exemplos a congada e o lundu. Para os senhores e autoridades coloniais, isso estabelecia a segurança de que os escravos e libertos tinham aderido ao catolicismo e para os africanos, servia para usufruírem de um momento de liberdade, ainda que temporária, e afirmarem sua própria história e cultura. Assim, é correta a alternativa [B].

[Resposta do ponto de vista da disciplina de História]
No Brasil, assim como no Cariba e nas “colônias do sul” da América do Norte teve grande intensidade. O braço escravo foi determinante na produção e sua exploração, extrema. O sincretismo cultural pode ser percebido desde os primórdios da colonização e foi mais intenso nas áreas canavieiras do nordeste. O narrador não faz referências aos elementos religiosos e à mentalidade capitalista do século XIX aliada às pressões da Inglaterra foram determinantes para a substituição gradual do trabalho escravo pelo trabalho livre nos cafezais.  

Resposta da questão 6:
 [C]

A alternativa [C] é a única que possui todos os elementos corretos sobre o romance. Memórias póstumas de Brás Cubas de fato rompe com a tradição romântica. É considerado um marco do Realismo no Brasil por, entre outras coisas, narrar o romance entre Brás Cubas e Marcela de maneira cínica, já que o dinheiro desempenha um importante papel na conquista. Ao adotar como narrador um defunto autor – Brás Cubas –, o autor muitas vezes produz interferências na linearidade narrativa, sobretudo por meio de digressões. As contradições sociais são sugeridas, por exemplo, pelo casamento de aparências mantido por Virgília com Lobo Neves e pelas relações que o protagonista – membro da classe alta – mantém com outros personagens menos privilegiados social e economicamente.  

Resposta da questão 7:
 [A]

As referências a “inconfidentes mineiros” e “trabalho escravo” lembram duas vertentes históricas da poesia brasileira que se fizeram representar, respectivamente, por Cláudio Manuel da Costa e Castro Alves. O primeiro foi um dos fundadores da Arcádia Ultramarina, cujos integrantes, inspirados pelo pensamento iluminista, desenvolveram uma conspiração política contra o governador da capitania, culminando na Conjuração Mineira. Nesse contexto, a sua poesia adquire um tom político revelador das suas preocupações sociais. O segundo, Castro Alves, importante poeta do condoreirismo, revela na sua poesia fortes ideais políticos em favor da abolição da escravatura. Assim, é correta a opção [A].  

Resposta da questão 8:
 [C]

O leitor brasileiro, influenciado pelas aventuras de um Ivanhoé, viu na obra de Alencar, O guarani, a história daquele que poderia ser considerado o primeiro super-herói brasileiro: o índio Peri. Como romance histórico, apresenta personagens com base em figuras que realmente existiram, como D. Antônio de Mariz e seu filho Diogo, transformados na ficção em verdadeiros cavaleiros medievais, com direito a vassalagem e a juramento de eterna lealdade dos aventureiros que formavam o seu exército. Peri apaixona-se por Ceci, abandona sua tribo, sua língua e, por fim, sua religião para prestar eterna vassalagem amorosa a sua senhora. Assim, é correto afirmar que Peri é apresentado como um nativo com qualidades aristocráticas como se afirma em [C].  

Resposta da questão 9:
 [A]

É correta a opção [A], pois Gonçalves Dias, que fez parte da primeira geração do Romantismo brasileiro (também conhecida como geração indianista ou nacionalista) procurou formar um sentimento nacionalista ao incorporar assuntos, povos e paisagens brasileiras na literatura nacional. Os seus poemas marcados pela presença de rima, musicalidade e métrica exaltam a natureza e valorizam a figura do índio e sua cultura de forma idealizada.    

Resposta da questão 10:
 [A]

O segundo parágrafo do excerto (“Já brilha na cabana de Araquém o fogo, companheiro da noite. Correm lentas e silenciosas no azul do céu, as estrelas, filhas da lua, que esperam a volta da mãe ausente”) é indicativo da influência das crenças mitológicas dos povos indígenas na observação e interpretação da realidade. Assim, é correta a opção [A].  

Resposta da questão 11:
 [C]


A proposição [III] é incorreta, pois o enredo da narrativa não reproduz as de “capa e espada”, oriundas da novela de cavalaria. Trata-se de um romance histórico-indianista que desenvolve uma narrativa épico-lírica ou mitopoética. Como as demais são verdadeiras, é correta a opção [C].   

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