1. (Uerj 2016) Sobretudo compreendam os
críticos a missão dos poetas, escritores e artistas, neste período especial e
ambíguo da formação de uma nacionalidade. São estes os operários incumbidos de
polir o talhe e as feições da individualidade que se vai esboçando no viver do
povo.
O povo que chupa o caju, a
manga, o cambucá e a jabuticaba pode falar com igual pronúncia e o mesmo
espírito do povo que sorve o figo, a pera, o damasco e a nêspera?
José de Alencar, prefácio a Sonhos d’ouro, 1872.
Adaptado de ebooksbrasil.org.
De acordo com José de
Alencar, a caracterização da identidade nacional brasileira, no século XIX, estava
vinculada ao processo de:
a) promoção da cultura letrada
b) integração do mundo
lusófono
c) valorização da miscigenação
étnica
d) particularização da língua
portuguesa
2.
(Fuvest 2015) Considerando-se o intervalo
entre o contexto em que transcorre o enredo da obra Memórias de um sargento de
milícias, de Manuel Antônio de Almeida, e a época de sua publicação,
é correto afirmar que a esse período corresponde o processo de
a) reforma e crise do Império
Português na América.
b) triunfo de uma consciência
nativista e nacionalista na colônia.
c) Independência do Brasil e
formação de seu Estado nacional.
d) consolidação do Estado
nacional e de crise do regime monárquico brasileiro.
e) Proclamação da República e
instauração da Primeira República.
3.
(Unicamp 2015) Um elemento importante nos
anos de 1820 e 1830 foi o desejo de autonomia literária, tornado mais vivo
depois da Independência. (…) O Romantismo apareceu aos poucos como caminho
favorável à expressão própria da nação recém-fundada, pois fornecia concepções
e modelos que permitiam afirmar o particularismo, e portanto a identidade, em
oposição à Metrópole (…).
CANDIDO,
Antonio. O Romantismo no Brasil. São Paulo: Humanitas, 2004, p. 19.
Tendo em vista o movimento literário
mencionado no trecho acima, e seu alcance na história do período, é correto
afirmar que
a) o nacionalismo foi
impulsionado na literatura com a vinda da família real, em 1808, quando houve a
introdução da imprensa no Rio de Janeiro e os primeiros livros circularam no
país.
b) o indianismo ocupou um
lugar de destaque na afirmação das identidades locais, expressando um viés
decadentista e cético quanto à civilização nos trópicos.
c) os autores românticos foram
importantes no período por produzirem uma literatura que expressava aspectos da
natureza, da história e das sociedades locais.
d) a população nativa foi
considerada a mais original dentro do Romantismo e, graças à atuação dos
literatos, os indígenas passaram a ter direitos políticos que eram vetados aos
negros.
TEXTO PARA A
PRÓXIMA QUESTÃO:
TEXTO PARA A(S)
PRÓXIMA(S) QUESTÃO(ÕES)
Tornando da malograda espera
do tigre, 1alcançou o capanga um casal de velhinhos, 2que
seguiam diante dele o mesmo caminho, e conversavam acerca de seus negócios particulares.
Das poucas palavras que apanhara, percebeu Jão Fera 3que destinavam eles
uns cinquenta mil-réis, tudo quanto possuíam, à compra de mantimentos, a fim de
fazer um moquirão*, com que pretendiam abrir uma boa roça.
- Mas chegará, homem? perguntou a velha.
- Há de se espichar bem, mulher!
Uma voz os interrompeu:
- Por este preço dou eu conta da roça!
- Ah! É nhô Jão!
Conheciam os velhinhos o capanga, a quem tinham por homem
de palavra, e de fazer o que prometia. Aceitaram sem mais hesitação; e foram mostrar
o lugar que estava destinado para o roçado.
Acompanhou-os Jão Fera; porém, 4mal seus olhos
descobriram entre os utensílios a enxada, a qual ele esquecera um momento no afã
de ganhar a soma precisa, que sem mais deu costas ao par de velhinhos e foi-se deixando-os
embasbacados.
ALENCAR, José de.
Til.
* moquirão = mutirão (mobilização coletiva
para auxílio mútuo, de caráter gratuito).
4.
(Fuvest 2015) Considerada no contexto
histórico-social figurado no romance Til, a brusca reação de Jão Fera,
narrada no final do excerto, explica-se
a) pela ambição ou ganância
que, no período, caracterizava os homens livres não proprietários.
b) por sua condição de membro
da Guarda Nacional, que lhe interditava o trabalho na lavoura.
c) pela indolência atribuída
ao indígena, da qual era herdeiro o “bugre”.
d) pelo estigma que a
escravidão fazia recair sobre o trabalho braçal.
e) pela ojeriza ao labor
agrícola, inerente a sua condição de homem letrado.
TEXTO PARA A
PRÓXIMA QUESTÃO:
V – O samba
À direita do
terreiro, adumbra-se* na escuridão um maciço de construções, ao qual às vezes
recortam no azul do céu os trêmulos vislumbres das labaredas fustigadas pelo
vento.
(...)
É aí o quartel ou
quadrado da fazenda, nome que tem um grande pátio cercado de senzalas, às vezes
com alpendrada corrida em volta, e um ou dois portões que o fecham como praça
d’armas.
Em torno da
fogueira, já esbarrondada pelo chão, que ela cobriu de brasido e cinzas, dançam
os pretos o samba com um frenesi que toca o delírio. Não se descreve, nem se
imagina esse desesperado saracoteio, no qual todo o corpo estremece, pula,
sacode, gira, bamboleia, como se quisesse desgrudar-se.
Tudo salta, até
os crioulinhos que esperneiam no cangote das mães, ou se enrolam nas saias das
raparigas. Os mais taludos viram cambalhotas e pincham à guisa de sapos em roda
do terreiro. Um desses corta jaca no espinhaço do pai, negro fornido, que não
sabendo mais como desconjuntar-se, atirou consigo ao chão e começou de rabanar
como um peixe em seco. (...)
José de
Alencar, Til.
(*) “adumbra-se” =
delineia-se, esboça-se.
5.
(Fuvest 2013) Considerada no contexto
histórico a que se refere Til, a desenvoltura com que os
escravos, no excerto, se entregam à dança é representativa do fato de que
a) a escravidão, no Brasil,
tal como ocorreu na América do Norte e no Caribe, foi branda.
b) se permitia a eles, em
ocasiões especiais e sob vigilância, que festejassem a seu modo.
c) teve início nas fazendas de
café o sincretismo das culturas negra e branca, que viria a caracterizar a
cultura brasileira.
d) o narrador entendia que o
samba de terreiro era, em realidade, um ritual umbandista disfarçado.
e) foi a generalização, entre
eles, do alcoolismo, que tornou antieconômica a exploração da mão de obra
escrava nos cafezais paulistas.
6. (Unicamp 2017) O romance Memórias
póstumas de Brás Cubas é considerado um divisor de águas tanto na obra de
Machado de Assis quanto na literatura brasileira do século XIX. Indique a
alternativa em que todas as características mencionadas podem ser adequadamente
atribuídas ao romance em questão.
a) Rejeição dos valores
românticos, narrativa linear e fluente de um defunto autor, visão pessimista em
relação aos problemas sociais.
b) Distanciamento do
determinismo científico, cultivo do humor e digressões sobre banalidades, visão
reformadora das mazelas sociais.
c) Abandono das idealizações
românticas, uso de técnicas pouco usuais de narrativa, sugestão implícita de
contradições sociais.
d) Crítica do realismo
literário, narração iniciada com a morte do narrador-personagem, tematização de
conflitos sociais.
TEXTO PARA A
PRÓXIMA QUESTÃO:
Cronista sem assunto
Difícil é ser cronista regular de algum periódico.
Uma crônica por semana, havendo ou não assunto... É buscar na cabeça uma
luzinha, uma palavra que possa acender toda uma frase, um parágrafo, uma página
inteira – mas qual? 1Onde o ímã que atraia uma boa limalha? 2Onde
a farinha que proverá o pão substancioso? O relógio está correndo e o assunto
não vem. Cronos, cronologia, crônica, tempo, tempo, tempo... Que tal falar da
falta de assunto? Mas isso já aconteceu umas três vezes... Há cronista que abre
a Bíblia em busca de um grande tema: os mandamentos, um faraó, o Egito antigo,
as pragas, as pirâmides erguidas pelo trabalho escravo? Mas como atualizar o
interesse em tudo isso? O leitor de jornal ou de revista anda com mais pressa
do que nunca, 3e, aliás, está munido de um celular que lhe coloca o
mundo nas mãos a qualquer momento.
Sim, a internet! O Google! É a salvação. 4Lá vai o cronista caçar assunto
no computador. Mas aí o problema fica sendo o excesso: ele digita, por exemplo,
“Liberdade”, e 5lá vem a estátua nova-iorquina com seu facho de luz
saudando os navegantes, ou o bairro do imigrante japonês em São Paulo, 6ou
a letra de um hino cívico, ou um tratado filosófico, até mesmo o “Libertas quae sera tamen*” dos
inconfidentes mineiros... Tenta-se outro tema geral: “Política”. Aí mesmo é que
não para mais: vêm coisas desde a polis
grega até um poema de Drummond, salta-se da política econômica para a
financeira, chega-se à política de preservação de bens naturais, à política
ecológica, à partidária, à política imperialista, à política do velho
Maquiavel, ufa.
Que tal então a gastronomia, mais na moda do que
nunca? 7O velho bifinho da tia ou o saudoso picadinho da vovó,
receitas domésticas guardadas no segredo das bocas, viraram nomes estrangeiros,
sob molhos complicados, de apelido francês. Nesse ramo da alimentação há também
que considerar o que sejam produtos transgênicos, orgânicos, as ameaças do
glúten, do sódio, da química nociva de tantos fertilizantes. Tudo muito
sofisticado e atingindo altos níveis de audiência nos programas de TV: já
seremos um país povoado por cozinheiros, quer dizer, por chefs de cuisine?**
Temas palpitantes, certamente de interesse público,
estão no campo da educação: há, por exemplo, quem veja nos livros de História
uma orientação ideológica conduzida pelos autores; 8há quem defenda
uma neutralidade absoluta diante de fatos que seriam indiscutíveis. 9Que
sentido mesmo tiveram a abolição da escravatura e a proclamação da República? E
o suicídio de Getúlio Vargas? E os acontecimentos de 1964? Já a literatura e a
redação andam questionadas como itens de vestibular: mas sob quais argumentos o
desempenho linguístico e a arte literária seriam dispensáveis numa formação
escolar de verdade?
Enfim, 10o cronista que se dizia sem
assunto de repente fica aflito por ter de escolher um no infinito cardápio
digital de assuntos. Que esperará ler seu leitor? 11Amenidades?
Alguma informação científica? A quadratura do círculo encontrada pelo futebol
alemão? A situação do cinema e do teatro nacionais, dependentes de
financiamento por incentivos fiscais? Os megatons da última banda de rock que
visitou o Brasil? O ativismo político das ruas? Uma viagem fantasiosa pelo
interior de um buraco negro, esse mistério maior tocado pela Física? A posição
do Reino Unido diante da União Europeia?
12Houve época em que
bastava ao cronista ser poético: o reencontro com a primeira namoradinha, uma
tarde chuvosa, um passeio pela infância distante, um amor machucado, 13tudo
podia virar uma valsa melancólica ou um tango arrebatador. Mas hoje parece que
estamos todos mais exigentes e utilitaristas, e os jovens cronistas dos jornais
abordam criticamente os rumores contemporâneos, valem-se do vocabulário ligado
a novos comportamentos, ou despejam um humor ácido em seus leitores, 14num
tempo sem nostalgia e sem utopias.
É bom lembrar que o papel em que se imprimem
livros, jornais e revistas está sob ameaça como suporte de comunicação. 15O
mesmo ocorre com o material das fitas, dos CDs e DVDs: o mundo digital armazena
tudo e propaga tudo instantaneamente. Já surgem incontáveis blogs de cronistas, onde os autores discutem on-line
com seus leitores aspectos da matéria
tratada em seus textos. A interatividade tornou-se praticamente uma regra: há
mesmo quem diga que a própria noção de autor,
ou de autoria, já caducou, em
função da multiplicidade de vozes que se podem afirmar num mesmo espaço
textual. Num plano cósmico: quem é o autor do Universo? Deus? O Big Bang? A
Física é que explica tudo ou deixemos tudo com o criacionismo?
Enquanto não chega seu apocalipse profissional, o
cronista de periódico ainda tem emprego, o que não é pouco, em tempo de crise.
Pois então que arrume assunto, e um bom assunto, para não perder seus leitores.
Como não dá para ser sempre um Machado de Assis, um Rubem Braga, um Luis
Fernando Veríssimo, há que se contentar com um mínimo de estilo e uma boa
escolha de tema. A variedade da vida há de conduzi-lo por um bom caminho; é
função do cronista encontrar algum por onde possa transitar acompanhado de
muitos e, de preferência, bons leitores.
(Teobaldo Astúrias, inédito)
* Liberdade ainda que tardia.
** chefes de cozinha.
7. (Puccamp 2017) As referências a inconfidentes
mineiros e trabalho
escravo lembram duas vertentes históricas da poesia brasileira, que se
fizeram representar, respectivamente, pela
a) lírica de Cláudio Manuel da
Costa e pelos versos de denúncia social de Castro Alves.
b) obra satírica de Gregório
de Matos e pelas narrativas poéticas de João Cabral de Melo Neto.
c) épica de Tomás Antônio
Gonzaga e pelo nacionalismo de Gonçalves Dias.
d) linguagem confessional de
Álvares de Azevedo e pela poética engajada de Cecília Meireles.
e) obra moralizante de Antonio
Vieira e pelos versos combativos de Augusto dos Anjos.
TEXTO PARA AS
PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
José de Alencar retratou o seu herói goitacá em
prosa, a exemplo do que o escocês Walter Scott havia feito com os cavaleiros
medievais na célebre novela Ivanhoé.
Para evocar um mítico passado nacional, na falta dos briosos cavaleiros
medievais de Scott, o índio seria o modelo de que Alencar lançaria mão. (...) O índio entrara como tema na literatura
universal por influência das ideias dos filósofos iluministas e especialmente,
da obra de Jean-Jacques Rousseau (...). As teses de Rousseau sobre o “bom selvagem”, por sua vez, bebiam na
fonte das narrativas de viajantes do século XVI, os primeiros europeus que haviam colocado os pés no chão americano.
Foram esses viajantes os responsáveis pela propagação do juízo de que, do outro
lado do oceano, existia um povo feliz, vivendo sem lei nem rei (...).
(NETO, Lira. O inimigo do Rei. Uma biografia de José de Alencar.
São Paulo: Globo, 2006. p. 166-167)
8. (Puccamp 2017) A afirmação de que José de
Alencar valeu-se do modelo heroico dos cavaleiros medievais para compor
personagens de cunho nacionalista fez com que concebesse e apresentasse Peri,
protagonista de O Guarani, como um
a) autêntico guerreiro
goitacá.
b) explorador aliado do
colonizador.
c) nativo com qualidades
aristocráticas.
d) lacaio valente de um nobre
português.
e) pajé dotado de poderes
sobrenaturais.
9. (Puccamp 2017) A corrente romântica
indianista, além da ficção de José de Alencar, encontrou também alta expressão
a) na poesia de feitio lírico
ou épico, como nos cantos de Gonçalves Dias.
b) na crônica de costumes,
como as frequentadas pelos missionários do século XVI.
c) no teatro popular, como o
desenvolvido por Martins Pena.
d) na épica de recorte clássico,
como a concebeu Tomás Antônio Gonzaga.
e) na crítica satírica, como a
elaborada por Gregório de Matos.
TEXTO PARA AS
PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
Nasceu o dia e expirou.
Já brilha na cabana de Araquém o fogo, companheiro da
noite. Correm lentas e silenciosas no azul do céu, as estrelas, filhas da lua,
que esperam a volta da mãe ausente.
Martim se embala docemente; e como a alva rede que vai
e vem, sua vontade oscila de um a outro pensamento. Lá o espera a virgem loura
dos castos afetos; aqui lhe sorri a virgem morena dos ardentes amores.
Iracema recosta-se langue ao punho da rede; seus olhos
negros e fúlgidos, ternos olhos de sabiá, buscam o estrangeiro, e lhe entram
n’alma. O cristão sorri; a virgem palpita; como o saí, fascinado pela serpente,
vai declinando o lascivo talhe, que se debruça enfim sobre o peito do guerreiro.
José de Alencar, Iracema.
10. (Fuvest 2017) No texto, corresponde a uma
das convenções com que o Indianismo construía suas representações do indígena
a) o emprego de sugestões de
cunho mitológico compatíveis com o contexto.
b) a caracterização da mulher
como um ser dócil e desprovido de vontade própria.
c) a ênfase na efemeridade da
vida humana sob os trópicos.
d) o uso de vocabulário
primitivo e singelo, de extração oral-popular.
e) a supressão de interdições
morais relativas às práticas eróticas.
11. (Fuvest 2017) Atente para as seguintes
afirmações, extraídas e adaptadas de um estudo do crítico Augusto Meyer sobre
José de Alencar:
I. “Nesta obra, assim como
nos ‘poemas americanos’ dos nossos poetas, palpita um sentimento sincero de distância
poética e exotismo, de coisa notável por estranha para nós, embora a
rotulemos como nativa.”
II. “Mais do que diante de
um relato, estamos diante de um poema, cujo conteúdo se concentra a cada passo
na magia do ritmo e na graça da imagem.”
III. “O tema do bom
selvagem foi, neste caso, aproveitado para um romance histórico, que reproduz o
enredo típico das narrativas de capa e espada, oriundas da novela de
cavalaria.”
É compatível com o trecho
de Iracema aqui reproduzido, considerado no contexto dessa
obra, o que se afirma em
a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.
Gabarito:
Resposta da questão 1:
[D]
[D]
[Resposta do ponto de vista da disciplina de História]
O texto do escritor José de
Alencar está vinculado ao Segundo Reinado, 1840-1889. José de Alencar,
1829-1877, é considerado um precursor do Romantismo no Brasil. Em suas obras
procurou valorizar a língua falada no Brasil no cotidiano das pessoas, as
particularidades da língua portuguesa. Daí o autor afirma que “o povo que chupa
o caju, a manga, o cambucá e a jabuticaba pode falar com igual pronúncia e o
mesmo espírito do povo que sorve o figo, a pera, o damasco e a nêspera?”.
[Resposta do ponto de vista da disciplina de Português]
No Brasil, o
Romantismo da primeira fase adquiriu características especiais, defendendo os
motivos e temas brasileiros, mais próximos da fala e da realidade popular
brasileira. A interrogação de natureza retórica que finaliza o excerto expõe a
preocupação de José de Alencar em adaptar a língua portuguesa às circunstâncias
locais, valorizando tradições, costumes, história e natureza de um país em
construção. Na prosa alencariana, são frequentes tupinismos e brasileirismos,
assim como infrações intencionais a regras da gramática normativa de colocação
pronominal ou concordância verbal para que os escritos se moldassem às
características da linguagem local, visando à afirmação de uma identidade
nacional brasileira. Assim, é correta a opção [D].
Resposta da questão 2:
[C]
[C]
[Resposta do ponto de vista da disciplina de História]
A
história do livro citado se passa no Rio de Janeiro do início do século XIX e a
obra foi publicada, em forma de folhetim, originalmente, na década de 1850.
Logo, esse período de tempo engloba a Independência do Brasil e a formação do
Estado nacional brasileiro.
[Resposta do ponto de vista da disciplina de Português]
Memórias de um Sargento de Milícias inicia-se com a célebre
colocação: “Era no tempo do Rei”; dessa forma, ao apresentar o período joanino,
percebe-se que o autor faz referência ao processo de Independência do Brasil.
Já a publicação da obra se deu entre 1852 e 1853, momento de apogeu do Império
brasileiro, cuja preocupação era modernizar o país – inclusive com a proibição
do tráfico negreiro – contribuindo para a formação do Estado nacional.
Resposta da questão 3:
[C]
[C]
[Resposta do ponto de vista da disciplina de História]
Somente a alternativa [C] está
correta. A questão remete à chegada do Romantismo ao Brasil. O texto do
escritor Antônio Cândido aponta para o desejo de autonomia literária brasileira
nas décadas de 1820 e 1830. Do ponto de vista político também havia o desejo do
Brasil de buscar sua emancipação política frente a metrópole portuguesa, o que
ocorreu em setembro de 1822 com o “Grito do Ipiranga”. No dia 7 de Abril de 1831
D. Pedro I abdicou ao trono: era o início do Período Regencial que durou de
1831 até 1840. Neste contexto, consolidou-se a independência do Brasil
considerando que pela primeira vez o Brasil foi governado por brasileiros, e
surgiu o Estado Nacional Brasileiro através de uma gradativa substituição dos
portugueses por brasileiros. Daí havia uma necessidade de construir uma
identidade nacional mostrando nossas particularidades em relação às demais
nações. Os autores do Romantismo foram importantes ao expressar elementos da
nossa “brasilidade tupiniquim”.
[Resposta do ponto de vista da disciplina de Português]
O Romantismo
é um estilo literário nacionalista por natureza; aliás, não só nacionalista
como ufanista, em muitos casos. Considerando que tal estilo literário sofre
influências dos ideais da Revolução Francesa, “Liberdade, Igualdade e
Fraternidade”, é esperado que as nações busquem expressar aquilo que lhe é
próprio – fato ocorrido inclusive no Brasil. Assim, enquanto a Europa
valorizava a Idade Média, o Brasil valorizou o indígena: o governo chegou a
viabilizar financeiramente a publicação do poema Conferência dos Tamoios, escrito por Gonçalves de Magalhães. A
temática indígena, portanto nacionalista, foi bastante desenvolvida pelo poeta
Gonçalves Dias. Vale ainda ressaltar que o nacionalismo se fez presente na
Literatura Brasileira na prosa, inclusive com o Regionalismo, por meio da
escrita de romances de José de Alencar, Visconde de Taunay e Bernardo
Guimarães.
Resposta da questão 4:
[D]
[D]
[Resposta do ponto de vista da disciplina de História]
O romance Til, de José de Alencar, passa-se na
Campinas da década de 1830. Nesse contexto, a escravidão estava enraizada no
Brasil, marcando e marginalizando as pessoas que viviam do trabalho braçal,
característico dos escravos.
[Resposta do ponto de vista da disciplina de Português]
Ao ver a
enxada, Jão Fera associa o trabalho braçal que prestaria ao casal de velhinhos
às atividades desempenhadas pelos escravos, percebido de forma preconceituosa
por muitos daqueles que viviam o contexto histórico-social retratado por Til, obra de 1872.
Resposta da questão 5:
[B]
[B]
[Resposta do ponto de vista da disciplina de
Português]
O romance
“Til” retrata a linguagem e os costumes da vida rural na época em que foi
lançado, 1872, com enredo ambientado na região de Piracicaba. Em alguns
momentos e sempre sob a vigilância de seus senhores, os africanos e seus
descendentes aproveitavam alguns episódios da tradição judaico-católica para
celebrar os eventos que marcavam a sua própria cultura, de que são exemplos a congada e o lundu. Para os
senhores e autoridades coloniais, isso estabelecia a segurança de que os
escravos e libertos tinham aderido ao catolicismo e para os africanos, servia
para usufruírem de um momento de liberdade, ainda que temporária, e afirmarem
sua própria história e cultura. Assim, é correta a alternativa [B].
[Resposta do ponto de vista da disciplina de
História]
No Brasil,
assim como no Cariba e nas “colônias do sul” da América do Norte teve grande
intensidade. O braço escravo foi determinante na produção e sua exploração,
extrema. O sincretismo cultural pode ser percebido desde os primórdios da
colonização e foi mais intenso nas áreas canavieiras do nordeste. O narrador
não faz referências aos elementos religiosos e à mentalidade capitalista do
século XIX aliada às pressões da Inglaterra foram determinantes para a
substituição gradual do trabalho escravo pelo trabalho livre nos cafezais.
Resposta da questão 6:
[C]
[C]
A alternativa
[C] é a única que possui todos os elementos corretos sobre o romance.
Memórias póstumas de Brás Cubas de
fato rompe com a tradição romântica. É considerado um marco do Realismo no
Brasil por, entre outras coisas, narrar o romance entre Brás Cubas e Marcela de
maneira cínica, já que o dinheiro desempenha um importante papel na conquista.
Ao adotar como narrador um defunto autor – Brás Cubas –, o autor muitas vezes
produz interferências na linearidade narrativa, sobretudo por meio de
digressões. As contradições sociais são sugeridas, por exemplo, pelo casamento
de aparências mantido por Virgília com Lobo Neves e pelas relações que o
protagonista – membro da classe alta – mantém com outros personagens menos
privilegiados social e economicamente.
Resposta da questão 7:
[A]
[A]
As
referências a “inconfidentes mineiros” e “trabalho escravo” lembram duas
vertentes históricas da poesia brasileira que se fizeram representar,
respectivamente, por Cláudio Manuel da Costa e Castro Alves. O primeiro foi um
dos fundadores da Arcádia Ultramarina, cujos integrantes, inspirados pelo pensamento
iluminista, desenvolveram uma conspiração política contra o governador da
capitania, culminando na Conjuração Mineira. Nesse contexto, a sua poesia
adquire um tom político revelador das suas preocupações sociais. O segundo,
Castro Alves, importante poeta do condoreirismo, revela na sua poesia fortes
ideais políticos em favor da abolição da escravatura. Assim, é correta a opção
[A].
Resposta da questão 8:
[C]
[C]
O leitor
brasileiro, influenciado pelas aventuras de um Ivanhoé, viu na obra de Alencar,
O guarani, a história
daquele que poderia ser considerado o primeiro super-herói brasileiro: o
índio Peri. Como romance histórico, apresenta personagens com base em figuras
que realmente existiram, como D. Antônio de Mariz e seu filho Diogo,
transformados na ficção em verdadeiros cavaleiros medievais, com direito a
vassalagem e a juramento de eterna lealdade dos aventureiros que formavam o seu
exército. Peri apaixona-se por Ceci, abandona sua tribo, sua língua e, por fim,
sua religião para prestar eterna vassalagem amorosa a sua senhora. Assim, é
correto afirmar que Peri é apresentado como um nativo com qualidades
aristocráticas como se afirma em [C].
Resposta da questão 9:
[A]
[A]
É correta a
opção [A], pois Gonçalves Dias, que fez parte da primeira geração do Romantismo
brasileiro (também conhecida como geração indianista ou nacionalista) procurou
formar um sentimento nacionalista ao incorporar assuntos, povos e paisagens
brasileiras na literatura nacional. Os seus poemas marcados pela presença de
rima, musicalidade e métrica exaltam a natureza e valorizam a figura do índio e
sua cultura de forma idealizada.
Resposta da questão 10:
[A]
[A]
O segundo
parágrafo do excerto (“Já brilha na
cabana de Araquém o fogo, companheiro da noite. Correm lentas e silenciosas no
azul do céu, as estrelas, filhas da lua, que esperam a volta da mãe ausente”) é
indicativo da influência das crenças mitológicas dos povos indígenas na
observação e interpretação da realidade. Assim, é correta a opção [A].
Resposta da questão 11:
[C]
[C]
A proposição [III]
é incorreta, pois o enredo da narrativa não reproduz as de “capa e espada”,
oriundas da novela de cavalaria. Trata-se de um romance histórico-indianista
que desenvolve uma narrativa épico-lírica ou mitopoética. Como as demais são
verdadeiras, é correta a opção [C].
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