TEXTO PARA AS
PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
Cidadezinha qualquer
Casas entre bananeiras
mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar
Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
Devagar... as janelas
olham.
Eta vida besta, meu Deus
1. (Fuvest 1996) Esse poema é de Carlos Drummond de Andrade e foi escrito na década de
20, sob a influência de ideias modernistas.
a)
Que aspectos da realidade nacional estão representados nas duas primeiras
estrofes?
b)
Que valores estão implícitos no ponto de vista adotado pelo poeta no último
verso do poema?
2. (Fuvest 1996) a) A mesma oração repete-se nos versos 4, 5 e 6, mudando apenas o
sujeito. Exponha, com base no próprio poema, a intenção contida tanto na
mudança quanto na repetição.
b)
Ainda nesses versos, a oração mantém a mesma ordem de construção, invertendo-a
no 70. verso. Explique a consequência da inversão na visão que se oferece da
cidadezinha.
3. (Unirio 1998) CANTIGA
OUTONAL
Outono. As árvores pensando...
Tristezas mórbidas no mar...
O vento passa, brando, brando...
E sinto medo, susto, quando
Escuto o vento assim passar...
(Cecília
Meireles)
1
- Apesar de modernista, a autora apresenta tendências de outro movimento
literário, evidentes no texto. Que movimento é esse?
2
- Retire do texto uma passagem que justifique a sua resposta anterior e, a
seguir, cite a característica que ela apresenta.
4. (Unirio 1998) METADE
PÁSSARO
A mulher do fim do mundo
Dá de comer às roseiras,
Dá de beber às estátuas,
Dá de sonhar aos poetas.
A mulher do fim do mundo
Chama a luz com um assobio.
Faz a virgem virar pedra,
Cura a tempestade,
Desvia o curso dos sonhos.
Escreve cartas ao rio,
Me puxa do sono eterno
Para os seus braços que cantam.
(Murilo
Mendes)
1
- Cite o movimento de vanguarda a que o texto acima pode ser associado.
2
- No texto, o autor desestrutura o senso e instaura o contrassenso.
Teça um breve comentário que justifique a
afirmativa acima.
5. (Unicamp 1998) AQUARELA
Murilo Mendes
Mulheres
sólidas passeiam no jardim molhado da chuva,
o
mundo parece que nasceu agora,
mulheres
grandes, de coxas largas, de ancas largas,
talhadas
para se unirem a homens fortes.
A
montanha lavada inaugura toaletes novas
pra
namorar o sol, garotos jogam bola.
A
baía arfa, esperando repórteres...
Homens
distraídos atropelam automóveis,
acácias
enfiam chalés pensativos pra dentro das ruas,
meninas
de seios estourando esperam o namorado na janela.
estão
vestidas só com uma blusa, cabelos lustrosos
saídos
do banho e pensam longamente na forma
do
vestido de noiva: que pena não ter decote!
Arrastarão
solenemente a cauda do vestido
até
a alcova toda azul, que finura!
A
noite grande encherá o espaço
e
os corpos decotados se multiplicarão em outros
O
título do poema de Murilo Mendes poderia ser explicado a partir de qualquer uma
das definições a seguir:
AQUARELA:
1.
Massa com pigmento de várias cores, que se deve dissolver em água para
reduzi-la a tinta;
2.
Técnica de pintura (...) na qual o aquarelista deve trabalhar rapidamente, sem
se deter em minúcias e sem poder sobrepor a tinta para retoques;
3.
(fig.) Visão alegre ou otimista de uma época, uma situação, um lugar, etc.
a)
Escolha um dos significados da palavra AQUARELA e explique a escolha desse
título para o poema.
b)
Em AQUARELA, o verso "o mundo parece que nasceu agora" concentra
algumas imagens poéticas que são recorrentes no poema todo. Explicite duas
dessas imagens e encontre em outros versos do poema expressões que reflitam
essas imagens.
6. (Ufu 1999) "Canção Amiga"
Eu
preparo uma canção
em
que minha mãe se reconheça,
todas
as mães se reconheçam,
e
que fale como dois olhos.
Caminho
por uma rua
que
passa em muitos países.
Se
não me veem, eu vejo
e
saúdo velhos amigos.
Eu
distribuo um segredo
como
quem ama ou sorri.
No
jeito mais natural
dois
carinhos se procuram.
Minha
vida, nossas vidas
formam
um só diamante.
Aprendi
novas palavras
e
tornei outras mais belas.
Eu
preparo uma canção
que
faça acordar os homens
e
adormecer as crianças."
(Carlos
Drummond de Andrade, ANTOLOGIA POÉTICA)
Considere
o poema acima e faça o que for pedido.
a)
Explique a razão pela qual esse poema pode ser considerado lírico. Fundamente
sua resposta com trechos do poema.
b)
Se houvesse mudança da pessoa verbal do poema para a 3a pessoa, ainda
assim o poema poderia ser considerado lírico? Fundamente sua resposta com
trechos do poema.
7. (Unirio 1999) A Flor e a Náusea
(fragmento)
Uma
flor nasceu na rua!
Passem
de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma
flor ainda desbotada
ilude
a polícia, rompe o asfalto.
Façam
completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto
que uma flor nasceu.
(Carlos
Drummond de Andrade)
1-
Que representa a "flor" no fragmento apresentado no texto?
2-
A que fase do Modernismo pertence esse fragmento?
3-
Cite uma característica desse movimento existente no texto.
TEXTO PARA A
PRÓXIMA QUESTÃO:
TEXTO I
Rio de Janeiro
Fios
nervos riscos faíscas.
As
cores nascem e morrem
Com
impudor violento
Onde
meu vermelho? Virou cinza.
Passou
a boa! Peço a palavra!
Meus
amigos todos estão satisfeitos
Com
a vida dos outros.
Fútil
nas sorveterias.
Pedante
nas livrarias
Nas
praias nu nu nu nu nu nu.
Tu
tu tu tu tu no meu coração.
Mas
tantos assassinatos, meu Deus.
E
tantos adultérios também.
E
tantos tantíssinos contos-de-vigário ...
(Este
povo quer me passar a perna.)
Meu
coração vai molemente dentro do táxi.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1988, p. 11.)
TEXTO II
Uma cidade é uma cidade é uma
cidade. Ela é feita à imagem e semelhança de nosso sangue mais secreto. Uma
cidade não é um diamante transparente. Ela espelha, palmo a palmo, o mundo dos
homens, suas contradições, abusões, virtudes e desterros. Milímetro por
milímetro. A mão do homem em toda parte. No asfalto. No basalto domado. Na
pedreira. Nos calçadões. Na rua, onde os veículos veiculam nosso exaspero e
desespero. Uma cidade nos revela. Nos denuncia naquilo que escondemos. Grande
construção, empreitada de porte enorme, regougo de martelos e martírios. 1Construímos nossa cidade. Somos construídos por ela. Os elos e cordames
nos enlaçam, nos sufocam. Boiamos e nadamos dia e noite, levados numa escuma
onde borbulhas se abrem, como furúnculos maduros. Onde está a saída, ou a
entrada?
(PELLEGRINO, Hélio. A burrice do demônio. Rio de Janeiro: Rocco, 1988, p. 82)
Vocabulário:
1
- "abusão": engano, ilusão, erro; superstição, crendice.
2
- "basalto": rocha vulcânica.
3
- "regougo": voz da raposa ou qualquer som que a imite; ronco.
TEXTO III
Qual será o futuro das cidades?
1 As megacidades vão mudar de endereço
no próximo milênio.
2 Na periferia da globalização, as
metrópoles subdesenvolvidas concentrarão não apenas população, mas também
miséria. Crescendo um ritmo veloz, dificilmente conseguirão dar a tantas
pessoas habitação, transportes e saneamento básico adequados. Mas não serão as
únicas a enfrentar esses problemas. Mesmo metrópoles do topo da hierarquia
global, como Nova York, já sofrem com congestionamentos, poluição e violência.
3 Independentemente de tamanho ou
localização, as cidades vão enfrentar ao menos um desafio comum: o aumento da
tensão urbana provocado pela crescente desigualdade entre seus moradores. Não
há mágica tecnológica à vista capaz de resolver as dificuldades. Os urbanistas
apontam o planejamento como antídoto para o caos. Os governos precisam apostar em
parcerias com a iniciativa privada e a sociedade civil. 1Será necessário coordenar ações locais e iniciativas conjuntas entre
cidades de uma mesma região.
(Caderno Especial, FOLHA DE S. PAULO, p. 1, 02/5/1999.)
8. (Uff 2000) Responda, com uma frase completa, a cada uma das perguntas a seguir:
a)
Qual sentido, dentro do contexto, da expressão destacada nos versos "Meus
amigos todos estão SATISFEITOS / COM A VIDA DOS OUTROS." (v.6 e 7)?
b)
A que estilo de época pertence o texto I? Justifique sua resposta.
9. (Ufv 2000) Em um estudo sobre o Modernismo brasileiro, o crítico João Luiz Lafetá
assim definiu a produção literária do decênio de 30.
A
"politização" dos anos trinta descobre ângulos diferentes:
preocupa-se mais diretamente com os problemas sociais e produz os ensaios
históricos e sociológicos, o romance de denúncia, a poesia militante e de
combate.
(LAFETÁ, João Luiz. "1930: a
crítica e o modernismo." São Paulo: Livraria Duas Cidades, 1974. p.18)
Reflita
sobre o romance "Vidas Secas" e, de forma concisa, responda:
Em
que medida a narrativa de Graciliano Ramos está de acordo com as propostas
contidas no fragmento acima?
10. (Fuvest 2000) QUERO ME CASAR
Quero
me casar
na
noite na rua
no
mar ou no céu
quero
me casar.
Procuro
uma noiva
loura
morena
preta
ou azul
uma
noiva verde
uma
noiva no ar
como
um passarinho.
Depressa,
que o amor
não
pode esperar!
(Carlos
Drummond de Andrade, ALGUMA POESIA)
a)
Caracterize brevemente a concepção de amor presente neste poema.
b)
Compare essa concepção de amor com a que predominava na literatura do
Romantismo.
Gabarito:
Resposta da questão 1:
a) A vida lenta e monótona das pequenas cidades do interior.
a) A vida lenta e monótona das pequenas cidades do interior.
b) A negação desse estilo de vida em favor da vida agitada da
modernidade.
Resposta da questão 2:
a) A repetição reitera a ideia de monotonia, e a mudança de sujeito coloca no mesmo plano homens e animais, unidos pela morosidade.
a) A repetição reitera a ideia de monotonia, e a mudança de sujeito coloca no mesmo plano homens e animais, unidos pela morosidade.
b) A inversão de "devagar" quebra a monotonia.
Resposta da questão 3:
1 - Simbolismo.
1 - Simbolismo.
2
- Passagem: Resposta pessoal do candidato.
Característica: O esquema rímico e o
esquema rítmico traduzem a musicalidade;
a
presença de elementos sensoriais;
a presença de palavras, etc.
Resposta da questão 4:
1 - Surrealismo.
1 - Surrealismo.
2
- A falta de lógica apresentada em cada verso, na relação dos verbos com os
substantivos.
Exemplo: 20. v, 30.
v, 60. v, etc.
Resposta da questão 5:
a) 3. (fig.) "Visão alegre ou otimista de uma época" pois corresponde à caracterização constante do texto.
a) 3. (fig.) "Visão alegre ou otimista de uma época" pois corresponde à caracterização constante do texto.
b) "o mundo parece que nasceu agora" sugere um mundo
reconstruído por imagens surrealistas e poéticas: "Homens distraídos
atropelam automóveis", "meninas de seios estourando",
"alcova toda azul".
Resposta da questão 6:
a) O poema lírico está centrado no EU. "Eu preparo uma canção". O poeta faz uma referência - de forma fragmentada - do seu modo de viver.
a) O poema lírico está centrado no EU. "Eu preparo uma canção". O poeta faz uma referência - de forma fragmentada - do seu modo de viver.
b) Sim, pois há o elemento subjetivo que interage nas ações do narrador.
Resposta da questão 7:
1- Esperança.
1- Esperança.
2-
À segunda fase.
3-
Liberdade formal; a linguagem se aproxima do nível coloquial...
OBSERVAÇÃO:
Serão consideradas
outras respostas que sejam pertinentes às questões.
Resposta da questão 8:
a) O eu lírico refere-se a uma situação em que seus amigos encontram-se satisfeitos com a vida, mas não com a deles, como seria de se esperar. Ao dizer que estão "satisfeitos com a vida dos outros", insinua que: 1) seus amigos vivem falando dos outros; 2) seus amigos comparam suas vidas com as dos outros, o que pode implicar tanto que não estejam satisfeitos com as suas próprias vidas, quanto invejam as vidas alheias.
a) O eu lírico refere-se a uma situação em que seus amigos encontram-se satisfeitos com a vida, mas não com a deles, como seria de se esperar. Ao dizer que estão "satisfeitos com a vida dos outros", insinua que: 1) seus amigos vivem falando dos outros; 2) seus amigos comparam suas vidas com as dos outros, o que pode implicar tanto que não estejam satisfeitos com as suas próprias vidas, quanto invejam as vidas alheias.
b) Modernismo, porque trata de um tema ligado à vida cotidiana, usando
uma linguagem informal em estrofes assimétricas, sem preocupação com uma
metrificação rígida.
Resposta da questão 9:
O romance "Vidas Secas", de Graciliano Ramos traduz a problemática do homem nordestino, em que as condições naturais são as mais adversas: o cenário aponta um ambiente hostil, marcado pela seca. A luta pela sobrevivência se torna uma constante, e as condições culturais reservam ao homem do sertão um universo pobre, marcado pelo instinto e pela animalização. As condições sociais são opressoras, transformando os inúmeros "Fabianos" em seres reificados.
O romance "Vidas Secas", de Graciliano Ramos traduz a problemática do homem nordestino, em que as condições naturais são as mais adversas: o cenário aponta um ambiente hostil, marcado pela seca. A luta pela sobrevivência se torna uma constante, e as condições culturais reservam ao homem do sertão um universo pobre, marcado pelo instinto e pela animalização. As condições sociais são opressoras, transformando os inúmeros "Fabianos" em seres reificados.
Resposta da questão 10:
a) A concepção de amor é idealizada pelo "eu-lírico" do poeta. Ele aceita qualquer tipo de noiva - loura, morena - mas é preciso concretizar o desejo em alguma mulher.
a) A concepção de amor é idealizada pelo "eu-lírico" do poeta. Ele aceita qualquer tipo de noiva - loura, morena - mas é preciso concretizar o desejo em alguma mulher.
b) Tanto neste poema modernista como no romântico, a concepção ideal de
amor é vista de forma platônica. No entanto, quando a figura da mulher, no
modernismo, não é idealizada, enquanto no romântico há que ser perfeita,
harmônica e de beleza absoluta.
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