terça-feira, 28 de fevereiro de 2017
domingo, 26 de fevereiro de 2017
Terceira geração do modernismo- anos 45
TERCEIRA FASE DO MODERNISMO / GERAÇÃO DE 45
CONTEXTO HISTÓRICO:
·
Fim
da segunda guerra mundial
·
Criação
da ONU
·
Corrida
armamentista
·
Queda
de Getúlio Vargas ( Fim do Estado Novo)
CARACTERÍSTICAS:
·
Academicismo;
·
Passadismo
e retorno ao passado;
·
Oposição
à liberdade formal;
·
Experimentações
artísticas;
·
Realismo
fantástico;
·
Retorno
da forma poética ( valorização da rima e da métrica poética)
·
Influência
do Parnasianismo e Simbolismo;
·
Inovações
linguísticas e metalinguagem;
·
Regionalismo
universal;
·
Temática
social e humana;
·
Linguagem
mais objetiva.
Prosa:
Prosa
urbana:
Lygia Fagundes Telles
Características:
Sondagem psicológica constante. As
personagens femininas são frágeis, complexas, reflexivas e misteriosas. Os
homens não apresentam traços tão bem definidos como as mulheres, costumam
simbolizar as funções sociais da riqueza, poder ou status.
Obras:
Ciranda
de Pedra, As meninas, Horas nuas.
Prosa intimista:
Clarice Lispector
Características:
Sondagem psicológica; fluxo de
consciência; epifania(revelação); questionamentos filosóficos e existenciais,
metalinguagem e experimentalismo.
Obras:
A
paixão segundo GH, Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres, A hora da estrela.
Prosa
regional:
Guimarães Rosa
Características:
Experimentalismo linguísticos;
estilização da fala sertaneja; dimensão universal da matéria regional; o sertão
é o sertão. O sertão é o mundo; humor.
Obras:
Primeiras
estórias; Grande sertão: veredas;Sagarana...
POESIA
João Cabral de Melo Neto
Características: Poesia substantiva; Objetividade e clareza;
Linguagem econômica ( engenheiro das palavras); preocupação social.
Obras: Morte e vida Severina;Educação pela
pedra; Cão sem plumas....
Segunda geração do Modernismo- anos 30
Marcos
iniciais:
·
Lançamento
do livro de poesias Alguma poesia, de
Carlos Drummond de Andrade;
·
Lançamento
do romance A Bagaceira, de José Américo de almeida.
Fatos históricos:
·
A
quebra da Bolsa de valores americana ( 1929)
·
O
crescimento do Nazifascimo;
·
Fim
da República Velha no Brasil;
·
Golpe
de Vargas;
·
Estado
Novo(1937)
·
A
segunda Guerra mundial;
Características
básicas do período:
·
Influência
do Realismo e romantismo;
·
Nacionalismo
e regionalismo;
·
Realidade
social,cultural e econômica;
·
Valorização
da cultura brasileira;
·
Influência
da psicanálise de Freud;
·
Temática
cotidiana e linguagem coloquial;
·
Uso
do verso livre e branco.
Poesia:
·
Carlos
Drummond de Andrade: Fase
gauche ( o deslocado, o torto), reflexão existencial, preocupação social, irreverência,
coloquialismo, ironia, pessimismo, metalinguagem, o mito da Itabira ( sociedade
patriarcal), experimentalismo.
·
Murilo
Mendes : Paródias,
poesia religiosa e surrealismo.
·
Jorge
de Lima: Brasilidade,
folclore, Nordeste, preocupação social.
·
Cecília
Meireles: Efêmero
e o eterno, Universalismo; Influências simbolistas, poesia reflexiva e
filosófica.
·
Vinícius
de Moraes :
Clássico, romântico, moderno; preocupação social; amor, mulher e erotismo; MPB.
Prosa:
·
Raquel
de Queiroz : Nordeste;
preocupação social; análise psicológica e social.
Obras: O Quinze ; Memorial de Maria Moura.
·
Graciliano
Ramos: Discurso
indireto livre, fluxo de consciência; social e psicológico; dimensão universal
do material regional. Obras:
São Bernardo; Vidas secas...
·
José
Lins do Rego:
Decadência dos engenhos; ciclo da cana; surgimento das usinas; cangaceiro.
Obras: Doidinho; Menino de engenho; Banguê.
·
Jorge
Amado: O
mito da mulher baiana; as lutas pelas terras do cacau; valorização da cultura
negra baiana; protagonismo de personagens marginalizados; influências do
comunismo. Obras: Dona Flor e seus dois
maridos; Os meninos da areia; Mar morto...
·
Érico
Veríssimo: Debate
questões humanas no ambiente urbano de Porto Alegre; Reconta a formação
histórica do sul; crítica social e política na fase final. Obras: Olhais os lírios do campo; A trilogia :O Tempo e o vento; Incidente
em Antares.
SUBSTANTIVO
01. Destaque, nas frases abaixo, as
palavras que, no contexto, funcionam como substantivos,
a) Os fortes sobreviveram, os fracos
pereceram.
b)"Um fraco rei faz fraca a forte
gente."
(Camões)
c) "Precisamos
dar um basta nessa imoralidade que é a caça esportiva no Rio
Grande do Sul. "(OsCaminhos da
Terra,mã\o 2000, p.9)
d) Basta
de hipocrisia: vamos denunciar que ele caça animais por esporte.
e) "Todo
executivo tem seu preço" (Veja São Paulo, n° 16,abr.2000, p.45)
f) "...almoço
executivo com duas opções de entrada..." (Veja São Paulo, n° 16, abr. 2000, p.45)
02. Da relação
abaixo, destaque apenas os substantivos que só aparecem no plural.
ônibus - pires
- lápis - cócegas - núpcias -pêsames - hemorróidas - olheiras - atlas -ananás -
país - tênis
03. Dê o
feminino de:
a) cantor
b) profeta
c) sacerdote
d) bode
e) carneiro
f) cavaleiro
g) padre
h) abade
i) frei
j) perdigão
I) sogro
m) deputado
n) ministro
o) governador
p) maestro
q) solteirão
r) cirurgião
s) cônsul
t) frade
u) monge
v) hebreu
x) padrinho
04. Forme substantivos abstratos,
conforme o modelo:
menino
feliz → a felicidade do menino
a) homem
triste
b) crianças
pobres
c) edifício
alto
d) homem
livre
e) mulher
viúva
f) recordar
a cena
g) imprimir
o livro
h) atualizar
os conhecimentos
i) verificar
os resultados
j) conceder os privilégios
05. Marque E para substantivo epiceno, DG
para substantivo comum de dois gêneros e
S para substantivo sobrecomum.
a) jovem m) cobra
b)jornalista n) onça
c) colega o)
indivíduo
d) estudante p)
testemunha
e) criança q)
vítima
f) cônjuge r)
artista
g) carrasco s)
dentista
h) criatura t)
gerente
i) jacaré u)
tamanduá
j) pessoa v) ídolo
I) águia x) médium
06. Escreva no plural.
chá-de-cozinha
pé-de-moleque
água-de-colônia
tico-tico
mula-sem-cabeça
ex-aluno
testa-de-ferro
teco-teco
pai-de-santo
pingue-pongue
caneta-tinteiro
tique-taque
peixe-boi
vira-lata
beija-flor
manga-rosa
co-autor
guarda-comida
couve-flor
guarda-chuva
amor-perfeito
guarda-civil
boa-vida
guarda-noturno
segunda-feira
saca-rolha
bem-amado
07. (Fuvest-SP) “O diminutivo é uma
maneira ao mesmo tempo afetuosa e precavida de usar a linguagem. Afetuosa
porque geralmente o usamos para designar o que é agradável, aquelas coisas tão
afáveis que se deixam diminuir sem perder o sentido. E precavida porque também
o usamos para desarmar certas palavras que, por sua forma original, são
ameaçadoras demais." (LUÍS
Fernando Veríssimo, Diminutivos)
A alternativa inteiramente de acordo com
a definição do autor de diminutivo é:
a) O iogurtinho que vale por um bifinho.
b)Ser brotinho é sorrir dos homens e rir interminavelmente das mulheres.
c) Gosto
muito de te ver, Leãozinho.
d) Essa
menininha é terrível.
e) Vamos
bater um papinho.
08. (Cefet-PR) Assinale a alternativa em
que a palavra tem o gênero indicado incorretamente.
a) a ênfase
b) a grama
c) o alface
d) o crisma
e) o ágape
09. (FSJT-SP) São substantivos usados só
no masculino:
a) champanha - guaraná - estigma -
apên¬dice.
b) capital
- grama - omoplata - aluvião.
c) cal
- radiovitrola - plasma - eclipse.
d) comichão
- moral - cisma - personagem.
e) usucapião
- lança-perfume - cal - intérprete.
10. (Faap-SP) "Subirei no
pau-de-sebo/Mando chamar a mãe-d'água"
Ambos os substantivos compostos no
plural:
a) paus-de-sebo/mães-d'água
b) pau-de-sebos/mãe-d'águas
c) paus-de-sebo/mães-d'águas
d) os pau-de-sebo/as mãe-d'água
e) os pau-de-sebos/as mãe-d'águas
11. (Fuvest-SP) Assinale a alternativa
em que está correta a forma plural.
a) júnior-júniors
b) gavião
- gaviães
c) fuzil
- fuzíveis
d)
mal - maus
e)
atlas - atlas
12. (UM-SP) Assinale a alternativa correta quanto ao gênero das palavras:
a) A lança-perfume foi proibida no
carnaval. b)Os observadores terrestres esperavam atentos a eclipse da Lua.
c) A
gengibre é uma erva de grande utilidade medicinal.
d) A
dinamite é um explosivo à base de nitroglicerina.
e) n.d.a.
13. (F.Objetivo-SP) Assinale a
alternativa em que todas as palavras são do gênero feminino.
a) omoplata,
apendicite, cal, ferrugem
b) cal,
faringe, dó, alface, telefonema
c) criança,cônjuge,
champanha,dó,afã
d) cólera,
agente, pianista, guaraná, vitrina
e) jacaré,
ordenança, sofisma, análise, nauta
14. (UM-SP) Indique o período que não
contém um substantivo no grau diminutivo, a) Todas as moléculas foram
conservadas com as propriedades particulares, independentemente da atuação do
cientista.
b) O
ar senhoril daquele homúnculo transformou-o no centro de atenções na tumultuada
assembléia.
c) Através
da vitrine da loja, a pequena observava curiosamente os objetos decorativos
expostos à venda, por preços baratinhos.
d) De
momento a momento, surgiram curiosas sombras e vultos na silenciosa viela.
e) Enquanto
distraía as crianças, a professora tocava flautim, improvisando cantigas
alegres e suaves.
15. (Ueba) Ficou com ..... quando soube
que ....... caixa do banco entregara aos ladrões todo o dinheiro ........clã.
a) o
moral abalado - o - do
b) a
moral abalada - o - da
c) o
moral abalado - a - da
d) a
moral abalado - a - do
e) a
moral abalada - a - da
16. (UEL-PR) Viam-se ...... junto aos ...... do jardim.
a) papelsinhos
- meios-fio
b) papeizinhos
- meios-fios
c) papeisinhos
- meio-fios
d) papelsinhos
- meios-fios
e) papeizinhos
- meio-fios
17. (Uni-Rio-RJ) Nas palavras abaixo, há
uma com erro de flexão. Assinale-a.
a) irmãozinhos
b) papeizinhos
c) exortaçõezinhas
d) heroizinhos
e) lençoizinhos
18. (ESPM-SP) Quais os coletivos mais
utilizados em português para designar:
a) cães
b) anjos
c) peixes
d)
atores
e)
porcos
19. (UEPG-PR) A série de palavras que,
no plural, mudam o timbre do o
tônico:
a) acordo,
transtorno, sogro, morro, repolho
b) imposto,
povo, corpo, esforço, tijolo
c) logro,
toco, soldo, gorro, fofo
d) gafanhoto,
globo, bolso, coco, bolo
e) forro,
esposo, rolo, sopro, topo
20. (Cesgranrio-RJ) Assinale o par de
vocábulos que forma o plural como balão
e caneta-tinteiro.
a) vulcão/abaixo-assinado
b) irmão/salário-família
c) questão/manga-rosa
d) bênção/papel-moeda
e) razão/guarda-chuva
21. (UM-SP) Aponte a alternativa que
contém algum erro.
a)
No choque, quebra-se-lhe a omoplata.
b) A
sentinela saiu da guarita e o enxotou sem nenhum dó.
c) Reclinado
à sombra da velha árvore, tomou sossegadamente seu champanha.
d) Qual
não foi a surpresa do noivo, quando, à pergunta do padre se queria casar-se,
sua cônjuge respondeu solenemente que não!
e) O
pedreiro, sacolejando o balde, enquanto andava, ia marcando com a cal derramada
o seu caminho.
GABARITO
b) rei,
gente
c) basta,
imoralidade, caça, Rio Grande do Sul
d) hipocrisia,
animais, esporte
e) executivo,
preço
f) almoço,
opções, entrada
02. cócegas, núpcias, pêsames,
hemorróidas, olheiras
b) profetisa n) ministra
c) sacerdotisa o) governadora
d) cabra p) maestrina
e) ovelha q) solteirona
f) amazona r) cirurgiã
g) madre s)
consulesa
h) abadessa t)
freira
i) sóror ou soror u) monja
j) perdiz v) hebréia
l) sogra x) madrinha
04.
a) a tristeza do homem
b) a pobreza das crianças
c) a altura do edifício
d) a liberdade do homem
e) a viuvez da mulher
f) a recordação da cena
g) a impressão do livro
h) a atualização dos conhecimentos
i) a verificação dos resultados
j) a concessão dos privilégios
05.
a) DG i)
E r)
DG
b) DG j)
S s)
DG
c) DG I)
E t)
DG
d) DG m)E u)
E
e) S n)
E v)
S
f) S o)
S x)
DG
g) S p)
S
h) S q)
S
06.
chás-de-cozinha beija-flores
pés-de-moleque mangas-rosa (ou mangas-rosas)
águas-de-colônia co-autores
tico-ticos guarda-comidas
mulas-sem-cabeça couves-flores
ex-alunos guarda-chuvas
testas-de-ferro amores-perfeitos
teco-tecos guardas-civis
pais-de-santo boas-vidas
pingue-pongues guardas-noturnos
canetas-tinteiro (ou canetas-tinteiros) segundas-feiras tique-taques
os saca-rolhas
peixes-boi (ou peixes-bois)
bem-amados
vira-latas
16. B 17.
B
18.
a) matilha
b) legião
c) cardume
d) elenco
e) vara
19. B 20. C 21. D
Uma avaliação
TEXTO
1
QUE
SE CHAMA SOLIDÃO
Chão da infância. Algumas lembranças me
parecem fixadas nesse chão movediço, as minhas pajens. Minha mãe fazendo seus
cálculos na ponta do lápis ou mexendo o tacho de goiabada ou ao piano; tocando
suas valsas. E tia Laura, a viúva eterna que foi morar na nossa casa e que
repetia que meu pai era um homem instável. Eu não sabia o que queria dizer
instável mas sabia que ele gostava de fumar charutos e gostava de jogar. A tia
um dia explicou," esse tipo de homem não consegue parar muito tempo no
mesmo lugar e por isso estava sempre sendo removido de uma cidade para outra
como promotor. Ou delegado. Então minha mãe fazia os tais cálculos de futuro,
dava aquele suspiro e ia tocar piano. E depois, arrumar as malas.
- Escutei que a gente vai se mudar outra
vez, vai mesmo? perguntou minha pajem Maricota. Estávamos no quintal chupando
os gomos de cana que ela ia descascando. Não respondi e ela fez outra pergunta:
Sua tia vive falando que agora é tarde porque a Inês é morta, quem é essa tal
de Inês?
Sacudi
a cabeça, não sabia. Você é burra, Maricota resmungou cuspinhando o bagaço.
(...)
- Corta mais cana, pedi e ela
levantou-se enfurecida: Pensa que sou sua escrava, pensa? A escravidão já
acabou!, ficou resmungando enquanto começou a procurar em redor, estava sempre
procurando alguma coisa e eu saía atrás procurando também, a diferença é que
ela sabia o que estava procurando, uma manga madura? Jabuticaba? Eu já tinha
perguntado ao meu pai o que era isso, escravidão. Mas ele soprou a fumaça para
o céu (dessa vez fumava um cigarro de palha) e começou a recitar uma poesia que
falava num navio cheio de negros presos em correntes e que ficavam chamando por
Deus. Deus, eu repeti quando ele parou de recitar. Fiz que sim com a cabeça e
fui saindo, Agora já sei.
(Lygia Fagundes Telles, Invenção e
Memória.)
Os
textos e as questões iniciais foram retirados da prova da Unifesp / 2008.
1-
De acordo com o texto, entende-se que o chão da infância da narradora é marcado
a) pela
incômoda viuvez da tia.
b) pela
ausência do pai.
c) pelo
convívio com família e pajens,
d) pelo
medo da escravidão.
e) pela
indiferença das pajens.
2-
Entende-se que a relação da narradora com a pajem baseia-se
a) na
tolerância entre elas, embora a narradora quase não consiga conter sua raiva
com os descasos da pajem.
b) na
tensão entre elas, embora a pajem deva respeito à narradora, pois tem uma
relação profissional com a família.
c) na
indiferença entre elas, pois tanto a narradora deixa de responder como a pajem
deixa de atender-lhe o pedido.
d) na
rivalidade entre elas, fato que se comprova pela agressividade da pajem que
sonhava estar no lugar da narradora.
e) na
proximidade entre elas, pois a pajem, por exemplo, externa seus sentimentos de
desagrado, quando se vê incomodada por algo.
3- Na resposta enfurecida da pajem à
narradora, repete-se a forma verbal pensa. Essa resposta permite entender que
ela
a) não
pretende mais cortar cana naquele momento.
b) se
vê na obrigação de atender o pedido.
c) está,
na verdade, fazendo uma brincadeira.
d) não
compreendeu ao certo o que lhe foi pedido.
e) se
dispõe a atender o pedido com prontidão.
TEXTO
2
No
ensino, como em outras coisas, a liberdade deve ser questão de grau. Há
liberdades que não podem ser toleradas. Uma vez conheci uma senhora que
afirmava não se dever proibir coisa alguma a uma criança, pois ela deve
desenvolver sua natureza de dentro para fora. "E se a sua natureza a levar
a engolir alfinetes?" indaguei; lamento dizer que a resposta foi puro
vitupério. No entanto, toda criança abandonada a si mesma, mais cedo ou mais
tarde engolirá alfinetes, tomará veneno, cairá de uma janela alta ou doutra
forma chegará a mau fim. Um pouquinho mais velhos, os meninos, podendo, não se
lavam, comem demais, fumam até enjoar, apanham resfriados por molhar os pés, e
assim por diante - além do fato de se divertirem importunando anciãos, que nem
sempre possuem a capacidade de resposta de Eliseu. Quem advoga a liberdade da
educação não quer dizer que as crianças devam fazer, o dia todo, o que lhes der
na veneta. Deve existir um elemento de disciplina e autoridade: a questão é até
que ponto, e como deve ser exercido.
(Bertrand Russell, Ensaios céticos.)
4-
Do ponto de vista do autor, fica claro que a liberdade
a) é
essencial à criança e sua falta é prejudicial, quando não se entende o porquê
da restrição.
b) não
deve ser concebida de forma absoluta, havendo necessidade de que sejam coibidos
os excessos.
c) é
um modo de a criança desenvolver-se de forma independente, quando criada sem
restrições.
d) deve
ser tolerada para que não haja prejuízo ao desenvolvimento pessoal e social da
criança.
e) serve
para atos de prejuízo pessoal, por isso não possui nada que seja realmente bom
à criança.
5- As
liberdades não toleradas
a) dizem
respeito a fatos externos ao ambiente escolar.
b) comprometem
o rendimento escolar da criança.
c) representam
riscos à integridade da criança e de adultos,
d) impedem
que a criança se desenvolva plenamente.
e) são
exemplos de disciplina e autoridade.
6- - Quem advoga a liberdade da educação
não quer dizer que as crianças devam fazer, o dia todo, o que lhes der na
veneta.
O termo advoga deve ser entendido como
a) impõe.
b) afirma.
c) estuda.
d) exige.
e) defende.
TEXTO
4
É por causa do meu engraxate que ando
agora em plena desolação. Meu engraxate me deixou.
Passei duas vezes pela porta onde ele
trabalhava e nada. Então me inquietei, não sei que doenças mortíferas, que
mudança pra outras portas se passaram em mim, resolvi perguntar ao menino que
trabalhava na outra cadeira. O menino é um retalho de hungarês, cara de
infeliz, não dá simpatia alguma. E tímido, o que torna instintivamente a gente
muito combinado com o universo no propósito de desgraçar esses desgraçados de
nascença. "Está vendendo bilhete de loteria", respondeu antipático,
me deixando numa perplexidade penosíssima: pronto! Estava sem engraxate! Os
olhos do menino chispeavam ávidos, porque sou um dos que ficam fregueses e dão
gorjeta. Levei seguramente um minuto pra definir que tinha de continuar
engraxando sapatos toda a vida minha e ali estava um menino que, a gente
ensinando, podia ficar engraxate bom.
(Mário de Andrade, Os Filhos da
Candinha.)
7-
A desolação por que passa o narrador resulta
a) do
sumiço do engraxate, por quem o narrador, ao valer-se dos serviços, criara
certa afeição.
b) da
ausência do engraxate, de cujos serviços, mesmo precários, aquele se valia.
c) da presença do menino hungarês, pouco
aberto ao diálogo, em substituição obrigatória ao antigo engraxate.
d) do sumiço do engraxate com quem ele
evitava a todo custo criar laços afetivos.
e) da necessidade dos serviços do tímido
menino hungarês, que certamente não chegaria a ser bom engraxate.
8-
A timidez do engraxate despertava no narrador um sentimento de
a) pena
dele e daqueles que, como ele, também viviam mal.
b) repulsa
por ele e pelos de sua condição de mal-nascido. X
c) enternecimento
por ele e pelos mal-nascidos, por sua natural infelicidade.
d) distanciamento
dele e daqueles que o viam com interesse.
e) indignação
com ele e com aqueles que pouco faziam para progredir.
9- É
correto afirmar que
a) o
narrador ficou sem engraxate, mas queria encontrar o menino para agradecer
pelos bons serviços que recebera.
b) o
menino hungarês é antipático, pois se refere, com ironia, ao outro que, um dia,
já esteve trabalhando ao seu lado como engraxate, prestando serviços ao
narrador.
c) a
possibilidade de ficar definitivamente sem seu engraxate, que poderia lograr
êxito no novo emprego, perturbava demais o narrador.
d) o
espírito generoso do narrador com o engraxate, ficando freguês e dando
gorjetas, não foi suficiente para evitar ser maltratado pelo menino.
e) a
forma dissimulada como o menino hungarês trata o narrador naquele momento
difícil mostra-o como se estivesse se divertindo com a situação.
TEXTO
5
A
CASA DAS ILUSÕES PERDIDAS
Quando ela anunciou que estava grávida,
a primeira reação dele foi de desagrado, logo seguida de franca irritação. Que
coisa, disse, você não podia tomar cuidado, engravidar logo agora que estou
desempregado, numa pior, você não tem cabeça mesmo, não sei o que vi em você,
já deveria ter trocado de mulher havia muito tempo. Ela, naturalmente, chorou,
chorou muito. Disse que ele tinha razão, que aquilo fora uma irresponsabilidade,
mas mesmo assim queria ter o filho. Sempre sonhara com isso, com a maternidade
- e agora que o sonho estava prestes a se realizar, não deixaria que ele se
desfizesse.
- Por favor, suplicou. - Eu faço tudo
que você quiser, eu dou um jeito de arranjar trabalho, eu sustento o nenê, mas,
por favor, me deixe ser mãe.
Ele disse que ia pensar. Ao fim de três
dias daria a resposta. E sumiu.
Voltou, não ao cabo de três dias, mas de
três meses. Àquela altura ela já estava com uma barriga avantajada que tornava
impossível o aborto; ao vê-lo, esqueceu a desconsideração, esqueceu tudo -
estava certa de que ele vinha com a mensagem que tanto esperava, você pode ter
o nenê, eu ajudo você a criá-lo.
Estava errada. Ele vinha, sim, dizer-lhe
que podia dar à luz a criança; mas não para ficar com ela. Já tinha feito o
negócio: trocariam o recém-nascido por uma casa. A casa que não tinham e que
agora seria o lar deles, o lar onde - agora ele prometia - ficariam para
sempre.
Ela ficou desesperada. De novo caiu em
prantos, de novo implorou. Ele se mostrou irredutível. E ela, como sempre,
cedeu.
Entregue a criança, foram visitar a
casa. Era uma modesta construção num bairro popular. Mas era o lar prometido e
ela ficou extasiada. Ali mesmo, contudo, fez uma declaração:
- Nós vamos encher esta casa de
crianças. Quatro ou cinco, no mínimo.
Ele não disse nada, mas ficou pensando.
Quatro ou cinco casas, aquilo era um bom começo.
(Moacyr Scliar, Folha de S.Paulo,
14.06.1999.)
10- No
texto, a idéia de ilusões perdidas diz respeito à
a) realização
da maternidade que, na verdade, não atinge a sua plenitude.
b) desolação
da jovem mãe ao ver que a casa recebida não era luxuosa como concebera.
c) alegria
da mãe com a casa e à superação da tristeza pela doação da criança.
d) melancolia
da mãe por programar todas as crianças que teria para trocar por casas.
e) certeza
do homem de que a mulher não formará com ele um lar na casa nova.
11- O
casal age de modo contrário aos sentimentos comuns de justiça e dignidade. No
contexto da narrativa, tais comportamentos explicam-se
a) pela
falta de amor que há entre a mulher e o companheiro, fazendo com que tudo que
os rodeia se torne um negócio vantajoso.
b) pelo
amor exagerado que a mulher sente e pela confusão de sentimentos que o
companheiro vive na descoberta desse amor.
c) pelo
ódio exagerado que a mulher sente do companheiro e pela forma displicente e
pouco amável como ele a vê.
d) pela
submissão exagerada da mulher ao companheiro e pela forma mesquinha e
interesseira como ele resolve as coisas.
e) pela
forma irresponsável com que a mulher age em relação ao companheiro, o que o faz
tomar atitudes impensadas.
12- "Ele
não disse nada, mas ficou pensando. Quatro ou cinco casas, aquilo era um bom
começo."
As
duas frases finais do texto deixam evidente que ter mais filhos
a) é
uma possibilidade pouco atraente para o casal que, por hora, já conquistou algo
à custa de sofrimento.
b) será
para o casal uma forma de alcançar a felicidade, já que a mulher e seu
companheiro poderão ter a casa cheia de crianças.
c) pode
tornar-se lucrativo na ótica do companheiro, embora a mulher ainda veja isso
com olhos sonhadores.
d) se
torna uma forma de compensar o episódio pouco feliz da doação do primeiro filho
do casal.
e) não
alteraria em nada a vida do casal, já que não haveria como fazer os dois
esquecerem a criança doada.
GABARITO
1- C
2- E
3- A
4- B
5- C
6- E
7- A
8- B
9- C
10- A
11- D
12- C
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