SIMULADO CICLO
01- LINGUAGENS –
1. (Ufsm
2014) Padre Antônio Vieira, em seu Sermão de
Santo Antônio ou dos Peixes, vale-se da fauna aquática, especialmente a da
costa brasileira, para dar força e vida às suas palavras, como se vê no
fragmento a seguir.
Outra
coisa muito geral, que não tanto me desedifica, quanto me lastima, em muitos de
vós, é aquela tão notável ignorância e cegueira que em todas as viagens
experimentam os que navegam para estas partes. Tome um homem do mar um anzol,
ata-lhe um pedaço de pano cortado e aberto em duas ou três pontas, lança-o por
um cabo delgado até tocar na água, e em o vendo o peixe, arremete cego a ele e
fica preso e boqueando até que, assim suspenso no ar, ou lançado no convés,
acaba de morrer. Pode haver maior ignorância e mais rematada cegueira que esta?
Enganados por um retalho de pano, perder a vida?
Dir-me-eis
que o mesmo fazem os homens. Não vô-lo nego. Dá um exército batalha contra
outro exército, metem-se os homens pelas pontas dos piques, dos chuços e das
espadas, e por quê? Porque houve quem os engodou e lhes fez isca com dois
retalhos de pano. A vaidade entre os vícios é o pescador mais astuto e que mais
facilmente engana os homens. E que faz a vaidade? Põe por isca nas pontas
desses piques, desses chuços e dessas espadas dois retalhos de pano, ou branco,
que se chama hábito de Malta; ou verde, que se chama de Aviz; ou vermelho, que
se chama de Crista e de Santiago; e os
homens por chegarem a passar esse retalho de pano ao peito, não reparam em
tragar e engolir o ferro.
A partir da leitura do fragmento, assinale
verdadeira (V) ou falsa (F) em cada afirmativa a seguir.
( ) A referência aos peixes, no fragmento e
no sermão como um todo, deve-se ao “milagre da multiplicação dos peixes’,
realizado por Jesus Cristo, o que serve de ponto de partida para o texto de
Vieira.
( ) Por meio da analogia, Vieira compara como
os peixes são pescados e como os homens perdem-se, ambos vítimas de um engano.
( ) Os fatos narrados no fragmento
apresentam semelhanças com o enredo de uma fábula, no sentido de que seu
conteúdo é utilizado para ilustrar um princípio moral.
A sequência correta é
a) V – F – F. b) F – V – F. c) F – V – V. d) F – F – V. e) V – V – V.
2.O texto do Padre Antônio Vieira é um Sermão,
texto lido por padres durante a realização das missas. Apesar do caráter
religioso predominante, podemos reconhecer marcas específicas de uma tipologia
textual:
a) Presença de gradação de fatos próprios dos
textos dissertativos.
b) A parcialidade típica de textos descritivos que
afetam a imparcialidade dos textos.
c) A presença de comparações exageradas que
extrapolam o racionalismo e torna o texto lírico.
d) Percebe-se uma preocupação cultista em convencer
o ouvinte tipicamente dos textos dissertativos.
e) Há um jogo retórico que procura convencer o
ouvinte sobre o que é dito, característica que aproxima da dissertação-argumentativa.
3. Na frase “…os homens por chegarem a passar esse retalho de pano ao peito,...”, a preposição destacada apresenta um valor semântico de:
a) causa b)
conformidade c)concessão d) final e) conclusão
4. (Ufsm
2014) O poeta árcade Cláudio Manuel da Costa
valeu-se, em alguns momentos, da natureza brasileira para compor sua poesia,
fugindo, assim, pelo menos em parte, do convencionalismo neoclássico. A partir
dessa ideia, leia o poema a seguir.
LVIII
1Altas serras, 3que ao Céu estais
servindo
De muralhas, que o tempo não profana,
Se Gigantes não sois, que a forma humana
Em duras penhas foram confundindo;
Já sobre o vosso cume se está rindo
O 4Monarca da luz, que esta alma engana;
Pois na face, que ostenta, soberana,
O rosto de meu bem me vai fingindo.
Que alegre, que mimoso, que brilhante
Ele se me afigura! Ah qual efeito
Em minha alma se sente neste instante!
Mas ai! a que delírios me sujeito!
Se quando no Sol vejo o seu semblante,
Em vós descubro 2ó penhas o seu peito?
Acerca do poema, assinale a alternativa
INCORRETA.
a) O poema é um soneto composto de
versos decassílabos heroicos, com rima intercalada nos quartetos e cruzada nos
tercetos.
b) O eu lírico tem como
interlocutor de seu poema as “Altas serras” (ref. 1), às quais se dirige
diretamente também ao final, em “ó penhas” (ref. 2), caracterizando assim o uso
de apóstrofes.
c) O eu lírico emprega algumas
inversões sintáticas no poema, como em “[...] que ao Céu estais servindo! De
muralhas” (ref. 3), a que se chama de hipérbatos e que remetem mais ao estilo
barroco que ao árcade.
d) O eu lírico compara o Sol, a que
chama de “Monarca da luz” (ref. 4), ao rosto de sua amada, o que caracteriza
uma personificação.
e) Ao olhar o Sol sobre as serras,
o eu lírico enxerga uma imagem de sua amada, cujo peito seria composto então
pelas penhas, visão essa que enche sua alma de alegria.
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
Será porventura o estilo que hoje se usa nos
púlpitos? Um estilo tão empeçado¹, um estilo tão dificultoso, um estilo tão
afetado, um estilo tão encontrado toda a arte e a toda a natureza? Boa razão é
também essa. O estilo há de ser muito fácil e muito natural. Por isso Cristo
comparou o pregar ao semear, porque o semear é uma arte que tem mais de
natureza que de arte (...) Não
fez Deus o céu em xadrez de estrelas, como os pregadores fazem o sermão em
xadrez de palavras. Se uma parte está branco, da outra há de estar negro (...)
Como hão de ser as palavras? Como as estrelas. As estrelas são muito distintas
e muito claras. Assim há de ser o estilo da pregação, muito distinto e muito
claro.
(Sermão da
Sexagésima, Pe. Antonio Vieira)
¹empeçado: com obstáculo,
com empecilho.
5- No fragmento “Não fez Deus
o céu em xadrez de estrelas, como os
pregadores fazem o sermão em xadrez de palavras.O termo destacado apresenta um valor
semântico no contexto. Assinale a opção em que o termo em destaque apresenta o
mesmo significado.
a) Como era esperado, o barroco complicou a vida de todos.
b) Como ficou cominado, muitos foram às compras
c) Como você chegou aqui?
d) Ele não sabia como falar em público.
e) Os fiéis fazem tudo como se fosssem escolhidos para o céu.
6. (Espm 2014) A expressão que traduz a ideia de
rebuscamento no estilo é:
a) “púlpitos” b) “semear”
c) “céu” d) “xadrez
de palavras” e) “estrelas”
7. (Espm 2014) Assinale a incorreta sobre o
texto de Padre Vieira:
a) vale-se do estilo
conceptista do Barroco, voltando-se para a argumentação e raciocínio lógicos.
b) ataca duramente os
pregadores cultistas, devido ao estilo pomposo, de difícil acesso, e aos
exageros da ornamentação.
c) critica o sermão que
está preocupado com a suntuosidade linguística e estilística.
d) defende a pregação
que tenha naturalidade, clareza e distinção.
e) mostra que, seguindo
o exemplo de Cristo, pregar e semear afetam o estilo, porque ambas são
práticas da natureza.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Velho papel pode estar com os anos contados
Já imaginou, daqui a algumas
décadas, seu neto lhe perguntando o que era papel? Pois é, alguns pesquisadores
já estão trabalhando para que esse dia chegue logo.
A suposta ameaça 7à fibra
natural não é o desajeitado e-book, mas o papel eletrônico, uma 'folha' que
você carregaria dobrada no bolso.
Ela seria capaz de mostrar o jornal
do dia – com vídeos, fotos e notícias 8atualizadas –, o livro que
você estivesse lendo ou qualquer informação antes impressa. Tudo ali.
Desde os anos 70, está no ar a 5ideia
de papel eletrônico, mas as últimas novidades são de duas semanas atrás.
Cientistas holandeses anunciaram que estão perto de criar uma tela com 'quase
todas' as propriedades do papel: 3leveza, flexibilidade, 4clareza,
etc.
A novidade que deixa o invento um
pouco mais palpável está nos transistores. No papel do futuro, eles não serão
de 6silício, mas de plástico – que é maleável e barato.
Os holandeses dizem já ter um
protótipo que mostra imagens em movimento em uma tela de duas polegadas, ainda
que de qualidade 1'meia-boca'.
2Mas não vá celebrando o
fim do desmatamento e do peso na mochila. A expectativa é que um papel
eletrônico mais ou menos convincente apareça só daqui a cinco anos.
Folha de S. Paulo, 17 dez. 2001.
Folhateen, p. 10.
8. (G1 - ifce 2011) Em uma das opções, a
afirmação refere-se ao Barroco.
a) O homem se mostra feliz consigo
mesmo e se acha o centro do mundo.
b) As mensagens dos textos revelam
que o homem está angustiado e dividido entre o bem e o mal, a matéria e o
espírito.
c) O estilo era simples e, nos
textos, prevalecia a objetividade.
d) Os textos traziam mensagens de
otimismo e baseavam-se no princípio de “gozar a vida”.
e) Os escritores, embora vivessem
na cidade, recomendavam a vida no campo.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Texto IV
Lira XV
Eu, Marília, não fui
nenhum vaqueiro,
Fui honrado Pastor
da tua aldeia;
Vestia finas lãs, e
tinha sempre
A minha choça do
preciso cheia.
Tiraram-me o casal,
e o manso gado,
Nem tenho, a que me
encoste, um só cajado.
(...)
Se não tivermos lãs,
e peles finas,
Podem mui bem cobrir
as carnes nossas
As peles dos
cordeiros mal curtidas,
E os panos feitos
com as lãs mais grossas.
Mas ao menos será o
teu vestido
Por mãos do amor,
por minhas mãos cosido.
Nós iremos pescar na
quente sesta
Com canas, e com
cestos os peixinhos:
Nós iremos caçar nas
manhãs frias
Com a vara envisgada
os passarinhos.
Para nos divertir
faremos quanto
Reputa o varão
sábio, honesto e santo.
(...)
FONTE: GONZAGA, Tomás Antônio. Marília de Dirceu.
Rio de Janeiro: Ediouro, s/d.
Texto V
Amor de Índio
Tudo o que move é
sagrado
E remove as
montanhas
Com todo cuidado,
meu amor
(...)
Sim, todo amor é
sagrado
E o fruto do
trabalho
É mais que sagrado,
meu amor
A massa que faz o
pão
Vale a luz do seu
suor
Lembra que o sono é
sagrado
E alimenta de
horizontes
O tempo acordado de viver
No inverno te
proteger
No verão sair pra
pescar
No outono te
conhecer
Primavera poder
gostar
No estio me derreter
Pra na chuva dançar
e andar junto
O destino que se
cumpriu
De sentir seu calor
e ser tudo
FONTE: GUEDES, Beto & BASTOS, Ronaldo. In GUEDES,
Beto. Amor de Índio. EMI Music, 1978.
9. (G1 - cftmg 2010) São
temas presentes nos textos, EXCETO
a) bucolismo. b) amor idealizado. c) simplicidade existencial.
d) desprezo ao trabalho urbano. e) vida campestre
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO 10:
Neste mundo é mais rico, o que mais rapa:
Quem mais limpo se faz, tem mais carepa:
Com sua língua ao nobre o vil decepa:
O Velhaco maior sempre tem capa.
10. (Unifesp 2009) Nos versos, o eu lírico deixa evidente que:
a) Uma pessoa se
torna desprezível pela ação do nobre.
b) O honesto é
quem mais aparenta ser desonesto.
c) Geralmente a
riqueza decorre de ações ilícitas.
d) As injúrias,
em geral, eliminam as injustiças.
e) O vil e o
rico são vítimas de severas injustiças.
GABARITO
Resposta da questão 1: [C]
É correta a alternativa [C], pois apenas a primeira
proposição é falsa. Não existe nenhuma relação entre o “milagre da
multiplicação dos peixes” e a fauna aquática da costa do Brasil, que serve de
ponto de partida para o texto de Vieira.
Resposta da questão 2 [ E]
Resposta da questão 3[ a]
Resposta da questão 4: [E]
Todas as alternativas são corretas, exceto [E]. Ao
associar a imagem do sol ao rosto da sua amada (“O Monarca da luz, que esta
alma engana; /Pois na face, que ostenta, soberana, /O rosto de meu bem me vai
fingindo”), o eu lírico percebe que é vítima de ilusão, pois são as “penhas”
que metaforicamente representam a verdadeira essência da amada, que resiste aos
rogos do poeta. A figura feminina é retratada exterior e interiormente, através
de elementos da paisagem, no que ela parece ser e no que ela é verdadeiramente.
Resposta da questão
5 : e
Resposta da questão 6:
[D]
[D]
“Xadrez de palavras” está relacionado à ideia de
“rebuscamento no estilo” ao se estabelecer uma relação metafórica entre
“xadrez”, jogo de tabuleiro conhecido por sua dificuldade ao impor o uso da
lógica, e “rebuscamento”, associado à ideia de “requinte”.
Resposta da questão 7:
[E]
[E]
Padre Antônio Vieira é um autor barroco em cujos
textos predomina o estilo conceptista, uma vez que defende pontos de vista;
neste caso, defende que o pregar e o semear são ações que se assemelham tendo
em vista seu caráter “fácil e natural”.
Resposta da questão 8:
[B]
[B]
“Barroco” é o nome dado ao estilo artístico que floresceu
entre o final do século XVI e meados do século XVIII. No Brasil, iniciou-se nos
séculos XVII, a partir do ciclo do ouro. O
rebuscamento da arte barroca é reflexo do dilema em que vivia o homem do
seiscentismo (os anos de 1600). Daí as preferências por temas opostos: espírito
e matéria, perdão e pecado, bem e mal, céu e inferno. As temáticas do “carpe
diem” e “locus amoenus”, como se alude em d) e e), serão exploradas no
movimento artístico subsequente, o Arcadismo.
Resposta da questão 9:
[D]
[D]
O poema árcade de Tomás Antônio
Gonzaga e a música de Beto Guedes trazem a temática da beleza simples, natural
e do amor idealizado.
Apesar da valorização da vida
simples e bucólica, ambos os autores não fazem menção ao trabalho urbano.
Resposta da questão 10:
[C]
[C]