sábado, 22 de julho de 2017

SIMULADO LITERATURA

SIMULADO CICLO 01- LINGUAGENS – 
1. (Ufsm 2014)  Padre Antônio Vieira, em seu Sermão de Santo Antônio ou dos Peixes, vale-se da fauna aquática, especialmente a da costa brasileira, para dar força e vida às suas palavras, como se vê no fragmento a seguir.

            Outra coisa muito geral, que não tanto me desedifica, quanto me lastima, em muitos de vós, é aquela tão notável ignorância e cegueira que em todas as viagens experimentam os que navegam para estas partes. Tome um homem do mar um anzol, ata-lhe um pedaço de pano cortado e aberto em duas ou três pontas, lança-o por um cabo delgado até tocar na água, e em o vendo o peixe, arremete cego a ele e fica preso e boqueando até que, assim suspenso no ar, ou lançado no convés, acaba de morrer. Pode haver maior ignorância e mais rematada cegueira que esta? Enganados por um retalho de pano, perder a vida?
            Dir-me-eis que o mesmo fazem os homens. Não vô-lo nego. Dá um exército batalha contra outro exército, metem-se os homens pelas pontas dos piques, dos chuços e das espadas, e por quê? Porque houve quem os engodou e lhes fez isca com dois retalhos de pano. A vaidade entre os vícios é o pescador mais astuto e que mais facilmente engana os homens. E que faz a vaidade? Põe por isca nas pontas desses piques, desses chuços e dessas espadas dois retalhos de pano, ou branco, que se chama hábito de Malta; ou verde, que se chama de Aviz; ou vermelho, que se chama de Crista e de Santiago; e os homens por chegarem a passar esse retalho de pano ao peito, não reparam em tragar e engolir o ferro.

A partir da leitura do fragmento, assinale verdadeira (V) ou falsa (F) em cada afirmativa a seguir.

(     ) A referência aos peixes, no fragmento e no sermão como um todo, deve-se ao “milagre da multiplicação dos peixes’, realizado por Jesus Cristo, o que serve de ponto de partida para o texto de Vieira.
(     ) Por meio da analogia, Vieira compara como os peixes são pescados e como os homens perdem-se, ambos vítimas de um engano.
(     ) Os fatos narrados no fragmento apresentam semelhanças com o enredo de uma fábula, no sentido de que seu conteúdo é utilizado para ilustrar um princípio moral.

A sequência correta é 

a) V – F – F.    b) F – V – F.    c) F – V – V.    d) F – F – V.    e) V – V – V.    

2.O texto do Padre Antônio Vieira é um Sermão, texto lido por padres durante a realização das missas. Apesar do caráter religioso predominante, podemos reconhecer marcas específicas de uma tipologia textual:
a) Presença de gradação de fatos próprios dos textos dissertativos.
b) A parcialidade típica de textos descritivos que afetam a imparcialidade dos textos.
c) A presença de comparações exageradas que extrapolam o racionalismo e torna o texto lírico.
d) Percebe-se uma preocupação cultista em convencer o ouvinte tipicamente dos textos dissertativos.
e) Há um jogo retórico que procura convencer o ouvinte sobre o que é dito, característica que aproxima da dissertação-argumentativa.

3. Na frase “…os homens por chegarem a passar esse retalho de pano ao peito,...”, a preposição destacada apresenta um valor semântico de:

a) causa           b) conformidade           c)concessão                d) final             e) conclusão
  
4. (Ufsm 2014)  O poeta árcade Cláudio Manuel da Costa valeu-se, em alguns momentos, da natureza brasileira para compor sua poesia, fugindo, assim, pelo menos em parte, do convencionalismo neoclássico. A partir dessa ideia, leia o poema a seguir.

LVIII

1Altas serras, 3que ao Céu estais servindo
De muralhas, que o tempo não profana,
Se Gigantes não sois, que a forma humana
Em duras penhas foram confundindo;

Já sobre o vosso cume se está rindo
O 4Monarca da luz, que esta alma engana;
Pois na face, que ostenta, soberana,
O rosto de meu bem me vai fingindo.

Que alegre, que mimoso, que brilhante
Ele se me afigura! Ah qual efeito
Em minha alma se sente neste instante!

Mas ai! a que delírios me sujeito!
Se quando no Sol vejo o seu semblante,
Em vós descubro 2ó penhas o seu peito?


Acerca do poema, assinale a alternativa INCORRETA. 
a) O poema é um soneto composto de versos decassílabos heroicos, com rima intercalada nos quartetos e cruzada nos tercetos.    
b) O eu lírico tem como interlocutor de seu poema as “Altas serras” (ref. 1), às quais se dirige diretamente também ao final, em “ó penhas” (ref. 2), caracterizando assim o uso de apóstrofes.    
c) O eu lírico emprega algumas inversões sintáticas no poema, como em “[...] que ao Céu estais servindo! De muralhas” (ref. 3), a que se chama de hipérbatos e que remetem mais ao estilo barroco que ao árcade.    
d) O eu lírico compara o Sol, a que chama de “Monarca da luz” (ref. 4), ao rosto de sua amada, o que caracteriza uma personificação.    
e) Ao olhar o Sol sobre as serras, o eu lírico enxerga uma imagem de sua amada, cujo peito seria composto então pelas penhas, visão essa que enche sua alma de alegria.    

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
Será porventura o estilo que hoje se usa nos púlpitos? Um estilo tão empeçado¹, um estilo tão dificultoso, um estilo tão afeta­do, um estilo tão encontrado toda a arte e a toda a natureza? Boa razão é também essa. O estilo há de ser muito fácil e muito natu­ral. Por isso Cristo comparou o pregar ao semear, porque o semear é uma arte que tem mais de natureza que de arte (...) Não fez Deus o céu em xadrez de estrelas, como os pregadores fazem o sermão em xadrez de palavras. Se uma parte está branco, da outra há de estar negro (...) Como hão de ser as palavras? Como as estrelas. As estre­las são muito distintas e muito claras. Assim há de ser o estilo da pregação, muito distin­to e muito claro.

(Sermão da Sexagésima, Pe. Antonio Vieira)

¹empeçado: com obstáculo, com empecilho. 

5- No fragmento “Não fez Deus o céu em xadrez de estrelas, como os pregadores fazem o sermão em xadrez de palavras.O termo destacado apresenta um valor semântico no contexto. Assinale a opção em que o termo em destaque apresenta o mesmo significado.

a) Como era esperado, o barroco complicou a vida de todos.
b) Como ficou cominado, muitos foram às compras
c) Como você chegou aqui?
d) Ele não sabia como falar em público.
e) Os fiéis fazem tudo como se fosssem escolhidos para o céu.





6. (Espm 2014)  A expressão que traduz a ideia de rebusca­mento no estilo é: 

a) “púlpitos”    b) “semear”    c) “céu”    d) “xadrez de palavras”    e) “estrelas”   
  
7. (Espm 2014)  Assinale a incorreta sobre o texto de Padre Vieira:  

a) vale-se do estilo conceptista do Barroco, voltando-se para a argumentação e racio­cínio lógicos.    
b) ataca duramente os pregadores cultistas, devido ao estilo pomposo, de difícil aces­so, e aos exageros da ornamentação.    
c) critica o sermão que está preocupado com a suntuosidade linguística e estilís­tica.    
d) defende a pregação que tenha naturalida­de, clareza e distinção.    
e) mostra que, seguindo o exemplo de Cris­to, pregar e semear afetam o estilo, por­que ambas são práticas da natureza.   

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Velho papel pode estar com os anos contados

            Já imaginou, daqui a algumas décadas, seu neto lhe perguntando o que era papel? Pois é, alguns pesquisadores já estão trabalhando para que esse dia chegue logo.
            A suposta ameaça 7à fibra natural não é o desajeitado e-book, mas o papel eletrônico, uma 'folha' que você carregaria dobrada no bolso.
            Ela seria capaz de mostrar o jornal do dia – com vídeos, fotos e notícias 8atualizadas –, o livro que você estivesse lendo ou qualquer informação antes impressa. Tudo ali.
            Desde os anos 70, está no ar a 5ideia de papel eletrônico, mas as últimas novidades são de duas semanas atrás. Cientistas holandeses anunciaram que estão perto de criar uma tela com 'quase todas' as propriedades do papel: 3leveza, flexibilidade, 4clareza, etc.
            A novidade que deixa o invento um pouco mais palpável está nos transistores. No papel do futuro, eles não serão de 6silício, mas de plástico – que é maleável e barato.
            Os holandeses dizem já ter um protótipo que mostra imagens em movimento em uma tela de duas polegadas, ainda que de qualidade 1'meia-boca'.
            2Mas não vá celebrando o fim do desmatamento e do peso na mochila. A expectativa é que um papel eletrônico mais ou menos convincente apareça só daqui a cinco anos.

Folha de S. Paulo, 17 dez. 2001.
Folhateen, p. 10.


8. (G1 - ifce 2011)  Em uma das opções, a afirmação refere-se ao Barroco.

a) O homem se mostra feliz consigo mesmo e se acha o centro do mundo.   
b) As mensagens dos textos revelam que o homem está angustiado e dividido entre o bem e o mal, a matéria e o espírito.   
c) O estilo era simples e, nos textos, prevalecia a objetividade.   
d) Os textos traziam mensagens de otimismo e baseavam-se no princípio de “gozar a vida”.   
e) Os escritores, embora vivessem na cidade, recomendavam a vida no campo.   

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Texto IV

Lira XV

Eu, Marília, não fui nenhum vaqueiro,
Fui honrado Pastor da tua aldeia;
Vestia finas lãs, e tinha sempre
A minha choça do preciso cheia.
Tiraram-me o casal, e o manso gado,
Nem tenho, a que me encoste, um só cajado.

(...)

Se não tivermos lãs, e peles finas,
Podem mui bem cobrir as carnes nossas
As peles dos cordeiros mal curtidas,
E os panos feitos com as lãs mais grossas.
Mas ao menos será o teu vestido
Por mãos do amor, por minhas mãos cosido.

Nós iremos pescar na quente sesta
Com canas, e com cestos os peixinhos:
Nós iremos caçar nas manhãs frias
Com a vara envisgada os passarinhos.
Para nos divertir faremos quanto
Reputa o varão sábio, honesto e santo.

(...)
FONTE: GONZAGA, Tomás Antônio. Marília de Dirceu. Rio de Janeiro: Ediouro, s/d.

Texto V

Amor de Índio

Tudo o que move é sagrado
E remove as montanhas
Com todo cuidado, meu amor

(...)

Sim, todo amor é sagrado
E o fruto do trabalho
É mais que sagrado, meu amor
A massa que faz o pão
Vale a luz do seu suor
Lembra que o sono é sagrado
E alimenta de horizontes
O tempo acordado de viver

No inverno te proteger
No verão sair pra pescar
No outono te conhecer
Primavera poder gostar
No estio me derreter
Pra na chuva dançar e andar junto
O destino que se cumpriu
De sentir seu calor e ser tudo

FONTE: GUEDES, Beto & BASTOS, Ronaldo. In GUEDES, Beto. Amor de Índio. EMI Music, 1978.


9. (G1 - cftmg 2010)  São temas presentes nos textos, EXCETO

a) bucolismo.   b) amor idealizado.   c) simplicidade existencial.   
d) desprezo ao trabalho urbano.       e) vida campestre


TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO 10:
Neste mundo é mais rico, o que mais rapa:
Quem mais limpo se faz, tem mais carepa:
Com sua língua ao nobre o vil decepa:
O Velhaco maior sempre tem capa.


10. (Unifesp 2009)  Nos versos, o eu lírico deixa evidente que:
a) Uma pessoa se torna desprezível pela ação do nobre.   
b) O honesto é quem mais aparenta ser desonesto.   
c) Geralmente a riqueza decorre de ações ilícitas.   
d) As injúrias, em geral, eliminam as injustiças.   
e) O vil e o rico são vítimas de severas injustiças.   



GABARITO
Resposta da questão 1: [C]

É correta a alternativa [C], pois apenas a primeira proposição é falsa. Não existe nenhuma relação entre o “milagre da multiplicação dos peixes” e a fauna aquática da costa do Brasil, que serve de ponto de partida para o texto de Vieira.   

Resposta da questão 2 [ E]

Resposta da questão 3[ a]

Resposta da questão 4: [E]

Todas as alternativas são corretas, exceto [E]. Ao associar a imagem do sol ao rosto da sua amada (“O Monarca da luz, que esta alma engana; /Pois na face, que ostenta, soberana, /O rosto de meu bem me vai fingindo”), o eu lírico percebe que é vítima de ilusão, pois são as “penhas” que metaforicamente representam a verdadeira essência da amada, que resiste aos rogos do poeta. A figura feminina é retratada exterior e interiormente, através de elementos da paisagem, no que ela parece ser e no que ela é verdadeiramente.  

Resposta da questão 5 : e

Resposta da questão 6:
 [D]

“Xadrez de palavras” está relacionado à ideia de “rebuscamento no estilo” ao se estabelecer uma relação metafórica entre “xadrez”, jogo de tabuleiro conhecido por sua dificuldade ao impor o uso da lógica, e “rebuscamento”, associado à ideia de “requinte”.  

Resposta da questão 7:
 [E]

Padre Antônio Vieira é um autor barroco em cujos textos predomina o estilo conceptista, uma vez que defende pontos de vista; neste caso, defende que o pregar e o semear são ações que se assemelham tendo em vista seu caráter “fácil e natural”.  

Resposta da questão 8:
 [B]

“Barroco” é o nome dado ao estilo artístico que floresceu entre o final do século XVI e meados do século XVIII. No Brasil, iniciou-se nos séculos XVII, a partir do ciclo do ouro. O rebuscamento da arte barroca é reflexo do dilema em que vivia o homem do seiscentismo (os anos de 1600). Daí as preferências por temas opostos: espírito e matéria, perdão e pecado, bem e mal, céu e inferno. As temáticas do “carpe diem” e “locus amoenus”, como se alude em d) e e), serão exploradas no movimento artístico subsequente, o Arcadismo.  

Resposta da questão 9:
 [D]

O poema árcade de Tomás Antônio Gonzaga e a música de Beto Guedes trazem a temática da beleza simples, natural e do amor idealizado.
Apesar da valorização da vida simples e bucólica, ambos os autores não fazem menção ao trabalho urbano.  


Resposta da questão 10:
 [C]  

SIMULADO- LP


1. (Insper 2014)  Supremo blá-blá-blá

Abraham Lincoln levou pouco mais de dois minutos para pronunciar o discurso de Gettysburg (1863), às vezes considerado a maior peça de oratória em todos os tempos. Ninguém esperaria encontrar tamanho talento para a concisão no Supremo Tribunal Federal brasileiro, mas o contraste ressalta que falar muito não significa ter muito a dizer.
Os maus hábitos da linguagem empolada e da expressão prolixa continuam a prosperar no Judiciário; no Supremo, ainda mais em julgamento momentoso como o do mensalão, chegam ao apogeu. Nem mesmo certas vulgaridades, salpicadas por alguns dos advogados da defesa, alteraram a sensação do leigo de assistir a um espetáculo obscuro e bizantino.
Não há dúvida de que a Justiça deve examinar cada aspecto com cuidado, nem de que muitos aspectos são alvo de controvérsia. Ainda assim, será necessária tamanha verbosidade, reflexo, aliás, da extensão interminável dos autos, a versão escrita de cada processo?
(...)

(http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/61784-supremo-bla-bla-bla.shtml)


No primeiro parágrafo, o autor optou por apresentar a ideia principal do texto,
a) aproximando-a por semelhança com um fato histórico.   
b) intercalando-a com uma citação de Abraham Lincoln.   
c) explorando uma relação de oposição.   
d) apresentando um questionamento sobre o tema.   
e) considerando perspectivas complementares sobre o mesmo tema.   

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Superman: 75 anos

4Não era um pássaro nem um avião. 5O verdadeiro Superman era um pacato contador passando férias num 1resort ao norte de Nova York.
Joe Shuster, um dos criadores do personagem, junto com Jerry Siegel, descansava na colônia de férias quando encontrou Stanley Weiss, jovem de rosto quadrado e porte atlético, que ele julgou ser a encarnação do herói. 6Lá mesmo, pediu para desenhar o moço que serviria de modelo para os quadrinhos dali em diante. Só neste ano, esses desenhos estão vindo à tona nos E.U.A., como parte das atividades comemorativas dos 75 anos do personagem.
Embora tenha mantido a aparência de rapagão musculoso, Superman não foi o mesmo ao longo dos anos. 7Nos gibis, oscilou entre mais e menos sarado. Na TV, já foi mais rechonchudo, até reencarnar como o 2púbere Tom Welling, da série de TV “Smallville”.
9“Desde pequeno eu sabia que Superman não existia. Mas também sabia que meu pai era o verdadeiro Superman”, brincou David Weiss, filho do modelo do herói, em entrevista à Folha de São Paulo. 8Weiss cresceu comparando o rosto do pai ao desenho pendurado na sala de casa. Mas logo Joe Shuster, que foi seu principal desenhista, acabaria cedendo espaço para novos cartunistas, que adaptaram a figura aos fatos correntes.
“Essa mudança é o segredo do Superman. Cada época precisa de um herói só seu, e ele sempre pareceu ser o cara certo”, diz Larry Tye, considerado o maior estudioso do personagem. “Nos anos 1930, ele tiraria a América da Grande Depressão. Nos anos 1940, era duro com os nazistas. Nos anos 1950, lutou contra a onda vermelha do comunismo.”E foi mudando de cara de acordo com a função.
Invenção dos judeus Jerry Siegel e Joe Shuster, Superman também é visto como um paralelo da história de Moisés, a criança exilada que cresce numa terra estrangeira e depois se apresenta como um salvador. A aparência é um misto do também personagem bíblico Sansão, do deus grego Hércules e de acrobatas de circo. Mas há quem atribua, até hoje, a dualidade do personagem, que se alterna entre o 3nerd indefeso, tímido e de vista fraca (como Joe Shuster) e um super-herói possante, à origem judaica dos seus criadores.
“É o estereótipo judeu do homem fraco, tímido e intelectual que depois se revela um grande herói”, diz Harry Brod, autor do e-book Superman Is Jewish? (Superman é judeu?), lançado nos E.U.A. em novembro passado. “Ele é a versão moderna de Moisés: um bebê de Krypton enviado à Terra, que desenvolve superpoderes para salvar o seu povo.”
Segundo Brod, a analogia é tão nítida que os nazistas chegaram a discutir a suposta relação em revistas de circulação interna do regime. Mas, para ele, Hollywood e o tempo suavizaram o paralelo, transformando Superman numa releitura de Jesus Cristo. “Sua figura foi se tornando mais cristã com o tempo”, diz Brod. ”Não importa a religião. A ideia de um fracote que se torna um herói não deixa de ser uma fantasia universal.”

Silas Martí
Adaptado de folha.uol.com.br, 03/03/2013

1resort − hotel com área de recreação
2púbere − adolescente
3nerd − pessoa muito estudiosa


2. (Uerj 2014)  O autor do texto recorre a depoimentos e falas de entrevistados, o que confere credibilidade à reportagem.
Essa credibilidade se deve à seguinte característica dos entrevistados:
a) têm autoridade para tratar do assunto   
b) revelam verdades para impactar o público   
c) propõem maneiras para imortalizar o herói   
d) apresentam opiniões para expor contradições
e) demonstram insegurança sobre o tema   

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
Texto I

Barreira da língua

Cenário: um posto de saúde no interior do Maranhão.
– Buenos dias, señor, o que siente? – pergunta o médico.
– Tô com dor no bucho, comi uma tapioca reimosa, me deu um empachamento danado. Minha cabeça ficou pinicando, deu até um farnizim no juízo.
– Butcho? Tapiôka? Empatchamiento? Pinicón? Far new zeen???
O trecho acima é de uma piada que circula no Hospital das Clínicas de São Paulo sobre as dificuldades de comunicação que os médicos estrangeiros deverão enfrentar nos rincões do Brasil. (...)

(Claúdia Colucci, Folha de S. Paulo, 03/07/2013.)

Texto II

No texto "Barreira da língua", a jornalista Cláudia Collucci reproduz uma piada ouvida no Hospital das Clínicas, em São Paulo, para criticar a iniciativa do governo de abrir a possibilidade de que médicos estrangeiros venham a trabalhar no Brasil. Faltou dizer duas obviedades ululantes para qualquer brasileiro:
1) A maioria dos ilustres médicos que trabalham no Hospital das Clínicas teria tantas dificuldades quanto um estrangeiro para entender uma frase recheada de regionalismos completamente desconhecidos nas rodas das classes média e alta por onde circulam;
2) A quase totalidade deles não tem o menor interesse em mudar para uma comunidade carente, seja no interior do Maranhão, seja num vilarejo amazônico, e lá exercer sua profissão. (...)

(José Cláuver de Aguiar Júnior, “Painel do leitor”, Folha de S. Paulo, 04/07/2013)


3. (Insper 2014)  A frase inicial da piada apresentada no Texto I, atribuída a um fictício médico estrangeiro que teria vindo trabalhar no Brasil, permite inferir que esse profissional
a) só pode ter vindo ou de Cuba ou de outro país da América Latina.   
b) é falante nativo da língua portuguesa, embora não brasileiro.   
c) certamente é brasileiro, mas formou-se fora do Brasil.   
d) só pode ter vindo de um país de origem germânica.   
e) é falante ou tem conhecimentos da língua espanhola.   
  
4. (Insper 2014)  De acordo com o Texto II, os regionalismos usados na piada transcrita no Texto I
a) seriam de difícil compreensão para qualquer brasileiro.   
b) demonstram variações geográficas e sociais do idioma.   
c) são imprecisos, pois são usados apenas em comunidades carentes.   
d) dificultam a comunicação apenas entre brasileiros e estrangeiros.   
e) indicam que o português é falado do mesmo modo em qualquer lugar.   

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES:
No mundo dos animais

As relações entre os humanos e as demais espécies viventes têm merecido a atenção de escritores, artistas e intelectuais. Essas relações, que não primam pela ética, são o objeto de estudo da professora e escritora mineira Maria Esther Maciel.

Quando os estudos sobre ‘animais e literatura’ passaram a ser feitos de modo sistemático no Brasil?
Maria Esther Maciel: Só recentemente; antes, havia trabalhos esparsos. Além disso, a abordagem se circunscrevia à visão do animal como símbolo, metáfora ou alegoria do humano, mais restrita à análise textual. Hoje, percebe-se uma ampliação desse enfoque, que deixa os limites do texto literário para ganhar um viés transdisciplinar, em diálogo com a filosofia, biologia, antropologia, psicologia. Aliás, esse entrelaçamento de saberes em torno da questão animal cresceu em várias partes do mundo, propiciando a difusão de um novo campo de investigação crítica denominado 'estudos animais'. A literatura tem conquistado espaço importante nesse campo, graças sobretudo a escritores/pensadores como John M. Coetzee, John Berger e Jacques Derrida, que souberam aliar, de modo criativo, literatura, ética e política no trato da questão animal.

Como a senhora explica esse interesse crescente pelo tema?
Há um conjunto de fatores. Impossível não considerar as preocupações de ordem ecológica, que movem a sociedade contemporânea. Há também uma tomada de consciência mais explícita por parte de escritores, artistas e intelectuais dos problemas éticos que envolvem nossa relação com os animais e com o próprio conceito de humano. Além disso, a noção de espécie e a divisão hierárquica dos viventes têm provocado discussões ético-políticas relevantes, que acabam por contaminar as artes e a literatura. A isso se soma a tentativa, por parte dos humanos, de recuperar sua própria animalidade, que por muito tempo foi reprimida em nome da razão e do antropocentrismo.

Por que é importante para a humanidade refletir sobre a animalidade?
Ao refletir sobre a animalidade, a humanidade pode repensar o próprio conceito de humano e reconfigurar a noção de vida. Por muito tempo, nosso lado animal foi recalcado em nome da razão e de outros atributos tidos como próprios do homem. Quem ler os tratados de filosofia e teologia escritos ao longo dos séculos verá que a definição de humano e humanidade se forjou à custa da negação da animalidade humana e da exclusão/marginalização dos demais seres que compartilham conosco o que chamamos de vida. Acho que os humanos precisam se reconhecer animais para se tornarem verdadeiramente humanos.

É possível identificar modos diferentes de ‘explorar’ a figura do animal na produção literária?
Na literatura brasileira, podemos falar de três momentos incisivos. No primeiro, está Machado de Assis, que escreveu no auge do racionalismo cientificista do século 19, quando os princípios cartesianos já tinham legitimado no Ocidente a cisão entre humanos e não humanos, e os animais eram vistos como máquinas. No século 20, a partir dos anos 30, autores como Graciliano Ramos, João Alphonsus, Guimarães Rosa e Clarice Lispector marcam um novo momento, ao lidar, cada um a seu modo, com as relações entre homens e animais sob um enfoque libertário, manifestando cumplicidade com esses outros viventes e a recusa da violência contra humanos e não humanos. Já os escritores do final do século 20 e início do 21 lidam com a questão dos animais sob o peso de uma realidade marcada por catástrofes ambientais, extinção de espécies, experiências biotecnológicas, expansão das granjas e fazendas industriais etc.

Como a senhora vê o futuro dos animais?
Pelo jeito como as coisas andam, preocupo-me com a possibilidade de os animais livres desaparecerem da face da Terra. Ficariam apenas os bichos criados em reservas e cativeiros, os expostos em zoológicos, os ‘produzidos’ em granjas e fazendas industriais para viver uma vida infernal e morrer logo depois, além dos animais domésticos, adestrados e humanizados ao extremo.
Há quem diga que até mesmo estes estão fadados a desaparecer, dando lugar a animais-robôs, que já existem no Japão.
A humanidade tem destruído florestas, dizimado povos indígenas, exterminado espécies animais. Apesar da preocupação de ativistas com o destino do planeta, falta empenho político dos governos para frear essa destruição generalizada.
Minha utopia é que a humanidade possa um dia fazer mea-culpa em relação aos crimes já cometidos contra os índios, os animais, a natureza. Mas, pelo que vejo, essa questão continuará a ser um grande desafio ético e político para a nossa civilização.

Seus estudos sobre animalidade a influenciaram em seu modo de vida?
Não consigo desvincular o trabalho do meu modo de vida. Se cheguei ao tema dos animais, foi por causa do meu apreço por eles. Há anos não como carne, por causa da memória do tempo em que passava temporadas na fazenda do meu pai, no interior de Minas Gerais. Vivia perto de vacas, porcos, aves, cavalos, cachorros. Toda vez que via carne de vaca na mesa, me lembrava do olhar bovino. Já a visão da carne de porco me trazia a imagem dos porquinhos espertos e afetuosos com que eu brincava. Foi assim também com as aves, os coelhos e outros bichos. Como fui sempre muito tocada pelo olhar animal, decidi não comê-los mais. Ainda mantive peixes e frutos do mar, mas deixei de comer várias espécies ao saber de seus hábitos. Recuso também ovos de granja, em repúdio à situação absurda das aves nos espaços de confinamento das fazendas industriais. Meu projeto de vida, certamente influenciado por meus estudos, é parar de consumir também carne de peixe. Chegarei lá.

MACIEL, Maria Esther. No mundo dos animais. Entrevista a Roberto B. de Carvalho. Ciência Hoje, 21 nov. 2012. Disponível em <http://cienciahoje.uol.com.br>. Acesso em: 05 nov. 2013 (Texto Adaptado).


5. (Cefet MG 2014)  A passagem do texto que possui carácter opinativo é
a) “A isso se soma a tentativa, por parte dos humanos, de recuperar sua própria animalidade...”   
b) “Meu projeto de vida, certamente influenciado por meus estudos, é parar de consumir também carne de peixe.”   
c) “Não consigo desvincular o trabalho do meu modo de vida. Se cheguei ao tema dos animais, foi por causa do meu apreço por eles.”   
d) “Apesar da preocupação de ativistas com o destino do planeta, falta empenho político dos governos para frear essa destruição generalizada.”   
e) “A literatura tem conquistado espaço importante nesse campo, graças sobretudo a escritores/pensadores como John M. Coetzee,John Berger e Jacques Derrida...”   
  
6. (Cefet MG 2014)  Entre os vocábulos extraídos do texto, aquele no qual a sílaba “re” funciona como um prefixo que traduz ideia de repetição é
a) “recusa”.   
b) “refletir”.   
c) “recuperar”.   
d) “relevantes”.   
e) “reconfigurar”.   
  
7. (Cefet MG 2014)  Em seu conjunto, as perguntas feitas pelo entrevistador têm como principal objetivo levar a entrevistada a
a) defender medidas de proteção às diferentes espécies vivas.   
b) revelar reminiscências de seu convívio com animais domésticos.   
c) discorrer sobre as relações da Literatura com outras disciplinas.   
d) descrever as fases em que se divide a produção literária brasileira.   
e) divulgar informações sobre um novo campo de investigação crítica.   

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES:
Leia o texto abaixo para responder às questões.

            27Aumenta o número de adultos que não consegue focar sua atenção em uma única coisa por muito tempo. 37São tantos os estímulos e tanta a pressão para que o entorno seja completamente desvendado que aprendemos a ver e/ou fazer várias coisas ao mesmo tempo. 34Nós nos tornamos, à semelhança dos computadores, pessoas multitarefa, não é verdade?
            41Vamos tomar como exemplo uma pessoa dirigindo. 4Ela precisa estar atenta aos veículos que vêm atrás, ao lado e à frente, à velocidade média dos carros por onde trafega, às orientações do GPS ou de programas que sinalizam o trânsito em tempo real, 6às informações de 29alguma emissora de rádio que comenta o trânsito, ao planejamento mental feito e refeito 9várias vezes do trajeto 20que deve fazer para chegar ao seu destino, aos semáforos, faixas de pedestres etc.
            35Quando me vejo em tal situação, 19eu me lembro que 14dirigir, 45após um dia de intenso trabalho no retorno para casa, já foi uma atividade prazerosa e desestressante.
            18O uso da internet ajudou a transformar nossa maneira de olhar para o mundo. Não 23mais observamos os detalhes, 1por causa de nossa ganância em relação a novas e diferentes informações. Quantas vezes sentei em frente ao computador 44para buscar textos sobre um tema 38e, de repente, 24me dei conta de que estava em 39temas 15que em nada se relacionavam com meu tema primeiro.
            Aliás, a leitura também sofreu transformações pelo nosso costume de ler na internet. 16Sofremos de uma tentação permanente de 43pular palavras e frases inteiras, apenas para irmos direto ao ponto. O problema é que 22alguns textos exigem a leitura atenta de palavra por palavra, de frase por frase, para que faça sentido. 5Aliás, não é a combinação e a sucessão das palavras que dá sentido e beleza a um texto?
            3Se está difícil para nós, adultos, focar nossa atenção, imagine, caro leitor, para as crianças. 2Elas já nasceram neste mundo de 8profusão de estímulos de todos os tipos; elas são exigidas, desde o início da vida, a dar conta de várias coisas ao mesmo tempo; elas são estimuladas com diferentes objetos, sons, imagens etc.
            46Aí, um belo dia elas vão para a escola. Professores e pais, a partir de então, querem que as crianças prestem atenção em uma única coisa por muito tempo. 36E quando elas não conseguem, reclamamos, levamos ao médico, arriscamos hipóteses de que sejam portadoras de síndromes que exigem tratamento etc.
            42A maioria dessas crianças sabe focar sua atenção, sim. Elas já sabem usar programas complexos em seus aparelhos eletrônicos, 10brincam com jogos desafiantes que exigem atenção constante aos detalhes e, se deixarmos, 21passam horas em uma única atividade de que gostam.
            17Mas, nos estudos, queremos que elas prestem 26atenção no que é preciso, e não no que gostam. 28E isso, caro leitor, exige a árdua aprendizagem da autodisciplina. Que leva tempo, é bom lembrar.
            32As crianças precisam de nós, pais e professores, para começar a aprender isso. Aliás, 31boa parte desse trabalho é nosso, e não delas.
            12Não basta mandarmos que elas prestem atenção: 33isso de nada as ajuda. 13O que pode ajudar, por exemplo, é 40analisarmos o contexto em que estão 7quando precisam focar a atenção 25e organizá-lo para que seja favorável a tal exigência. 11E é preciso lembrar que não se pode esperar toda a atenção delas por muito tempo: 30o ensino desse quesito no mundo de hoje é um processo lento e gradual.

SAYÃO, Rosely. “Profusão de estímulos”. Folha de São Paulo, 11 fev. 2014 – adaptado.


8. (G1 - col.naval 2014)  De acordo com o texto, é correto afirmar que:
a) acidentes de trânsito ocorrem devido ao excesso de estímulos nas ruas.   
b) o uso da internet em vez de livros impressos prejudicou a compreensão da leitura de textos.   
c) o foco da atenção das crianças está naquilo de que gostam e têm interesse, mas nem sempre no que é necessário.   
d) adultos que não conseguem focar a atenção em uma única coisa foram crianças que não tiveram estímulos desde o início da vida.   
e) crianças e adultos apresentam deficiência de atenção porque pertencem a gerações diferentes.   
  
9. (G1 - col.naval 2014)  Sobre a construção do texto, é correto afirmar que
a) o sétimo parágrafo apresenta exemplos de pais e professores que ajudam as crianças a focar a atenção nos estudos.   
b) o quarto parágrafo apresenta a ideia de que as inúmeras informações ajudam na concentração do foco de atenção.   
c) o último parágrafo reforça a falta de atenção de adultos e crianças em focar uma única coisa.   
d) o oitavo parágrafo analisa que a maioria das crianças não consegue realmente focar a atenção por causa dos jogos eletrônicos.   
e) o segundo parágrafo apresenta a ideia de que o foco de atenção é mantido, apesar de vários detalhes que precisam do cuidado do condutor.    
  
10. (G1 - col.naval 2014)  Qual é a opção que explicita uma ideia defendida no texto?
a) Pais e professores devem motivar as crianças a se interessarem pelas coisas de que gostam.   
b) Com a profusão de estímulos a que estão sujeitas, as crianças tornam-se criteriosas e autodisciplinadas.   
c) Pessoas multitarefa são comparadas a computadores por serem capazes de executar as atividades de forma seletiva.   
d) O uso da internet torna as pessoas mais detalhistas e concentradas em diferentes atividades ao mesmo tempo.   
e) Há um contraste entre o que a escola exige da criança e a forma como esta foi estimulada a se comportar desde o início da vida.   






























Gabarito: 

Resposta da questão 1:
 [C]

Resposta da questão 2:
 [A]

Resposta da questão 3:
 [E]

Resposta da questão 4:
 [B]

Resposta da questão 5:
 [D]

Resposta da questão 6:
 [E]

Resposta da questão 7:
 [E]

Resposta da questão 8:
 [C]

Resposta da questão 9:
 [E]


Resposta da questão 10:
 [E]