terça-feira, 28 de março de 2017

Vanguardas europeias



TESTE DE LP -TREINAMENTO

TEXTO

"Não digo que já lhe coubesse a primazia da beleza, entre as mocinhas do tempo, PORQUE isto não é romance, em que o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas; MAS também não digo que lhe maculasse o rosto nenhuma sarda ou espinha, não."

1-No período anterior, PORQUE e MAS introduzem, respectivamente, as idéias de
a) causa e conclusão.
b) explicação e oposição.
c) conseqüência e oposição.
d) oposição e alternância.
e) conclusão e conseqüência.


2-A relação semântica expressa pelo termo LOGO no verso "Não tenho, LOGO, mais que desejar" ocorre igualmente em:
a) Não se lembrou de ter um retrato do menino. E LOGO o retrato que tanto desejara.
b) Acendia, tão LOGO anoitecia, um candeeiro de querosene.
c) É um ser humano, LOGO merece nosso respeito.
d) E era LOGO ele que chegava a esta conclusão.
e) Adoeceu, e LOGO naquele mês, quando estava cheio de compromissos.

TEXTO
"Foi um técnico de sucesso mas nunca conseguiu uma reputação no campo à altura da sua reputação de vestiário."

3-Começando a frase por
         "Nunca conseguiu uma reputação no campo à altura da sua reputação de vestiário", para manter a mesma relação lógica expressa na frase dada inicialmente deve-se continuar com:

a) enquanto foi...
b) na medida em que era...
c) ainda que tenha sido...
d) desde que fosse...
e) porquanto era...
        

4-Não, nós não somos VAGABUNDOS.

Assinale a alternativa em que a função sintática de "vagabundo" coincide com a do(s) termo(s) em destaque.
a) A ociosidade ensina muitas coisas PERNICIOSAS.
b) Cabeça vazia é OFICINA DO DIABO.
c) Tem como personagens Frank e Ernest, OS DESLEIXADOS E OPORTUNISTAS REPRESENTANTES DO HOMEM COMUM.
d) Paul Lafargue, UM FRANCO-CUBANO CASADO COM LAURA, foi pouco compreendido.
e) Escreveu "Direito à Preguiça", uma desnorteante e - SÓ NA APARÊNCIA - paradoxal análise da alienação.


5- Assinale a opção que traz corretas classificações do sujeito e da predicação verbal.
a) "Houve... uma considerável quantidade" - sujeito inexistente; verbo transitivo direto.
b) "que jamais hão-de ver país como este" - sujeito indeterminado; verbo transitivo indireto.
c) "mas reflete a pulsação da inenarrável história de cada um" - sujeito simples; verbo transitivo direto e indireto.
d) "que se recebe em herança" - sujeito indeterminado; verbo transitivo indireto.
e) "a quem tutela" - sujeito simples; verbo intransitivo.

6-Entre as frases a seguir somente UMA apresenta sujeito indeterminado. Assinale-a.
a) Há a marca da vida nas pessoas.
b) Não se necessita de lavadeira.
c) Vai um sujeito pela rua.
d) Não se engomou seu paletó.
e) Pede-se um pouco de paciência.
.
É possível que já tenha ouvido a música "Admirável chip novo", cuja letra apresentamos a seguir.

"Pane no sistema, alguém me desconfigurou
Onde estão meus olhos de robô?
Eu não sabia, eu não tinha percebido
Eu sempre achei que era vivo
Parafuso e fluído em lugar de articulação
Até achava que aqui batia um coração
Nada é orgânico, é tudo programado
E eu achando que tinha me libertado.
Mas lá vêm eles novamente e eu sei o que vão fazer:
Reinstalar o sistema

Pense, fale, compre, beba
Leia, vote, não se esqueça
Use, seja, ouça, diga
Tenha, more, gaste e viva

Pense, fale, compre, beba
Leia, vote, não se esqueça
Use, seja, ouça, diga...

Não senhor, sim senhor, não senhor, sim senhor

Mas lá vêm eles novamente e eu sei o que vão fazer: reinstalar o sistema"
                                                                         (Pitty)



7- (UFPEL) Na letra, há referência a uma entidade não definida nominalizada por "eles". NÃO fazem parte de "eles":

a) As necessidades criadas ou estimuladas pela publicidade.
b) As ideias reproduzidas e cobradas pelas escolas.
c) Os instintos vitais que nos impõem determinadas necessidades.
d) Os dogmas apresentados pelas religiões.
e) As regras de convívio social.

8-(UFPEL) Analise as seguintes afirmações sobre a letra da música.

I. A música aborda a opressão do sistema sobre o indivíduo a partir da metáfora de um ser humano transformado em robô.
II. Os responsáveis pela manipulação do robô não oferecem espaço senão para o ser se libertar definitivamente dos ditames de nossa sociedade.
III. A propaganda opressora que visa ao consumo é apresentada com tintas mais carregadas do que aquela que meramente estimula o ser a determinadas ações. O que resulta disso é uma ideia de sufocação na música.
IV. A propaganda é tomada na letra em seu sentido mais amplo, não se restringindo apenas a produtos, mas também a atitudes, conceitos.

Estão CORRETAS apenas:
a) I e IV.
b) II e III.
c) I, II e III.
d) II, III e IV.
e) IV.

TEXTO
“Começa assim: "Muito antes de existir o Rio de Janeiro, hoje quatrocentão, existia o rio Carioca. Aquele ficou sendo rio por engano. O Carioca, esse já o era, havia séculos. Talvez por isso a contradança das coisas humanas fez do que não era rio um Rio para sempre, e do que o era de fato, ao nascer o outro, uma reles galeria de águas pluviais, quando o falso rio completa o seu quarto centenário. 'Das Caboclas' era também seu nome".”(Antônio Callado)

9-(UNIRIO)Assinale a opção que contém o nexo sintático que melhor estabeleceria a ligação entre "AQUELE FICOU SENDO RIO POR ENGANO" - e - "CARIOCA, ESSE JÁ O ERA, HAVIA SÉCULOS".
a) e
b) portanto
c) enquanto
d) se
e) logo

TEXTO

A FUGA

         “Mal colocou o papel na máquina, o menino começou a empurrar uma cadeira pela sala, fazendo um barulho infernal.
         - Pára com esse barulho, meu filho - falou, sem se voltar.
         Com três anos, já sabia reagir como homem ao impacto das grandes injustiças paternas: não estava fazendo barulho, só estava empurrando uma cadeira.(...)”



10- A palavra MAL pode  apresentar diversas morfologias.No primeiro parágrafo, a palavra é usada como conjunção.Indique o valor semântico expresso por ele no período:

a- Explicativo
b- Conclusivo
c- Causal
d- Temporal
e- consecutivo



PROVA DE PORTUGUÊS- TRANSPETRO- 2012

Science fiction

O marciano encontrou-me na rua
e teve medo de minha impossibilidade humana.
Como pode existir, pensou consigo, um ser
que no existir põe tamanha anulação de existência?

5 Afastou-se o marciano, e persegui-o.
  Precisava dele como de um testemunho.
  Mas, recusando o colóquio, desintegrou-se
  no ar constelado de problemas.

E fiquei só em mim, de mim ausente.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Science fiction. Poesia
e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1988, p. 330-331.


01. De acordo com a primeira estrofe do poema, o medo do marciano origina-se no fato de que (A) a aparência do homem em conflito consigo mesmo o apavora.
(B) as contradições existenciais do homem não lhe fazem sentido.
(C) o homem tinha atitudes de ameaça ao marciano.
(D) o homem e o marciano não teriam chance de travar qualquer tipo de interação.
(E) o encontro na rua foi casual, tendo o marciano se assustado com a aparência física do homem.

02. Já no título do texto (ficção científica, em  português), anuncia-se a possibilidade de utilizar termos correlatos a “espaço sideral”. É o que ocorre logo na 1a linha, com o uso da palavra marciano.
Outra palavra, empregada no texto, que apresenta relação com esse mesmo campo de significação, é
(A) impossibilidade (l. 2)
(B) anulação (l. 4)
(C) testemunho (l. 6)
(D) colóquio (l. 7)
(E) constelado (l. 8)

03. O elemento em destaque está grafado de acordo com a norma-padrão em:
(A) O marciano desintegrou-se por que era necessário.
(B) O marciano desintegrou-se porquê?
(C) Não se sabe por que o marciano se desintegrou.
(D) O marciano desintegrou-se, e não se sabe o porque.
(E) Por quê o marciano se desintegrou?

04. Num anúncio que contenha a frase “Vende-se filhotes de pedigree.”, para adequá-lo à norma-padrão, será necessário redigi-lo da seguinte forma:
(A) Vende-se filhotes que têm pedigree.
(B) Vende-se filhotes os quais tem pedigree.
(C) Vendem-se filhotes que tem pedigree.
(D) Vendem-se filhotes que têm pedigree.
(E) Vendem-se filhotes os quais tem pedigree.

05. A forma verbal em destaque está empregada de acordo com a norma-padrão em:
(A) O diretor foi trago ao auditório para uma reunião.
(B) O aluno foi suspendido por três dias pela direção da escola.
(C) O réu tinha sido isento da culpa, quando nova prova incriminatória o condenou.
(D) A autoridade havia extinto a lei, quando novo crime tornou a justificar o seu uso.
(E) Pedro já tinha pegado os ingressos na recepção, quando soube que o espetáculo fora cancelado.

06. Os alunos, em uma aula de Português, receberam como tarefa passar a frase abaixo para o plural e para o passado (pretérito perfeito e imperfeito), levando-se em conta a norma-padrão da língua.
Há opinião contrária à do diretor.
Acertaram a tarefa aqueles que escreveram:
(A) Houve opiniões contrárias às dos diretores / Havia opiniões contrárias às dos diretores.
(B) Houve opiniões contrárias à dos diretores / Haviam opiniões contrárias à dos diretores.
(C) Houveram opiniões contrárias à dos diretores / Haviam opiniões contrárias à dos diretores.
(D) Houveram opiniões contrárias às dos diretores / Haviam opiniões contrárias às dos diretores.
(E) Houveram opiniões contrárias às dos diretores / Havia opiniões contrárias às dos diretores.

07. A frase Compramos apostilas que nos serão úteis nos estudos está reescrita de acordo com a norma-padrão em:
(A) Compramos apostilas cujas nos serão úteis nos estudos.
(B) Compramos apostilas as cujas nos serão úteis nos estudos.
(C) Compramos apostilas a qual nos serão úteis nos estudos.
(D) Compramos apostilas as quais nos serão úteis nos estudos.
(E) Compramos apostilas às quais nos serão úteis nos estudos.

08. A palavra a, na língua portuguesa, pode ser grafada de três formas distintas entre si, sem que a pronúncia se altere: a, à, há. No entanto, significado e classe gramatical dessas palavras variam.
A frase abaixo deverá sofrer algumas alterações nas palavras em destaque para adequar-se à norma-padrão.
A muito tempo não vejo a parte da minha família a qual foi deixada de herança a fazenda a que todos devotavam grande afeto.
De acordo com a norma-padrão, a correção implicaria, respectivamente, esta sequência de palavras:
(A) A - a - à - há - à
(B) À - à - a - a - a
(C) Há - a - à - a - a
(D) Há - à - à - a - a
(E) Há - a - a - à - à

09. De acordo com a norma-padrão, há indeterminação do sujeito em:
(A) Olharam-se com cumplicidade.
(B) Barbearam-se todos antes da festa.
(C) Trata-se de resolver questões econômicas.
(D) Vendem-se artigos de qualidade naquela loja.
(E) Compra-se muita mercadoria em época de festas.

10. Ao escrever frases, que deveriam estar de acordo com a norma-padrão, um funcionário se equivocou constantemente na ortografia.
Ele só NÃO se enganou em:
(A) O homem foi acusado de estuprar várias vítimas.
(B) A belesa da duquesa era realmente de se admirar.
(C) Porque o sapato deslisou na lama, a mulher foi ao chão.
(D) Sem exitar, as crianças correram para os brinquedos do parque.
(E) Sem maiores pretenções, o time venceu o jogo e se classificou para a final.












  GABARITO


01.  B
02.  E
03.  C
04.  D
05.  E
66.  A
07.  D
08.  C
09.  C
010.  A


















domingo, 19 de março de 2017

IBMEC 2010 - COM GABARITO

O texto I é de autoria do grande poeta Manuel Bandeira, que foi o homenageado da sétima edição da Festa Literária Internacional de Paraty, no Rio de Janeiro (Flip), em julho de 2009.

TEXTO I

Poética

Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário

o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja
fora de si mesmo

De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante
exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes
maneiras de agradar às mulheres, etc.

Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare

— Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

1) O texto 1 é a realização do programa poético da geração de 22 (primeira fase). A poesia modernista, sobretudo desta fase (1922 a 1928):
A) utiliza-se de vocabulário sempre vago e ambíguo que apreenda estados de espírito subjetivos e
indefiníveis
B) faz uma síntese dos pressupostos poéticos que norteavam a linguagem parnasiano-simbolista
C) incentiva a pesquisa formal com base nas conquistas parnasianas, a ela anteriores
D) enriquece e dinamiza a linguagem, inspirando-se na sintaxe clássica
E) confere ao nível coloquial da fala brasileira a categoria de valor literário

2) Assinale a alternativa falsa sobre o poema acima:
A) No texto, a forma exterior contradiz o conteúdo que expressa
B) O texto retoma, radicalizando-a, a noção de poesia própria do Romantismo
C) Somente a libertação total do rigor das regras poéticas e da obediência a modelos permite a expressão do “profundo sentir”, segundo “Poética”
D) Os versos de Bandeira exprimem a reação ao exagero formal que esvaziara o conteúdo poético dos poemas
E) O significado desses versos se opõe à concepção de poesia da escola parnasiana

3) Nas alternativas abaixo, estão listadas 4 palavras/expressões seguidas de seus respectivos
significados, como usadas no texto.
I– averiguar -investigar
II – cunho vernáculo – vocabulário estrangeiro
III – capitula – enumera em capítulos
IV – pungente – comovente e penetrante

Sobre elas, podemos afirmar que:
A) somente I é verdadeira
B) somente II é verdadeira
C) somente III é verdadeira
D) apenas I e IV são verdadeiras
E) apenas I e III são verdadeiras

4) O uso do vocábulo “antes” no verso “Quero antes o lirismo dos loucos”:
A) indica tempo anterior
B) pressupõe a existência de um lugar anterior
C) sugere uma ação passada num tempo passado
D) é equivalente ao emprego de “nesse ínterim” e “nesse meio tempo”
E) remete à idéia de preferência

5) Qual das características presentes nas alternativas abaixo é mais clara no poema de Bandeira?
A) liberdade formal
B) originalidade linguística
C) crítica aos estilos do passado
D) procura de novos temas
E) tentativa de originalidade

6) Além da função poética, sempre presente na poesia, quais as outras funções de linguagem mais
predominantes no texto?
A) função apelativa, pois o emissor refere-se constantemente ao destinatário e referencial
B) função metalingüística, pois discute a própria linguagem utilizada pelo emissor e função emotiva
C) função referencial, pois a mensagem é centrada no contexto e o emissor procura fornecer informações da realidade e função fática
D) função fática, pois o canal é posto em destaque pelo emissor e função metalinguística
E) função emotiva, pois mensagem é centrada nas opiniões e emoções do emissor e função apelativa

7) As alternativas abaixo contem locuções preposicionadas retiradas do poema onde funcionam como adjuntos adnominais. Assinale aquela que possui função sintática diferente das demais:
A) “Estou farto do lirismo comedido”
B) “livro de ponto”
C) “manifestações de apreço”
D) “as sintaxes de exceção”
E) “O lirismo dos bêbedos”

8) Com base no texto, considere as afirmações abaixo:
I – O emprego do verso livre e a falta de uma pontuação mais rigorosa associam o poema a correntes de vanguarda
II – O vocábulo “barbarismos”, que aparece no poema, diz respeito a erros gramaticais de
pronúncia, grafia, de significação, estrangeirismos.
III – Nesse poema, Manuel Bandeira, ao mesmo tempo, propõe uma nova poética e critica a poesia tradicional
IV – Apenas nas estrofes 3 e 4 aparecem as críticas feitas pelo poeta
Assinale a opção verdadeira:
A) Somente as afirmações I e II estão corretas
B) Somente as afirmações II e III estão corretas
C) Somente as afirmações I, II e III estão corretas
D) Somente as afirmações I, III e IV estão corretas
E) Todas as afirmações estão corretas

9) O vocábulo “sobretudo” é utilizado diversas vezes no poema, nos versos: “Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais”, “Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção” e

“Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis”

Todas as alternativas abaixo substituem corretamente esse vocábulo da forma em que é usado no poema, exceto?

A) especialmente
B) principalmente
C) mormente
D) em cima de tudo
E) acima de tudo

10) Todas as afirmativas abaixo são verdadeiras sobre o poema acima, EXCETO:

A) já no título do poema, o autor retrata a sua visão do que é fazer poesia
B) a concepção do autor de lirismo para uma poesia moderna não deve prescindir do uso correto da língua
C) o autor mostra sua rejeição a modelos rígidos de correção técnica parnasiana
D) ao mesmo tempo em que propõe uma nova poética, ele a realiza na prática
E) publicado em 1930, esse poema é uma espécie de plataforma tardia da poesia modernista brasileira

TEXTO II

Os fragmentos de texto a seguir são de autoria de Joaquim Nabuco, abolicionista, político, fundador da Academia Brasileira de Letras e um dos mais ilustres homens públicos do Brasil. Ele era também escritor e mestre da arte da diplomacia. Festejam-se, em 2009, os 160 anos de seu nascimento.

A)
“Haverá indiferença mais criminosa do que a indiferença com que a classe única que dirige os destinos deste país desde que ele se fundou, tem assistido ao crescimento desamparado da nossa população, à promiscuidade de nosso povo, à miséria que se espalha por todo o país, à degradação dos nossos costumes, só se preocupando dos seus interesses de classe, de manter o jugo férreo dos seus monopólios desumanos e atentatórios da civilização universal.”

B)
“Já existe, felizmente, em nosso país, uma consciência nacional -em formação, é certo -que vai introduzindo o elemento da dignidade humana em nossa legislação, e para a qual a escravidão, apesar de hereditária, é uma verdadeira mancha de Caim que o Brasil traz na fronte. Essa consciência, que está temperando a nossa alma, e há de por fim humanizá-la, resulta da mistura de duas correntes diversas: o arrependimento dos descendentes de senhores, e a afinidade de sofrimento dos herdeiros de escravos.”

C)
“O trabalho sem a instrução técnica e sem a educação moral do operário não pode abrir um
horizonte à nação brasileira.”


11) Leia as asserções seguintes:
I–O fragmento a mostra uma crítica veemente contra a desigualdade de classes
II -O fragmento b tem um tom otimista
III– O fragmento c mostra que o autor valoriza a educação no seu sentido mais amplo
IV – O fragmento b aponta apenas os homens de raça branca como responsáveis pela mudança de visão sobre a escravidão
A) apenas as opções I e III são verdadeiras
B) apenas as opções II e III são verdadeiras
C) apenas as opções I, II e III são verdadeiras
D) apenas as opções I, II e IV são verdadeiras
E) todas as opções são verdadeiras

12) A coesão textual constrói-se, também, através da anáfora, isto é da retomada de elementos anteriormente expressos. Em todas as opções as palavras sublinhadas retomam um elemento expresso no texto, exceto em:

A) “...tem assistido ao crescimento desamparado da nossa população”
B) “Haverá indiferença mais criminosa do que a indiferença com que a classe única que dirige os destinos deste país...”
C) “...e para a qual a escravidão, apesar de hereditária, é uma verdadeira mancha de Caim”
D) “o jugo férreo dos seus monopólios desumanos...”
E) “e há de por fim humanizá-la...”

13) No contexto da frase encontrada no fragmento a, a expressão “jugo férreo” significa:
A) convivência difícil
B) julgamento errôneo
C) apreciação equivocada
D) obediência cega
E) autoridade inquebrantável

14) No fragmento b aparece, entre travessões, a frase “em formação, é certo”. Qual das alternativas abaixo melhor a substituiria, sem prejuízo de significado?
A) sem dúvida que irá se formar
B) ou melhor, ainda em formação
C) até que sua formação aconteça
D) mesmo que certamente ainda em formação
E) isto é, ainda em formação

15) Na frase “é uma verdadeira mancha de Caim que o Brasil traz na fronte” Joaquim Nabuco:
A) refere-se simplesmente à história bíblica de Caim e Abel
B) denuncia os crimes de transações de domínio sobre entes humanos ocorridos no Brasil
C) critica o mau relacionamento do Brasil com os países-irmãos
D) personaliza o Brasil como um país de relações fraternas
E) lança sobre o Brasil uma maldição fratricida


GABARITO
 1E ; 2A;3D;4E;5C;6B;7-A;8C;9D;10B;11C;12A;13E;14D;15B
                                   

                

UFRJ- 2009 - com gabarito

“A loucura (...), objeto de meus estudos, era até agora uma ilha perdida no oceano da razão; começo a suspeitar que é um continente.”

(ASSIS, Machado de. O Alienista. In: Obra Completa. Vol. II, Conto e Teatro. Org. por Afrânio Coutinho, 4ª ed. Rio de Janeiro: Editora Nova Aguilar, 1979. p. 260)

TEXTO I

Um começo muito louco

“Ora, a mente é dita sã”, escreveu Erasmo em O elogio da loucura (1509), “desde que controle adequadamente todos os órgãos do corpo”. Embora escrita quase 500 anos atrás num tratado em defesa do cristianismo, essa
frase expressa mais ou menos nossas suposições modernas sobre a sanidade. Em primeiro lugar, que a sanidade é uma qualidade da mente, não do corpo (não descrevemos os corpos das pessoas como sãos ou insanos). Em segundo lugar, que é a função da mente sã controlar o corpo, e portanto que o corpo ficaria descontrolado — ou pelo menos fazendo coisas proibidas — se não estivesse sob a égide da mente. Em terceiro lugar, que o corpo é não só o tipo de objeto que pode ser controlado, como também o tipo de objeto que pode ser adequada ou inadequadamente controlado; portanto, o que a mente sã implica acima de tudo é adequação. E por fim, mas não menos importante, há um fator temporal envolvido. Para ter sanidade precisamos de uma mente, e precisamos de uma mente para controlar um corpo que de outro modo seria insano, mas a mente é dita sã, como dizia Erasmo, apenas “desde que” controle os órgãos do corpo. A sugestão é que a sanidade é precária, não uma condição permanente. A questão passa a ser não só se a mente sã pode controlar o corpo, mas por quanto tempo.

(PHILLIPS, Adam. Louco para ser normal. Rio de Janeiro: Zahar, 2008. p. 63)

01. Tomando por base as suposições modernas sobre a sanidade apresentadas no texto I, responda: o que é considerado primordial para que a mente seja saudável?



TEXTO II

Os diferentes

Descobriu-se na Oceania, mais precisamente na ilha de Ossevaolep, um povo primitivo, que anda de cabeça para baixo e tem vida organizada.
É aparentemente um povo feliz, de cabeça muito sólida e mãos reforçadas. Vendo tudo ao contrário, não perde tempo, entretanto, em refutar a visão normal do mundo. E o que eles dizem com os pés dá a impressão de serem coisas aladas, cheias de sabedoria.
Uma comissão de cientistas europeus e americanos estuda a linguagem desses homens e mulheres, não tendo chegado ainda a conclusões publicáveis. Alguns professores tentaram imitar esses nativos e foram recolhidos ao hospital da ilha. Os cabecences-para-baixo, como foram denominados à falta de melhor classificação, têm vida longa e desconhecem a gripe e a depressão.

(ANDRADE, Carlos Drummond de. Prosa Seleta. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003. p. 150)

02. O nome da ilha, no texto II, sugere uma sociedade inversa àquela que tem a “visão normal do mundo” (“Ossevaolep” é “pelo avesso” ao contrário).
Estabeleça o ponto de vista do povo de Ossevaolep, que anda de cabeça para baixo, em relação à “visão normal do mundo”.

03. No texto II, há diversos sintagmas nominais – construções com núcleo substantivo acompanhado ou não de termos com função adjetiva – que caracterizam o “povo primitivo”.
a) Retire do texto dois desses sintagmas.

b) A caracterização normalmente atribuída a um povo primitivo como não evoluído não se confirma no texto II.
Justifique essa afirmativa, utilizando os sintagmas escolhidos no item a.

04. No texto II, identifica-se o povo da ilha de Ossevaolep por um neologismo: cabecences-para-baixo.
a) Identifique os processos de formação de palavras utilizados para a criação desse neologismo.
b) Considerando o conhecimento que os observadores têm do povo de Ossevaolep, responda:
por que se afirma, no texto II, que o neologismo foi criado “à falta de melhor classificação”?

05. No texto I (Um começo muito louco), apresentam-se três suposições sobre a sanidade.
Relacione o conteúdo da terceira suposição ao texto II (Os diferentes), tendo em vista o estilo de vida do povo de Ossevaolep.

TEXTO III

SEGUE NESTE SONETO A MÁXIMA DE BEM VIVER QUE É ENVOLVER-SE NA CONFUSÃO DOS NÉSCIOS PARA PASSAR MELHOR A VIDA

SONETO

Carregado de mim ando no mundo,
E o grande peso embarga-me as passadas,
Que como ando por vias desusadas,
Faço o peso crescer, e vou-me ao fundo.

O remédio será seguir o imundo
Caminho, onde dos mais vejo as pisadas,
Que as bestas andam juntas mais ousadas,
Do que anda só o engenho mais profundo.

Não é fácil viver entre os insanos,
Erra, quem presumir que sabe tudo,
Se o atalho não soube dos seus danos.

O prudente varão há de ser mudo,
Que é melhor neste mundo, mar de enganos,
Ser louco c’os demais, que só, sisudo.

(MATOS, Gregório de. Poemas escolhidos. São Paulo: Cultrix, 1989. p. 253)

06. O soneto de Gregório de Matos (texto III) apresenta, em sua construção, um conflito entre o eu-lírico e o mundo.
a) Em que consiste esse conflito?

b) Qual foi a solução proposta?

07. O Barroco faz um uso particular de metáforas para concretizar abstrações. No texto III, encontram-se vocábulos cujos significados constroem imagens vinculadas à travessia do eu-lírico no mundo. Retire do texto quatro vocábulos desse campo semântico, sendo dois verbos e dois substantivos.

TEXTO IV

O ASSINALADO

Tu és o louco da imortal loucura,
o louco da loucura mais suprema.
A terra é sempre a tua negra algema,
prende-te nela a extrema Desventura.

Mas essa mesma algema de amargura,
mas essa mesma Desventura extrema
faz que tu’alma suplicando gema
e rebente em estrelas de ternura.

Tu és Poeta, o grande Assinalado
que povoas o mundo despovoado,
de belezas eternas, pouco a pouco.

Na Natureza prodigiosa e rica
toda a audácia dos nervos justifica
os teus espasmos imortais de louco!

(SOUSA, Cruz e. Poesia completa. Florianópolis:
Fundação Catarinense de Cultura, 1981. p. 135)

08. Apresente, com suas próprias palavras, o significado de loucura depreendido a partir da leitura do texto IV.

09. Para a análise e a interpretação de um texto, é fundamental a compreensão das informações transmitidas no nível das sentenças. A fim de demonstrar essa compreensão, reescreva os seguintes versos do texto IV, substituindo exclusivamente as formas pronominais por estruturas com sintagmas nominais que explicitem os referentes: “A terra é sempre a tua negra algema / prende-te nela a extrema Desventura”.

10. O título do Texto IV – O ASSINALADO – remete a uma concepção de poeta que se associa, a um só tempo, às correntes estéticas do Simbolismo e do Romantismo. Apresente essa concepção.




GABARITO

QUESTÃO 1
Para que a mente seja saudável, é primordial que haja adequação do controle da mente sobre o corpo.

QUESTÃO 2
O povo de Ossevaolep não se preocupa em ter ponto de vista em relação àqueles que teriam a visão normal do mundo.

QUESTÃO 3
a) Os seguintes sintagmas nominais caracterizam o “povo primitivo”: vida organizada; povo feliz; (povo) de cabeça muito sólida e mãos reforçadas; cabeça muito sólida; mãos reforçadas; coisas aladas; (coisas) cheias de sabedoria; vida longa; os cabecences-para-baixo.

b) Os sintagmas em (a) recebem, no texto II, conotação positiva – vinculada a felicidade, sabedoria, organização,
longevidade –, o que contrasta com a caracterização normalmente atribuída a “povo primitivo”.

QUESTÃO 4
a) Os processos de formação utilizados foram composição por justaposição e derivação sufixal.

b) Os observadores criaram um neologismo que não vai além do nível descritivo superficial porque eles não conseguiram alcançar um conhecimento aprofundado, conclusivo a respeito do povo de Ossevaolep.

QUESTÃO 5
A relação entre a terceira suposição do texto I e o estilo de vida do povo de Ossevaolep, no texto II, traduz-se da seguinte forma: o andar de cabeça para baixo é controlado com a adequação necessária para uma vida organizada e feliz.

QUESTÃO 6
a) O eu-lírico encontra-se em crise por se sentir completamente deslocado (inadequado, desajustado) em relação à coletividade, ao mundo.

b) A solução proposta é render-se ao mundo: o eu-lírico mostra que é melhor seguir mudo o caminho da coletividade do que ficar só.

QUESTÃO 7
Os vocábulos que constroem imagens vinculadas ao campo semântico de travessia são os seguintes: ando, vou(-me), seguir, andam, anda, erra (verbos); passadas, vias, caminho, pisadas, atalho (substantivos).

QUESTÃO 8
O significado de loucura no texto IV está relacionado à condição e à própria atividade do ser poeta: louco é o poeta e loucura é a poesia.

QUESTÃO 9
A terra é sempre a negra algema do poeta / a extrema Desventura prende o poeta na terra (ou na algema) ou A terra é sempre a negra algema do poeta / prende o poeta na terra (ou na algema) a extrema Desventura

QUESTÃO 10
A concepção de poeta comum às correntes estéticas do Simbolismo e do Romantismo é a de um ser iluminado, inspirado, divino, dotado da capacidade de indicar à humanidade, por intermédio da poesia, o que comumente não se percebe.



Redação

Pensar ou agir de modo distinto do da maioria das pessoas pode ser visto como algo simplesmente diferente, ou como inadequação, ou até mesmo como loucura.

Considerando a afirmativa acima e os trechos abaixo, elabore um texto dissertativo-argumentativo em que você apresente suas reflexões a respeito do olhar sobre a normalidade/anormalidade.

Dizem que sou louco
Por pensar assim
Se eu sou muito louco
Por eu ser feliz
Mais louco é quem me diz
Que não é feliz, não é feliz

(BAPTISTA, Arnaldo & LEE, Rita. “Balada do louco”. www.ritalee.com.br)

Normalidade é a habilidade para se adaptar ao mundo exterior com satisfação e para dominar a tarefa de culturação.

(MENINGER, K. In: Ballone GJ - Diagnóstico Psiquiátrico - in. PsiqWeb, Internet, disponível em www.psiqweb.med.br, revisto em 2005)

LOUCURA

A loucura é diagnosticada pelos sãos, que não se submetem a diagnóstico.

Há um limite em que a razão deixa de ser razão, e a loucura ainda é razoável.

LUCIDEZ

Somos lúcidos na medida em que perdemos a riqueza de imaginação.

(ANDRADE, Carlos Drummond de. Prosa seleta. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003. p. 928)

ORIENTAÇÕES
1. Evite copiar passagens dos fragmentos apresentados.
2. Redija seu texto em prosa, de acordo com a norma culta escrita da língua.
3. Redija um texto de 25 a 30 linhas.
4. Não se esqueça de atribuir um título a seu texto.