quarta-feira, 15 de março de 2017

ARCADISMO/ NEOCLASSICISMO- PRÉ-VESTIBULAR- GAP

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES:
Recreios Campestres na Companhia de Marília

Olha, Marília, as flautas dos pastores
Que bem que soam, como estão cadentes!
Olha o Tejo a sorrir-se! Olha, não sentes
Os Zéfiros brincar por entre as flores?

Vê como ali beijando-se os Amores
Incitam nossos ósculos ardentes!
Ei-las de planta em planta as inocentes,
As vagas borboletas de mil cores!

Naquele arbusto o rouxinol suspira,
Ora nas folhas a abelhinha para,
Ora nos ares sussurrando gira:

Que alegre campo! Que manhã tão clara!
Mas ah! Tudo o que vêz, se eu te não vira,
Mais tristeza que a morte me causara.
(Bocage, OBRAS DE BOCAGE, Porto: Lello & Irmão Editores, 1968. p. 152)



1. (Unesp 1992)  Podemos afirmar, sem exagero, que este soneto de Bocage, pelas características formais e pelo conteúdo, poderia ser assinado por poetas do neoclassicismo brasileiro. Encontra-se no poema aliás, uma palavra que remete ao título de um livro de poemas de um dos mais destacados neoclássicos do Brasil. Depois de avaliar no soneto de Bocage o dado que mencionamos,
a) aponte o nome do poeta e da obra do neoclassicismo brasileiro a que nos referimos;
b) faça um breve comentário sobre o que representa o título com relação ao conteúdo dessa obra.
  
2. (Unesp 1992)  No soneto acima citado de Manuel Maria Barbosa du Bocage (1765-1805), verificam-se características do estilo neoclássico, de que Bocage é o máximo representante em Portugal. Indique duas dessas características, exemplificando cada uma delas com palavras, expressões ou passagens do poema.
  
3. (Unesp 1992)  Dois versos seguidos deste poema, contrastados com outros doze, revelam que o poeta pode ter duas reações diferentes e opostas ante a paisagem que descreve, de acordo com a ocorrência ou não de um determinado fato. Partindo deste dado, responda:
a) quais os dois versos a que nos referimos?
b) o que nos revela o poeta neles?

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
O URAGUAI (Canto IV)
fragmento

Este lugar delicioso, e triste,
Cansada de viver, linha escolhido
Para morrer a mísera Lindóia.
Lá reclinada, como que dormia,
Na branda relva, e nas mimosas flores,
Tinha a face na mão, e a mão no tronco
De um fúnebre cipreste, que espalhava
Melancólica sombra. Mais de perto
Descobrem que se enrola no seu corpo
Verde serpente, e lhe passeia, e cinge
Pescoço, e braços, e lhe lambe o seio.
Fogem de a ver assim sobressaltados,
E param cheios de temor ao longe;
E nem se atrevem a chamá-la, e temem
Que desperte assustada, e irrite o monstro,
E fuja, e apresse no fugir a morte.
(BASÍLIO DA GAMA, José. O URAGUAI. Rio de Janeiro: Public. da Academia Brasileira, 1941, pp. 78-9.)


CARAMURU (Canto VI, Estrofe XLII)

Perde o lume dos olhos, pasma e treme,
Pálida a cor, o aspecto moribundo,
Com mão já sem vigor, soltando o leme,
Entre as salsas escumas desce ao fundo.
Mas na onda do mar, que irado freme,
Tornando a aparecer desde o profundo:
"Ah Diogo cruel!" disse com mágoa,
E, sem mais vista ser, sorveu-se n'água.
(SANTA RITA DURÃO, Fr. José de. CARAMURU. São Paulo: Edições Cultura, 1945, p. 149.)


4. (Unesp 1994)  Os textos apresentados correspondem, respectivamente, a fragmentos marcantes dos poemas épicos "O Uraguai" (1769), de Basílio da Gama, e "Caramuru" (1781), de Santa Rita Durão, poetas neoclássicos brasileiros. No primeiro, a índia Lindóia, infeliz com a morte do marido Cacambo, deixa-se picar por uma serpente, e falece. No segundo, enfoca-se a índia Moema que, ao ver partir seu amado Diogo Álvares, segue a embarcação a nado e se deixa morrer afogada. Releia os textos e, a seguir:
a) aponte o componente nacionalista de ambos os poemas que prenuncia uma das linhas temáticas mais características do Romantismo brasileiro;
b) cite dois escritores românticos brasileiros que se utilizaram dessa linha temática.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
ALTÉIA

Cláudio Manuel da Costa


Aquele pastor amante,
Que nas úmidas ribeiras
Deste cristalino rio
Guiava as brancas ovelhas;

Aquele, que muitas vezes
Afinando a doce avena,
Parou as ligeiras águas,
Moveu as bárbaras penhas;

Sobre uma rocha sentado
Caladamente se queixa:
Que para formar as vozes,
Teme, que o ar as perceba.

(In POEMAS de Cláudio Manuel da Costa. São Paulo: Cultrix, 1966, p. 156.)


5. (Unesp 1995)  Neste fragmento do romance ALTÉIA, de Cláudio Manuel da Costa, acumulam-se características peculiares do Arcadismo. Releia o texto que lhe apresentamos e, a seguir:
a) Aponte duas dessas características.
b) Justifique sua resposta com, pelo menos, duas citações do texto.
  
6. (Unicamp 1995)  Nos dois poemas a seguir, Tomás Antônio Gonzaga e Ricardo Reis refletem, de maneira diferente, sobre a passagem do tempo, dela extraindo uma "filosofia de vida".  Leia-os com atenção:

LIRA 14 (Parte I)

Minha bela Marília, tudo passa;
a sorte deste mundo é mal segura;
se vem depois dos males a ventura,
vem depois dos prazeres a desgraça.
....................................................................
Que havemos de esperar, Marília bela?
que vão passando os florescentes dias?
As glórias, que vêm tarde, já vêm frias;
e pode enfim mudar-se a nossa estrela.
                Ah! não, minha Marília,
Aproveite-se o tempo, antes que faça
o estrago de roubar ao corpo as forças
                e ao semblante a graça.
                (TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA," Marília de Dirceu")
Quando, Lídia, vier o nosso outono
Com o inverno que há nele, reservemos
Um pensamento, não para a futura
                Primavera, que é de outrem,
Nem para o estio, de quem somos mortos,
Senão para o que fica do que passa -
O amarelo atual que as folhas vivem
                E as torna diferentes.
                               (RICARDO REIS, "Odes")

a) Em que consiste a "filosofia de vida" que a passagem do tempo sugere ao eu lírico do poema de Tomás Antônio Gonzaga?
b) Ricardo Reis associa a passagem do tempo às estações do ano. Que sentido é dado, em seu poema, ao outono?
c) Os dois poetas valorizam o momento presente, embora o façam de maneira diferente.  Em que consiste essa diferença?

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Onde estou? Este sítio desconheço:
Quem fez diferente aquele prado?
Tudo outra natureza tem tomado;
E em contemplá-lo tímido esmoreço.

Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço
De estar a ela um dia reclinado.
Ali em vale um monte está mudado:
Quanto pode dos anos o progresso!

Árvores aqui vi tão florescentes,
Que faziam perpétua a primavera:
Nem troncos vejo agora decadentes.

Eu me engano: a região esta não era:
Mas que venho a estranhar, se estão presentes
Meus males, com que tudo degenera!

(Cláudio Manuel da Costa. "Sonetos (VlI)". In: RAMOS, Péricles Eugênio da Silva (Intr., sel. e notas): POESIA DO OUTRO - ANTOLOGIA. São Paulo: Melhoramentos, 1964, p. 47.)


7. (Ufscar 2000)  Um dos elementos que diferenciam Cláudio Manuel da Costa de outros poetas do Arcadismo brasileiro é o fato de ainda conservar algumas características do estilo barroco. No poema transcrito, a presença barroca se dá no rebuscamento sintático causado pelas inversões, atenuadas por exigência do ritmo e da rima. Sabendo que as inversões de ordem sintática acontecem em todas as estrofes,

a) reescreva a segunda estrofe de modo a preservar a colocação normal pedida pela sintaxe.

b) transcreva dois versos de terceto que, mesmo sendo reescritos segundo a colocação normal pedida pela sintaxe, preservem a rima escolhida pelo poeta.
  
8. (Unesp 1990)  Leia atentamente o texto a seguir e assinale a alternativa INCORRETA.

                Não permitiu o Céu que alguns influxos, que devi às águas do Mondego, se prosperassem por muito tempo; e destinado a buscar a Pátria, que por espaço de cinco anos havia deixado, aqui, entre a grosseria dos seus gênios, que menos pudera eu fazer que entregar-me ao ócio, e sepultar-me na ignorância! Que menos, do que abandonar as fingidas Ninfas destes rios, e no centro deles adorar a preciosidade daqueles metais, que têm atraído a este clima os corações de toda a Europa! Não são estas as venturosas praias da Arcádia, onde o som das águas inspirava a harmonia dos versos. Turva e feia, a corrente destes ribeiros, primeiro que arrebate as ideias de um Poeta, deixa ponderar a ambiciosa fadiga de minerar a terra, que lhes tem pervertido as cores."
                (COSTA, Cláudio M. da. Fragmento do "Prólogo ao Leitor". In: CÂNDIDO, A. & CASTELLO, J. A. PRESENÇA DA LITERATURA BRASILEIRA, vol. I, S. Paulo, Difusão Europeia do Livro, 1971, p. 138)
a) o poeta estabelece uma conexão entre as diferenças ambientais e o seu reflexo na produção literária.   
b) Cláudio Manuel da Costa manifesta, no texto, a sua formação intelectual europeia, mas que deseja exprimir a realidade tosca de seu país.   
c) Depreende-se do texto uma forma de conflito entre o Academicismo Árcade europeu e a realidade brasileira que passaria a ser a nova matéria-prima do poeta.   
d) Apesar dos índices do Arcadismo presentes no texto, há um questionamento do contexto sobre a validade de adotar esse modelo literário no Brasil.   
e) O poeta sofre mediante o fato de não mais poder, na Europa, contemplar as praias da Arcádia de onde retirava suas inspirações poéticas.   
  
9. (Uel 1994)  Os poemas de Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga foram escritos:
a) em reação ao sentimentalismo romântico, contrapondo-lhe sua linguagem clara e equilibrada.   
b) ainda dentro do espírito barroco, conforme o atestam sua religiosidade conflituosa e seu estilo artificial.   
c) à época da Inconfidência Mineira, relacionando-se intimamente com os ideais desse movimento.   
d) em meados do século XIX, dedicando-se à propagação dos ideais da Contra-Reforma.   
e) em apoio à consolidação de nossa recente Independência, contra a qual ainda se insurgiam grupos descontentes.   
  
10. (Fuvest 1995)  O verso "Só se estivesse alienado", que funciona como um refrão no "Romance LXXIII ou da inconformada Marília", registra a reação desta personagem do "Romanceiro da Inconfidência" à informação de que:
a) seu amado, o inconfidente e poeta Cláudio Manuel da Costa, se suicidara na prisão.   
b) seu primo-irmão, o inconfidente Joaquim Silvério dos Reis, traíra os companheiros de conjura, delatando-os.   
c) seu noivo, o poeta e inconfidente Tomás Antônio Gonzaga, se casara em África.   
d) seu prometido, o árcade e inconfidente Dirceu, se suicidara na prisão.   
e) seu companheiro na Inconfidência, o alferes Tiradentes, assumira sozinho toda a culpa da conjuração.   
  
11. (Uel 1995)  Sou Pastor; não te nego; os meus montados
São esses, que aí vês; vivo contente
Ao trazer entre a relva florescente
A doce companhia dos meus gados.

Os versos acima são exemplos
a) do espírito harmonioso da poesia arcádica.   
b) do estilo tortuoso do período barroco.   
c) do refinamento e da ostentação da poesia parnasiana.   
d) do intento nacionalista na poesia romântica.   
e) do humor e do lirismo dos primeiros modernistas.   

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
"Além do horizonte, deve ter
Algum lugar bonito para viver em paz
Onde eu possa encontrar a natureza
Alegria e felicidade com certeza. 
Lá nesse lugar o amanhecer é lindo
com flores festejando mais um dia que vem vindo
Onde a gente possa se deitar no campo
Se amar na selva, escutando o canto dos pássaros."

Roberto e Erasmo Carlos estão falando de um lugar ideal, de um ambiente campestre, calmo.



12. (Ufpe 1996)  Em Literatura, um grupo de escritores, no século XVIII, defendeu o bucolismo, a necessidade de revalorização da vida simples, em contato com a natureza. Estamos fazendo referência aos escritores do:
a) ROMANTISMO, para quem encontrar-se com a natureza significava alargar a sensibilidade.   
b) ARCADISMO, propondo um retorno à ordem natural, como na literatura clássica, na medida em que a natureza adquire um sentido de simplicidade, harmonia e verdade.   
c) REALISMO, fugindo às exibições subjetivas e mantendo a neutralidade diante daquilo que era narrado; as referências à natureza eram feitas em terceira pessoa.   
d) BARROCO, movimento que valorizava a tensão de elementos contrários, celebrando Deus ou as delícias da vida nas formas da natureza.   
e) SIMBOLISMO quando estes escritores se mostravam mais emotivos, transformando as palavras em símbolos dos segredos da alma. A natureza era puro mistério.   
  
13. (Ufv 1996)  Sobre o Arcadismo no Brasil, podemos afirmar que:
a) produziu obras de estilo rebuscado, pleno de antíteses e frases tortuosas, que refletem o conflito entre matéria e espírito.   
b) não apresentou novidades, sendo mera imitação do que se fazia na Europa.   
c) além das características europeias, desenvolveu temas ligados à realidade brasileira, sendo importante para o desenvolvimento de uma literatura nacional.   
d) apresenta já completa ruptura com a literatura europeia, podendo ser considerado a primeira fase verdadeiramente nacionalista da literatura brasileira.   
e) presente sobretudo em obras de autores mineiros como Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio Manuel da Costa, Silva Alvarenga e Basílio da Gama, caracteriza-se como expressão da angústia metafísica e religiosa desses poetas, divididos entre a busca da salvação e o gozo material da vida.   
 
Gabarito: 

Resposta da questão 1:
 a) Tomás Antônio Gonzaga, com a obra MARÍLIA DE DIRCEU.
b) Gonzaga usa o pseudônimo Dirceu para contar seu amor por Maria Dorotéia, que aparece como Marília.  

Resposta da questão 2:
 Pastoralismo: "Olha, Marília, as flautas dos pastores".
Utilização dos "locos amoenus": "Que alegre campo! Que manhã tão clara!"  

Resposta da questão 3:
 a) "Mas ah! Tudo o que vês, se eu te vira,
    Mais tristeza que a morte me causara."

b) Que a sua felicidade está condicionada à presença da amada. Sem ela não é possível a postura epicurista típica dos árcades.  

Resposta da questão 4:
 a) A figura do índio.
b) José de Alencar e Gonçalves Dias.  

Resposta da questão 5:
 a) Pastoralismo e bucolismo.

b) "Aquele pastor amante"
    "Deste cristalino rio"  

Resposta da questão 6:
 a) Carpe diem, aproveitar o presente.
b) O declínio da vida.
c) Em Gonzaga a vida está em sua plenitude, enquanto em Reis ela parte para o fim.  

Resposta da questão 7:
 a) Reescrevendo a segunda estrofe na colocação normal, tem-se:
Houve aqui uma fonte; eu não me esqueço
De estar reclinado a ela um dia.
Ali um monte está mudado em vale
Quanto o progresso dos anos pode.

b) Da terceira estrofe, o primeiro e o terceiro versos assim seriam reescritos:
Aqui vi árvores tão florescentes,
Nem vejo agora troncos decadentes.  

Resposta da questão 8:
 [E]  

Resposta da questão 9:
 [C]  

Resposta da questão 10:
 [C]  

Resposta da questão 11:
 [A]  

Resposta da questão 12:
 [B]  

Resposta da questão 13:
 [C]  


Um comentário:

  1. Boa noite!
    Gostaria de uma justificativa para a resposta da questão 8. Por que a alternativa E é a incorreta?

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