TEXTO PARA AS
PRÓXIMAS 3 QUESTÕES:
Recreios Campestres na Companhia de Marília
Olha,
Marília, as flautas dos pastores
Que
bem que soam, como estão cadentes!
Olha
o Tejo a sorrir-se! Olha, não sentes
Os
Zéfiros brincar por entre as flores?
Vê
como ali beijando-se os Amores
Incitam
nossos ósculos ardentes!
Ei-las
de planta em planta as inocentes,
As
vagas borboletas de mil cores!
Naquele
arbusto o rouxinol suspira,
Ora
nas folhas a abelhinha para,
Ora
nos ares sussurrando gira:
Que
alegre campo! Que manhã tão clara!
Mas
ah! Tudo o que vêz, se eu te não vira,
Mais
tristeza que a morte me causara.
(Bocage, OBRAS
DE BOCAGE, Porto: Lello & Irmão Editores, 1968. p. 152)
1. (Unesp 1992) Podemos afirmar, sem exagero, que este soneto de Bocage, pelas
características formais e pelo conteúdo, poderia ser assinado por poetas do
neoclassicismo brasileiro. Encontra-se no poema aliás, uma palavra que remete
ao título de um livro de poemas de um dos mais destacados neoclássicos do
Brasil. Depois de avaliar no soneto de Bocage o dado que mencionamos,
a)
aponte o nome do poeta e da obra do neoclassicismo brasileiro a que nos
referimos;
b)
faça um breve comentário sobre o que representa o título com relação ao
conteúdo dessa obra.
2. (Unesp 1992) No soneto acima citado de Manuel Maria Barbosa du Bocage (1765-1805),
verificam-se características do estilo neoclássico, de que Bocage é o máximo
representante em Portugal. Indique duas dessas características, exemplificando
cada uma delas com palavras, expressões ou passagens do poema.
3. (Unesp 1992) Dois versos seguidos deste poema, contrastados com outros doze, revelam
que o poeta pode ter duas reações diferentes e opostas ante a paisagem que
descreve, de acordo com a ocorrência ou não de um determinado fato. Partindo
deste dado, responda:
a)
quais os dois versos a que nos referimos?
b)
o que nos revela o poeta neles?
TEXTO PARA A
PRÓXIMA QUESTÃO:
O URAGUAI (Canto IV)
fragmento
Este
lugar delicioso, e triste,
Cansada
de viver, linha escolhido
Para
morrer a mísera Lindóia.
Lá
reclinada, como que dormia,
Na
branda relva, e nas mimosas flores,
Tinha
a face na mão, e a mão no tronco
De
um fúnebre cipreste, que espalhava
Melancólica
sombra. Mais de perto
Descobrem
que se enrola no seu corpo
Verde
serpente, e lhe passeia, e cinge
Pescoço,
e braços, e lhe lambe o seio.
Fogem
de a ver assim sobressaltados,
E
param cheios de temor ao longe;
E
nem se atrevem a chamá-la, e temem
Que
desperte assustada, e irrite o monstro,
E
fuja, e apresse no fugir a morte.
(BASÍLIO DA GAMA, José. O URAGUAI. Rio de Janeiro: Public. da Academia Brasileira, 1941,
pp. 78-9.)
CARAMURU (Canto VI, Estrofe XLII)
Perde
o lume dos olhos, pasma e treme,
Pálida
a cor, o aspecto moribundo,
Com
mão já sem vigor, soltando o leme,
Entre
as salsas escumas desce ao fundo.
Mas
na onda do mar, que irado freme,
Tornando
a aparecer desde o profundo:
"Ah
Diogo cruel!" disse com mágoa,
E,
sem mais vista ser, sorveu-se n'água.
(SANTA RITA DURÃO, Fr. José de. CARAMURU. São Paulo: Edições Cultura,
1945, p. 149.)
4. (Unesp 1994) Os textos apresentados correspondem, respectivamente, a fragmentos
marcantes dos poemas épicos "O Uraguai" (1769), de Basílio da Gama, e
"Caramuru" (1781), de Santa Rita Durão, poetas neoclássicos
brasileiros. No primeiro, a índia Lindóia, infeliz com a morte do marido
Cacambo, deixa-se picar por uma serpente, e falece. No segundo, enfoca-se a
índia Moema que, ao ver partir seu amado Diogo Álvares, segue a embarcação a
nado e se deixa morrer afogada. Releia os textos e, a seguir:
a)
aponte o componente nacionalista de ambos os poemas que prenuncia uma das
linhas temáticas mais características do Romantismo brasileiro;
b)
cite dois escritores românticos brasileiros que se utilizaram dessa linha
temática.
TEXTO PARA A
PRÓXIMA QUESTÃO:
ALTÉIA
Cláudio Manuel da Costa
Aquele
pastor amante,
Que
nas úmidas ribeiras
Deste
cristalino rio
Guiava
as brancas ovelhas;
Aquele,
que muitas vezes
Afinando
a doce avena,
Parou
as ligeiras águas,
Moveu
as bárbaras penhas;
Sobre
uma rocha sentado
Caladamente
se queixa:
Que
para formar as vozes,
Teme,
que o ar as perceba.
(In POEMAS de Cláudio Manuel da Costa. São
Paulo: Cultrix, 1966, p. 156.)
5. (Unesp 1995) Neste fragmento do romance ALTÉIA, de Cláudio Manuel da Costa,
acumulam-se características peculiares do Arcadismo. Releia o texto que lhe
apresentamos e, a seguir:
a)
Aponte duas dessas características.
b)
Justifique sua resposta com, pelo menos, duas citações do texto.
6. (Unicamp 1995) Nos dois poemas a seguir, Tomás Antônio Gonzaga e Ricardo Reis refletem,
de maneira diferente, sobre a passagem do tempo, dela extraindo uma
"filosofia de vida". Leia-os
com atenção:
LIRA
14 (Parte I)
Minha
bela Marília, tudo passa;
a
sorte deste mundo é mal segura;
se
vem depois dos males a ventura,
vem
depois dos prazeres a desgraça.
....................................................................
Que
havemos de esperar, Marília bela?
que
vão passando os florescentes dias?
As
glórias, que vêm tarde, já vêm frias;
e
pode enfim mudar-se a nossa estrela.
Ah! não, minha Marília,
Aproveite-se
o tempo, antes que faça
o
estrago de roubar ao corpo as forças
e ao semblante a graça.
(TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA,"
Marília de Dirceu")
Quando,
Lídia, vier o nosso outono
Com
o inverno que há nele, reservemos
Um
pensamento, não para a futura
Primavera, que é de outrem,
Nem
para o estio, de quem somos mortos,
Senão
para o que fica do que passa -
O
amarelo atual que as folhas vivem
E as torna diferentes.
(RICARDO REIS,
"Odes")
a)
Em que consiste a "filosofia de vida" que a passagem do tempo sugere
ao eu lírico do poema de Tomás Antônio Gonzaga?
b)
Ricardo Reis associa a passagem do tempo às estações do ano. Que sentido é
dado, em seu poema, ao outono?
c)
Os dois poetas valorizam o momento presente, embora o façam de maneira
diferente. Em que consiste essa
diferença?
TEXTO PARA A
PRÓXIMA QUESTÃO:
Onde
estou? Este sítio desconheço:
Quem
fez diferente aquele prado?
Tudo
outra natureza tem tomado;
E
em contemplá-lo tímido esmoreço.
Uma
fonte aqui houve; eu não me esqueço
De
estar a ela um dia reclinado.
Ali
em vale um monte está mudado:
Quanto
pode dos anos o progresso!
Árvores
aqui vi tão florescentes,
Que
faziam perpétua a primavera:
Nem
troncos vejo agora decadentes.
Eu
me engano: a região esta não era:
Mas
que venho a estranhar, se estão presentes
Meus
males, com que tudo degenera!
(Cláudio Manuel da Costa. "Sonetos
(VlI)". In: RAMOS, Péricles
Eugênio da Silva (Intr., sel. e notas): POESIA
DO OUTRO - ANTOLOGIA. São Paulo: Melhoramentos, 1964, p. 47.)
7. (Ufscar 2000) Um dos elementos que diferenciam Cláudio Manuel da Costa de outros
poetas do Arcadismo brasileiro é o fato de ainda conservar algumas
características do estilo barroco. No poema transcrito, a presença barroca se
dá no rebuscamento sintático causado pelas inversões, atenuadas por exigência
do ritmo e da rima. Sabendo que as inversões de ordem sintática acontecem em
todas as estrofes,
a)
reescreva a segunda estrofe de modo a preservar a colocação normal pedida pela
sintaxe.
b)
transcreva dois versos de terceto que, mesmo sendo reescritos segundo a
colocação normal pedida pela sintaxe, preservem a rima escolhida pelo poeta.
8. (Unesp 1990) Leia atentamente o texto a seguir e assinale a alternativa INCORRETA.
Não permitiu o Céu que alguns
influxos, que devi às águas do Mondego, se prosperassem por muito tempo; e
destinado a buscar a Pátria, que por espaço de cinco anos havia deixado, aqui,
entre a grosseria dos seus gênios, que menos pudera eu fazer que entregar-me ao
ócio, e sepultar-me na ignorância! Que menos, do que abandonar as fingidas
Ninfas destes rios, e no centro deles adorar a preciosidade daqueles metais,
que têm atraído a este clima os corações de toda a Europa! Não são estas as
venturosas praias da Arcádia, onde o som das águas inspirava a harmonia dos
versos. Turva e feia, a corrente destes ribeiros, primeiro que arrebate as
ideias de um Poeta, deixa ponderar a ambiciosa fadiga de minerar a terra, que
lhes tem pervertido as cores."
(COSTA, Cláudio M. da. Fragmento
do "Prólogo ao Leitor". In: CÂNDIDO, A. & CASTELLO, J. A.
PRESENÇA DA LITERATURA BRASILEIRA, vol. I, S. Paulo, Difusão Europeia do Livro,
1971, p. 138)
a) o
poeta estabelece uma conexão entre as diferenças ambientais e o seu reflexo na
produção literária.
b) Cláudio
Manuel da Costa manifesta, no texto, a sua formação intelectual europeia, mas
que deseja exprimir a realidade tosca de seu país.
c) Depreende-se
do texto uma forma de conflito entre o Academicismo Árcade europeu e a
realidade brasileira que passaria a ser a nova matéria-prima do poeta.
d) Apesar
dos índices do Arcadismo presentes no texto, há um questionamento do contexto
sobre a validade de adotar esse modelo literário no Brasil.
e) O
poeta sofre mediante o fato de não mais poder, na Europa, contemplar as praias
da Arcádia de onde retirava suas inspirações poéticas.
9. (Uel 1994) Os poemas de Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga foram
escritos:
a) em
reação ao sentimentalismo romântico, contrapondo-lhe sua linguagem clara e
equilibrada.
b) ainda
dentro do espírito barroco, conforme o atestam sua religiosidade conflituosa e
seu estilo artificial.
c) à
época da Inconfidência Mineira, relacionando-se intimamente com os ideais desse
movimento.
d) em
meados do século XIX, dedicando-se à propagação dos ideais da Contra-Reforma.
e) em
apoio à consolidação de nossa recente Independência, contra a qual ainda se
insurgiam grupos descontentes.
10. (Fuvest 1995) O verso "Só se estivesse alienado", que funciona como um
refrão no "Romance LXXIII ou da inconformada Marília", registra a
reação desta personagem do "Romanceiro da Inconfidência" à informação
de que:
a) seu
amado, o inconfidente e poeta Cláudio Manuel da Costa, se suicidara na prisão.
b) seu
primo-irmão, o inconfidente Joaquim Silvério dos Reis, traíra os companheiros
de conjura, delatando-os.
c) seu
noivo, o poeta e inconfidente Tomás Antônio Gonzaga, se casara em África.
d) seu
prometido, o árcade e inconfidente Dirceu, se suicidara na prisão.
e) seu
companheiro na Inconfidência, o alferes Tiradentes, assumira sozinho toda a
culpa da conjuração.
11. (Uel 1995) Sou Pastor; não te nego; os meus montados
São
esses, que aí vês; vivo contente
Ao
trazer entre a relva florescente
A
doce companhia dos meus gados.
Os
versos acima são exemplos
a) do
espírito harmonioso da poesia arcádica.
b) do
estilo tortuoso do período barroco.
c) do
refinamento e da ostentação da poesia parnasiana.
d) do
intento nacionalista na poesia romântica.
e) do
humor e do lirismo dos primeiros modernistas.
TEXTO PARA A
PRÓXIMA QUESTÃO:
"Além
do horizonte, deve ter
Algum
lugar bonito para viver em paz
Onde
eu possa encontrar a natureza
Alegria
e felicidade com certeza.
Lá
nesse lugar o amanhecer é lindo
com
flores festejando mais um dia que vem vindo
Onde
a gente possa se deitar no campo
Se
amar na selva, escutando o canto dos pássaros."
Roberto
e Erasmo Carlos estão falando de um lugar ideal, de um ambiente campestre,
calmo.
12. (Ufpe 1996) Em Literatura, um grupo de escritores, no século XVIII, defendeu o
bucolismo, a necessidade de revalorização da vida simples, em contato com a
natureza. Estamos fazendo referência aos escritores do:
a) ROMANTISMO,
para quem encontrar-se com a natureza significava alargar a sensibilidade.
b) ARCADISMO,
propondo um retorno à ordem natural, como na literatura clássica, na medida em
que a natureza adquire um sentido de simplicidade, harmonia e verdade.
c) REALISMO,
fugindo às exibições subjetivas e mantendo a neutralidade diante daquilo que
era narrado; as referências à natureza eram feitas em terceira pessoa.
d) BARROCO,
movimento que valorizava a tensão de elementos contrários, celebrando Deus ou as
delícias da vida nas formas da natureza.
e) SIMBOLISMO
quando estes escritores se mostravam mais emotivos, transformando as palavras
em símbolos dos segredos da alma. A natureza era puro mistério.
13. (Ufv 1996) Sobre o Arcadismo no Brasil, podemos afirmar que:
a) produziu
obras de estilo rebuscado, pleno de antíteses e frases tortuosas, que refletem
o conflito entre matéria e espírito.
b) não
apresentou novidades, sendo mera imitação do que se fazia na Europa.
c) além
das características europeias, desenvolveu temas ligados à realidade
brasileira, sendo importante para o desenvolvimento de uma literatura nacional.
d) apresenta
já completa ruptura com a literatura europeia, podendo ser considerado a
primeira fase verdadeiramente nacionalista da literatura brasileira.
e) presente
sobretudo em obras de autores mineiros como Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio
Manuel da Costa, Silva Alvarenga e Basílio da Gama, caracteriza-se como
expressão da angústia metafísica e religiosa desses poetas, divididos entre a
busca da salvação e o gozo material da vida.
Gabarito:
Resposta da questão 1:
a) Tomás Antônio Gonzaga, com a obra MARÍLIA DE DIRCEU.
a) Tomás Antônio Gonzaga, com a obra MARÍLIA DE DIRCEU.
b) Gonzaga usa o pseudônimo Dirceu para contar seu amor por Maria
Dorotéia, que aparece como Marília.
Resposta da questão 2:
Pastoralismo: "Olha, Marília, as flautas dos pastores".
Pastoralismo: "Olha, Marília, as flautas dos pastores".
Utilização dos "locos amoenus": "Que alegre campo! Que
manhã tão clara!"
Resposta da questão 3:
a) "Mas ah! Tudo o que vês, se eu te vira,
a) "Mas ah! Tudo o que vês, se eu te vira,
Mais tristeza que a morte me causara."
b) Que a sua felicidade está condicionada à presença da amada. Sem ela
não é possível a postura epicurista típica dos árcades.
Resposta da questão 4:
a) A figura do índio.
a) A figura do índio.
b) José de Alencar e Gonçalves Dias.
Resposta da questão 5:
a) Pastoralismo e bucolismo.
a) Pastoralismo e bucolismo.
b)
"Aquele pastor amante"
"Deste cristalino
rio"
Resposta da questão 6:
a) Carpe diem, aproveitar o presente.
a) Carpe diem, aproveitar o presente.
b)
O declínio da vida.
c) Em Gonzaga a vida está em sua plenitude, enquanto em Reis ela parte
para o fim.
Resposta da questão 7:
a) Reescrevendo a segunda estrofe na colocação normal, tem-se:
a) Reescrevendo a segunda estrofe na colocação normal, tem-se:
Houve
aqui uma fonte; eu não me esqueço
De
estar reclinado a ela um dia.
Ali
um monte está mudado em vale
Quanto
o progresso dos anos pode.
b)
Da terceira estrofe, o primeiro e o terceiro versos assim seriam reescritos:
Aqui
vi árvores tão florescentes,
Nem vejo agora troncos decadentes.
Resposta da questão 8:
[E]
[E]
Resposta da questão 9:
[C]
[C]
Resposta da questão 10:
[C]
[C]
Resposta da questão 11:
[A]
[A]
Resposta da questão 12:
[B]
[B]
Resposta da questão 13:
[C]
[C]
Boa noite!
ResponderExcluirGostaria de uma justificativa para a resposta da questão 8. Por que a alternativa E é a incorreta?