domingo, 12 de março de 2017

ROMANTISMO- POESIA


1. (Unesp 2016)  Outro traço importante da poesia de Álvares de Azevedo é o gosto pelo prosaísmo e o humor, que formam a vertente para nós mais moderna do Romantismo. A sua obra é a mais variada e complexa no quadro da nossa poesia romântica; mas a imagem tradicional de poeta sofredor e desesperado atrapalhou a reconhecer a importância de sua veia humorística.
(Antonio Candido. “Prefácio”. In: Álvares de Azevedo. Melhores poemas, 2003. Adaptado.)


A veia humorística ressaltada pelo crítico Antonio Candido na poesia de Álvares de Azevedo está bem exemplificada em:
a) Cavaleiro das armas escuras,
Onde vais pelas trevas impuras
Com a espada sanguenta na mão?
Por que brilham teus olhos ardentes
E gemidos nos lábios frementes
Vertem fogo do teu coração?   
b) Ontem tinha chovido... Que desgraça!
Eu ia a trote inglês ardendo em chama,
Mas lá vai senão quando uma carroça
Minhas roupas tafuis encheu de lama...   
c) Pálida, à luz da lâmpada sombria,
Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!   
d) Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!   
e) Quando em meu peito rebentar-se a fibra,
Que o espírito enlaça à dor vivente,
Não derramem por mim nem uma lágrima
Em pálpebra demente.   
  
2. (Upf 2016)  Considere as afirmações a seguir, referentes às três gerações da poesia romântica brasileira.

I. Gonçalves de Magalhães, com seus Suspiros poéticos e saudades, traduz fielmente, na forma e nos temas, o espírito do Romantismo, sendo considerado até hoje, pela crítica, como o maior expoente da primeira geração.
II. Nos autores da segunda geração, como Álvares de Azevedo e Casimiro de Abreu, o nacionalismo e o indianismo da geração precedente cedem lugar a uma poesia marcada pelo individualismo, pela confissão íntima e pelo extravasamento subjetivo.
III. Em Castro Alves, representante principal da terceira geração, a poesia social e a defesa de causas humanitárias andam, lado a lado, com poemas dedicados à mulher e ao amor sensual.

Está correto apenas o que se afirma em:
a) I.   
b) II.   
c) III.   
d) I e II.   
e) II e III.   
  
3. (Upe 2015)  Amor

Quand la mort est si belle, Il est doux de mourir.
V. Hugo

Amemos! Quero de amor
Viver no teu coração!
2Sofrer e amar essa dor
Que desmaia de paixão!
Na tu'alma, em teus encantos
E na tua palidez
E nos teus ardentes prantos
Suspirar de languidez!
Quero em teus lábios beber
Os teus amores do céu,
Quero em teu seio morrer
No enlevo do seio teu!
Quero viver d'esperança,
Quero tremer e sentir!
Na tua cheirosa trança
Quero sonhar e dormir!
Vem, anjo, minha donzela,
Minha'alma, meu coração!
Que noite, que noite bela!
Como é doce a viração!
E entre os suspiros do vento
Da noite ao mole frescor,
Quero viver um momento,
1Morrer contigo de amor!

AZEVEDO, Álvares de. Disponível em: http://www.revista.agulha.nom.br/avz.html#amor. Consultado em junho de 2014.


Sobre o texto, analise as afirmativas a seguir:

I. O eu lírico, nos versos do poema, expressa seus sentimentos de forma polida, cuidadosa, ponderada e sem quaisquer extremismos, razão pela qual a poesia de Álvares de Azevedo não pode ser entendida como exemplo claro de um texto dito romântico.
II. Há, no poema em análise, versos que apontam a necessidade de o eu lírico amar profundamente. Esse amor é tomado por uma subjetividade também profunda, afastando-se, quase por completo, das raias da racionalidade.
III. Os versos “Morrer contigo de amor” (ref. 1) e “Sofrer e amar essa dor” (ref. 2) explicitam a intensidade que o eu lírico pretende dar vida a essa relação. Temas como amor e morte são recorrentes nos textos de Álvares de Azevedo, exímio representante da poesia romântica.
IV. Não apenas no texto em análise, mas também nos textos de Álvares de Azevedo, de modo geral, há uma exacerbação da objetividade dos sentimentos, espécie de refutação ao que é demasiadamente onírico e evasivo, taciturno e escapista.
V. O verso “Que noite, que noite bela!” remete o leitor a perceber que o amor do eu lírico será vivenciado na sua forma mais completa e qualitativa sob a regência da Lua. Nos poemas de Álvares de Azevedo, a noite é o tempo privilegiado para o amor.

Está CORRETO, apenas, o que se afirma em
a) I, II e III.   
b) I, III e IV.   
c) II, III e V.   
d) II, IV e V.   
e) III, IV e V.   
  
4. (Ufrrj 2006)  A CRUZ DA ESTRADA

Caminheiro que passas pela estrada,
Seguindo pelo rumo do sertão,
Quando vires a cruz abandonada,
Deixa-a em paz dormir na solidão.

É de um escravo humilde sepultura,
Foi-lhe a vida o velar de insônia atroz.
Deixa-o dormir no leito de verdura,
Que o Senhor dentre as selvas lhe compôs.

Dentre os braços da cruz, a parasita,
Num abraço de flores se prendeu.
Chora orvalhos a grama, que palpita;
Lhe acende o vaga-lume o facho seu.

Caminheiro! Do escravo desgraçado
O sono agora mesmo começou!
Não lhe toques no leito de noivado,
Há pouco a liberdade o desposou.
            (ALVES, Castro. (1883) In: LAJOLO, Marisa & CAMPEDELLI, Samira (org.) "Literatura comentada". 2a ed. São Paulo: Nova Cultural, 1988, p. 89-90.)

Nesse fragmento do poema "A cruz da estrada", observa-se um traço marcante da poesia romântica, que é
a) o egocentrismo exacerbado revelador das emoções do eu.   
b) o nacionalismo expresso na origem histórica do nosso povo.   
c) o envolvimento subjetivo dos elementos da natureza.   
d) a evasão do eu para espaços distantes e exóticos.   
e) a idealização da infância como uma época perfeita.   
  
5. (Ita 2004)  O texto abaixo é a estrofe inicial do poema "Meus oito anos", de Casimiro de Abreu:

(...)
Oh! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
(...)
            (In CANDIDO, A.; CASTELLO, J. "A. Presença da literatura brasileira, v. 2. São Paulo: Ditei, 1979.)

Sobre o poema, NÃO se pode afirmar que
a) se trata de um dos poemas mais populares da Literatura Brasileira.   
b) o poeta se vale do texto para manifestar a sua saudade da infância.   
c) a linguagem não é erudita, pois se aproxima da simplicidade da fala popular, o que é uma marca da poesia romântica.   
d) a memória da infância do poeta está intimamente ligada à natureza brasileira.   
e) o poeta é racional e contido ao mostrar a sua emoção no poema.   

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
ADORMECIDA

Ses longs cheveux épars la couvrent tout entiere
La croix de son collier repose dans sa main,
Comme pour témoigner qu'elle a fait sa priere.
Et qu'elle va la faire en s'éveillant demain.
A. DE MUSSET

UMA NOITE, eu me lembro... Ela dormia
Numa rede encostada molemente...
Quase aberto o roupão... solto o cabelo
E o pé descalço do tapete rente.

'Stava aberta a janela. Um cheiro agreste
Exalavam as silvas da campina...
E ao longe, num pedaço do horizonte,
Via-se a noite plácida e divina.

De um jasmineiro os galhos encurvados,
Indiscretos entravam pela sala,
E de leve oscilando ao tom das auras,
Iam na face trêmulos - beijá-la.

Era um quadro celeste!... A cada afago
Mesmo em sonhos a moça estremecia...
Quando ela serenava... a flor beijava-a...
Quando ela ia beijar-lhe... a flor fugia...

Dir-se-ia que naquele doce instante
Brincavam duas cândidas crianças...
A brisa, que agitava as folhas verdes,
Fazia-lhe ondear as negras tranças!

E o ramo ora chegava ora afastava-se...
Mas quando a via despertada a meio,
P'ra não zangá-la... sacudia alegre
Uma chuva de pétalas no seio...

Eu, fitando esta cena, repetia
Naquela noite lânguida e sentida:
"Ó flor! - tu és a virgem das campinas!
"Virgem! - tu és a flor da minha vida!..."
            São Paulo, novembro de 1868.

            ALVES, C. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1986, p.124-125.


6. (Ufrn 2004)  Considerando as fases da poesia romântica brasileira, é correto afirmar que o poema apresenta uma
a) atmosfera de erotismo, manifestada pelos encantos da mulher.   
b) atitude de culpa, devido à violação do ambiente celestial.   
c) negação do ato amoroso, devido ao clima de sonho predominante.   
d) tematização da natureza, manifestada na imagem da flor.   
  
7. (Ufes 2001)  AFIRMAÇÕES:

(1) A poesia romântica procurou se expressar de maneira objetiva, diminuindo a importância da expressão do sujeito e evitando a coloquialidade linguística.
(2) A prosa naturalista - de que "O cortiço" de Aluísio Azevedo é exemplo - adotou pressupostos científicos, como a explicação da personalidade pela junção da tríade raça-meio-momento.
(4) A segunda geração modernista, de 1930, pretendia resgatar valores estéticos neoclássicos, como a linguagem erudita e a autossuficiência da arte.
(8) As letras das canções tropicalistas apresentavam um teor acentuadamente conservador e alienante, ao contrário dos espetáculos escandalosos e debochados.
(16) "Memórias sentimentais de João Miramar" ilustra a renovação da linguagem feita pelos modernistas da geração de 22, misturando gêneros (lírico e narrativo) e utilizando uma sintaxe telegráfica e fragmentária.
(32) O nome "poesia marginal" pode ser justificado pelo fato de a produção poética do período estar "à margem do sistema" (editorial, poético, político) e não por esta poesia apregoar a violência, o banditismo e a subversão.
(64) Os romances árcades defendiam, de forma velada, a valorização de uma identidade brasileira e a insurreição contra a influência cultural portuguesa.
(128) Questões relativas à brasilidade são recorrentes nas obras dos pré-modernistas Euclides da Cunha, Graça Aranha, Monteiro Lobato e Lima Barreto.

A cada afirmação corresponde uma pontuação. Somando-se os pontos das afirmações CORRETAS, o total obtido será
a) 51.   
b) 114.   
c) 137.   
d) 178.   
e) 196.   
  
8. (Ufv 2000)  Observe com atenção o fragmento abaixo:

I- Juca-Pirama

No meio das tabas de amenos verdores,
Cercadas de troncos - cobertos de flores,
Alteiam-se os tetos d'altiva nação;
São muitos seus filhos, nos ânimos fortes,
Temíveis na guerra que em densas coortes
Assombram das matas a imensa extensão.

São rudos, severos, sedentos de glória,
Já prélios incitam, já cantam vitória,
Já meigos atendem à voz do cantor:
São todos Timbiras, guerreiros valentes!
Seu nome lá voa na boca das gentes,
Condão de prodígios, de glória e terror!

[...]

            (DIAS, Gonçalves. "I-Juca-Pirama." In: REIDEL, Dirce. LITERATURA BRASILEIRA EM CURSO. Rio de Janeiro: Bloch, 1969. p.311)

Reflita sobre as tendências da poesia romântica indianista e assinale a alternativa que NÃO confirma a visão idealizada do poeta em relação ao indígena brasileiro:
a) "I-Juca-Pirama" expressa o nacionalismo de seu autor, que, ao idealizar a coragem e o heroísmo do índio brasileiro, atribui-lhe também alguns distúrbios de personalidade.   
b) O poeta romântico transformou o silvícola em um dos símbolos da autonomia cultural e da superioridade da nação brasileira.   
c) O poema gonçalvino enalteceu e preservou as tradições indígenas brasileiras, incorporando-as ao orgulho nacional.   
d) O índio de Gonçalves Dias ganhou o tom dos valorosos cavaleiros medievais e reafirmou o sentimento nacionalista de nosso Romantismo.   
e) A poesia romântica indianista resgatou o passado histórico do Brasil e valorizou a bravura de seus habitantes naturais.   
  
9. (Uflavras 2000)  Leia atentamente o texto:

            "No Brasil, ultra-românticos foram os poetas-estudantes, quase todos falecidos na segunda adolescência, membros de rodas boêmias, dilacerados entre um erotismo lânguido e o sarcasmo obsceno. Os que dobraram a casa dos vinte e cinco acumularam os fracassos profissionais e os rasgos de instabilidade, confirmando a índole desajustada desses 'poetas da dúvida', a que faltam por completo a afirmatividade dos românticos indianistas e a combatividade dos condoreiros..."
            (José Guilherme Merquior)

I. O autor faz referência ao "mal-do-século".
II. Os ultra-românticos formam a segunda geração da poesia romântica no Brasil.
III. Os poetas indianistas representam a primeira geração romântica, e a terceira é representada pelos condoreiros.

Marque:
a) se todas as informações estiverem corretas.   
b) se apenas as informações I e II forem corretas.   
c) se apenas a informação III for correta.   
d) se apenas a informação II for correta.   
e) se apenas a informação I for correta.   
  
10. (Uel 1998)  Da fundação da revista NITERÓI até a divulgação no Brasil dos PRIMEIROS CANTOS, de Gonçalves Dias, o carioca Gonçalves de Magalhães exerceu um principado absoluto sobre as letras nacionais.
No período demarcado no fragmento acima,
a) a estética barroca era abandonada, em favor dos valores ilustrados e neoclássicos.   
b) o indianismo alcançava seu ponto máximo de expressão entre os nossos prosadores.   
c) as lutas nacionalistas criavam já as condições políticas para a Independência que em breve se proclamaria.   
d) emergiam em nossas letras as convicções estéticas e nacionalistas do primeiro Romantismo.   
e) consolidava-se a expressão da nossa poesia romântica mais intensamente confessional e intimista.   
 
Gabarito:  

Resposta da questão 1:
 [B]

O humor em Álvares de Azevedo fica evidente no trecho da alternativa [B]. Isso decorre da descrição de uma cena cômica em que o eu lírico, elegantemente vestido (roupas tafuis), se vê enlameado por conta da passagem de uma carroça após um dia de chuva.  

Resposta da questão 2:
 [E]

[I] Incorreta. O livro Suspiros poéticos e saudades tem o mérito de trazer o romantismo europeu para o Brasil. O autor não continuou a carreira literária, mas apesar dos versos não serem considerados tão belos na forma, ele narra as aventuras do poeta em suas viagens e experiências em outras terras e histórias.
[II] Correta. Os poetas citados são representantes da segunda geração romântica no Brasil, que enfatizava a confissão e o extravasamento das emoções mais subjetivas.
[III] Correta. Em Castro Alves tem-se uma poesia que trata de temas humanitários, como a abolição da escravatura, como também prima pelos versos apaixonados.  

Resposta da questão 3:
 [C]

As proposições I e IV são incorretas, pois

[I] o eu lírico expressa seus sentimentos de forma intensa, carregada de subjetividade, o que caracteriza a poesia de Álvares de Azevedo, filiado à Segunda Geração do Romantismo brasileiro, também denominado Ultrarromantismo.
[IV] nos poemas de Álvares de Azevedo, de modo geral, existe expressão de subjetividade intensa que emerge das emoções e devaneios do eu lírico, exacerbados pelo uso da imaginação.   

Resposta da questão 4:
 [C]  

Resposta da questão 5:
 [E]  

Resposta da questão 6:
 [A]  

Resposta da questão 7:
 [D]  

Resposta da questão 8:
 [A]  

Resposta da questão 9:
 [A]  


Resposta da questão 10:
 [D]  

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