1. (Unesp 2016) Outro traço importante da
poesia de Álvares de Azevedo é o gosto pelo prosaísmo e o humor, que formam a
vertente para nós mais moderna do Romantismo. A sua obra é a mais variada e
complexa no quadro da nossa poesia romântica; mas a imagem tradicional de poeta
sofredor e desesperado atrapalhou a reconhecer a importância de sua veia
humorística.
(Antonio Candido. “Prefácio”. In: Álvares de Azevedo. Melhores
poemas, 2003. Adaptado.)
A veia humorística
ressaltada pelo crítico Antonio Candido na poesia de Álvares de Azevedo está
bem exemplificada em:
a) Cavaleiro das armas
escuras,
Onde vais pelas trevas
impuras
Com a espada sanguenta na
mão?
Por que brilham teus olhos
ardentes
E gemidos nos lábios
frementes
Vertem fogo
do teu coração?
b) Ontem tinha chovido... Que
desgraça!
Eu ia a trote inglês
ardendo em chama,
Mas lá vai senão quando uma
carroça
Minhas roupas
tafuis encheu de lama...
c) Pálida, à luz da lâmpada
sombria,
Sobre o leito de flores
reclinada,
Como a lua por noite
embalsamada,
Entre as
nuvens do amor ela dormia!
d) Se eu morresse amanhã,
viria ao menos
Fechar meus olhos minha
triste irmã;
Minha mãe de saudades
morreria
Se eu
morresse amanhã!
e) Quando em meu peito
rebentar-se a fibra,
Que o espírito enlaça à dor
vivente,
Não derramem por mim nem
uma lágrima
Em pálpebra
demente.
2. (Upf 2016) Considere as afirmações a
seguir, referentes às três gerações da poesia romântica brasileira.
I. Gonçalves de Magalhães,
com seus Suspiros poéticos e saudades, traduz fielmente, na forma e nos
temas, o espírito do Romantismo, sendo considerado até hoje, pela crítica, como
o maior expoente da primeira geração.
II. Nos autores da segunda
geração, como Álvares de Azevedo e Casimiro de Abreu, o nacionalismo e o indianismo
da geração precedente cedem lugar a uma poesia marcada pelo individualismo,
pela confissão íntima e pelo extravasamento subjetivo.
III. Em Castro Alves,
representante principal da terceira geração, a poesia social e a defesa de
causas humanitárias andam, lado a lado, com poemas dedicados à mulher e ao amor
sensual.
Está correto apenas
o que se afirma em:
a) I.
b) II.
c) III.
d) I e II.
e) II e III.
3.
(Upe 2015) Amor
Quand la mort est si belle,
Il est doux de mourir.
V. Hugo
Amemos! Quero de amor
Viver no teu coração!
2Sofrer e amar essa dor
Que desmaia de paixão!
Na tu'alma, em teus encantos
E na tua palidez
E nos teus ardentes prantos
Suspirar de languidez!
Quero em teus lábios beber
Os teus amores do céu,
Quero em teu seio morrer
No enlevo do seio teu!
Quero viver d'esperança,
Quero tremer e sentir!
Na tua cheirosa trança
Quero sonhar e dormir!
Vem, anjo, minha donzela,
Minha'alma, meu coração!
Que noite, que noite bela!
Como é doce a viração!
E entre os suspiros do vento
Da noite ao mole frescor,
Quero viver um momento,
1Morrer contigo de amor!
AZEVEDO,
Álvares de. Disponível em: http://www.revista.agulha.nom.br/avz.html#amor.
Consultado em junho de 2014.
Sobre o texto, analise as afirmativas a
seguir:
I. O eu lírico, nos versos do poema, expressa seus
sentimentos de forma polida, cuidadosa, ponderada e sem quaisquer extremismos,
razão pela qual a poesia de Álvares de Azevedo não pode ser entendida como
exemplo claro de um texto dito romântico.
II. Há, no poema em análise, versos que apontam a necessidade
de o eu lírico amar profundamente. Esse amor é tomado por uma subjetividade
também profunda, afastando-se, quase por completo, das raias da racionalidade.
III. Os versos “Morrer contigo de amor”
(ref. 1) e “Sofrer e amar essa dor” (ref. 2) explicitam a intensidade que o eu
lírico pretende dar vida a essa relação. Temas como amor e morte são
recorrentes nos textos de Álvares de Azevedo, exímio representante da poesia
romântica.
IV. Não apenas no texto em análise, mas também nos
textos de Álvares de Azevedo, de modo geral, há uma exacerbação da objetividade
dos sentimentos, espécie de refutação ao que é demasiadamente onírico e
evasivo, taciturno e escapista.
V. O verso “Que noite, que noite bela!” remete o
leitor a perceber que o amor do eu lírico será vivenciado na sua forma mais
completa e qualitativa sob a regência da Lua. Nos poemas de Álvares de Azevedo,
a noite é o tempo privilegiado para o amor.
Está CORRETO,
apenas, o que se afirma em
a) I, II e III.
b) I, III e IV.
c) II, III e V.
d) II, IV e V.
e) III, IV e V.
4. (Ufrrj 2006) A CRUZ DA ESTRADA
Caminheiro
que passas pela estrada,
Seguindo
pelo rumo do sertão,
Quando
vires a cruz abandonada,
Deixa-a
em paz dormir na solidão.
É
de um escravo humilde sepultura,
Foi-lhe
a vida o velar de insônia atroz.
Deixa-o
dormir no leito de verdura,
Que
o Senhor dentre as selvas lhe compôs.
Dentre
os braços da cruz, a parasita,
Num
abraço de flores se prendeu.
Chora
orvalhos a grama, que palpita;
Lhe
acende o vaga-lume o facho seu.
Caminheiro!
Do escravo desgraçado
O
sono agora mesmo começou!
Não
lhe toques no leito de noivado,
Há
pouco a liberdade o desposou.
(ALVES, Castro. (1883) In: LAJOLO,
Marisa & CAMPEDELLI, Samira (org.) "Literatura comentada". 2a
ed. São Paulo: Nova Cultural, 1988, p. 89-90.)
Nesse
fragmento do poema "A cruz da estrada", observa-se um traço marcante
da poesia romântica, que é
a) o
egocentrismo exacerbado revelador das emoções do eu.
b) o
nacionalismo expresso na origem histórica do nosso povo.
c) o
envolvimento subjetivo dos elementos da natureza.
d) a
evasão do eu para espaços distantes e exóticos.
e) a
idealização da infância como uma época perfeita.
5. (Ita 2004) O texto abaixo é a estrofe inicial do poema "Meus oito anos",
de Casimiro de Abreu:
(...)
Oh!
Que saudades que tenho
Da
aurora da minha vida,
Da
minha infância querida
Que
os anos não trazem mais!
Que
amor, que sonhos, que flores,
Naquelas
tardes fagueiras
À
sombra das bananeiras,
Debaixo
dos laranjais!
(...)
(In CANDIDO, A.; CASTELLO, J.
"A. Presença da literatura brasileira, v. 2. São Paulo: Ditei, 1979.)
Sobre
o poema, NÃO se pode afirmar que
a) se
trata de um dos poemas mais populares da Literatura Brasileira.
b) o
poeta se vale do texto para manifestar a sua saudade da infância.
c) a
linguagem não é erudita, pois se aproxima da simplicidade da fala popular, o
que é uma marca da poesia romântica.
d) a
memória da infância do poeta está intimamente ligada à natureza brasileira.
e) o
poeta é racional e contido ao mostrar a sua emoção no poema.
TEXTO PARA A
PRÓXIMA QUESTÃO:
ADORMECIDA
Ses longs cheveux épars la couvrent tout
entiere
La croix de son collier repose dans sa main,
Comme pour témoigner qu'elle a fait sa
priere.
Et qu'elle va la faire en s'éveillant demain.
A. DE MUSSET
UMA
NOITE, eu me lembro... Ela dormia
Numa
rede encostada molemente...
Quase
aberto o roupão... solto o cabelo
E
o pé descalço do tapete rente.
'Stava
aberta a janela. Um cheiro agreste
Exalavam
as silvas da campina...
E
ao longe, num pedaço do horizonte,
Via-se
a noite plácida e divina.
De
um jasmineiro os galhos encurvados,
Indiscretos
entravam pela sala,
E
de leve oscilando ao tom das auras,
Iam
na face trêmulos - beijá-la.
Era
um quadro celeste!... A cada afago
Mesmo
em sonhos a moça estremecia...
Quando
ela serenava... a flor beijava-a...
Quando
ela ia beijar-lhe... a flor fugia...
Dir-se-ia
que naquele doce instante
Brincavam
duas cândidas crianças...
A
brisa, que agitava as folhas verdes,
Fazia-lhe
ondear as negras tranças!
E
o ramo ora chegava ora afastava-se...
Mas
quando a via despertada a meio,
P'ra
não zangá-la... sacudia alegre
Uma
chuva de pétalas no seio...
Eu,
fitando esta cena, repetia
Naquela
noite lânguida e sentida:
"Ó
flor! - tu és a virgem das campinas!
"Virgem!
- tu és a flor da minha vida!..."
São
Paulo, novembro de 1868.
ALVES,
C. Obra completa. Rio de Janeiro:
Aguilar, 1986, p.124-125.
6. (Ufrn 2004) Considerando as fases da poesia romântica brasileira, é correto afirmar
que o poema apresenta uma
a) atmosfera
de erotismo, manifestada pelos encantos da mulher.
b) atitude
de culpa, devido à violação do ambiente celestial.
c) negação
do ato amoroso, devido ao clima de sonho predominante.
d) tematização
da natureza, manifestada na imagem da flor.
7. (Ufes 2001) AFIRMAÇÕES:
(1)
A poesia romântica procurou se expressar de maneira objetiva, diminuindo a
importância da expressão do sujeito e evitando a coloquialidade linguística.
(2)
A prosa naturalista - de que "O cortiço" de Aluísio Azevedo é exemplo
- adotou pressupostos científicos, como a explicação da personalidade pela
junção da tríade raça-meio-momento.
(4)
A segunda geração modernista, de 1930, pretendia resgatar valores estéticos
neoclássicos, como a linguagem erudita e a autossuficiência da arte.
(8)
As letras das canções tropicalistas apresentavam um teor acentuadamente
conservador e alienante, ao contrário dos espetáculos escandalosos e
debochados.
(16)
"Memórias sentimentais de João Miramar" ilustra a renovação da
linguagem feita pelos modernistas da geração de 22, misturando gêneros (lírico
e narrativo) e utilizando uma sintaxe telegráfica e fragmentária.
(32)
O nome "poesia marginal" pode ser justificado pelo fato de a produção
poética do período estar "à margem do sistema" (editorial, poético,
político) e não por esta poesia apregoar a violência, o banditismo e a
subversão.
(64)
Os romances árcades defendiam, de forma velada, a valorização de uma identidade
brasileira e a insurreição contra a influência cultural portuguesa.
(128)
Questões relativas à brasilidade são recorrentes nas obras dos pré-modernistas
Euclides da Cunha, Graça Aranha, Monteiro Lobato e Lima Barreto.
A
cada afirmação corresponde uma pontuação. Somando-se os pontos das afirmações
CORRETAS, o total obtido será
a) 51.
b) 114.
c) 137.
d) 178.
e) 196.
8. (Ufv 2000) Observe com atenção o fragmento abaixo:
I-
Juca-Pirama
No
meio das tabas de amenos verdores,
Cercadas
de troncos - cobertos de flores,
Alteiam-se
os tetos d'altiva nação;
São
muitos seus filhos, nos ânimos fortes,
Temíveis
na guerra que em densas coortes
Assombram
das matas a imensa extensão.
São
rudos, severos, sedentos de glória,
Já
prélios incitam, já cantam vitória,
Já
meigos atendem à voz do cantor:
São
todos Timbiras, guerreiros valentes!
Seu
nome lá voa na boca das gentes,
Condão
de prodígios, de glória e terror!
[...]
(DIAS, Gonçalves. "I-Juca-Pirama."
In: REIDEL, Dirce. LITERATURA BRASILEIRA EM CURSO. Rio de Janeiro: Bloch, 1969.
p.311)
Reflita
sobre as tendências da poesia romântica indianista e assinale a alternativa que
NÃO confirma a visão idealizada do poeta em relação ao indígena brasileiro:
a) "I-Juca-Pirama"
expressa o nacionalismo de seu autor, que, ao idealizar a coragem e o heroísmo
do índio brasileiro, atribui-lhe também alguns distúrbios de personalidade.
b) O
poeta romântico transformou o silvícola em um dos símbolos da autonomia
cultural e da superioridade da nação brasileira.
c) O
poema gonçalvino enalteceu e preservou as tradições indígenas brasileiras,
incorporando-as ao orgulho nacional.
d) O
índio de Gonçalves Dias ganhou o tom dos valorosos cavaleiros medievais e
reafirmou o sentimento nacionalista de nosso Romantismo.
e) A
poesia romântica indianista resgatou o passado histórico do Brasil e valorizou
a bravura de seus habitantes naturais.
9. (Uflavras 2000) Leia atentamente o texto:
"No Brasil, ultra-românticos
foram os poetas-estudantes, quase todos falecidos na segunda adolescência,
membros de rodas boêmias, dilacerados entre um erotismo lânguido e o sarcasmo
obsceno. Os que dobraram a casa dos vinte e cinco acumularam os fracassos
profissionais e os rasgos de instabilidade, confirmando a índole desajustada
desses 'poetas da dúvida', a que faltam por completo a afirmatividade dos
românticos indianistas e a combatividade dos condoreiros..."
(José Guilherme Merquior)
I.
O autor faz referência ao "mal-do-século".
II.
Os ultra-românticos formam a segunda geração da poesia romântica no Brasil.
III.
Os poetas indianistas representam a primeira geração romântica, e a terceira é
representada pelos condoreiros.
Marque:
a) se
todas as informações estiverem corretas.
b) se
apenas as informações I e II forem corretas.
c) se
apenas a informação III for correta.
d) se
apenas a informação II for correta.
e) se
apenas a informação I for correta.
10. (Uel 1998) Da fundação da revista NITERÓI até a divulgação no Brasil dos PRIMEIROS
CANTOS, de Gonçalves Dias, o carioca Gonçalves de Magalhães exerceu um
principado absoluto sobre as letras nacionais.
No
período demarcado no fragmento acima,
a) a
estética barroca era abandonada, em favor dos valores ilustrados e
neoclássicos.
b) o
indianismo alcançava seu ponto máximo de expressão entre os nossos prosadores.
c) as
lutas nacionalistas criavam já as condições políticas para a Independência que
em breve se proclamaria.
d) emergiam
em nossas letras as convicções estéticas e nacionalistas do primeiro
Romantismo.
e) consolidava-se
a expressão da nossa poesia romântica mais intensamente confessional e
intimista.
Gabarito:
Resposta da questão 1:
[B]
[B]
O humor em Álvares de Azevedo fica evidente no trecho da alternativa [B]. Isso
decorre da descrição de uma cena cômica em que o eu lírico, elegantemente
vestido (roupas tafuis), se vê enlameado por conta da passagem de uma carroça
após um dia de chuva.
Resposta da questão 2:
[E]
[E]
[I] Incorreta. O livro Suspiros poéticos e saudades tem o
mérito de trazer o romantismo europeu para o Brasil. O autor não continuou a
carreira literária, mas apesar dos versos não serem considerados tão belos na
forma, ele narra as aventuras do poeta em suas viagens e experiências em outras
terras e histórias.
[II] Correta. Os poetas citados
são representantes da segunda geração romântica no Brasil, que enfatizava a
confissão e o extravasamento das emoções mais subjetivas.
[III] Correta. Em Castro Alves
tem-se uma poesia que trata de temas humanitários, como a abolição da
escravatura, como também prima pelos versos apaixonados.
Resposta da questão 3:
[C]
[C]
As proposições I e IV são incorretas, pois
[I] o
eu lírico expressa seus sentimentos de forma intensa, carregada de
subjetividade, o que caracteriza a poesia de Álvares de Azevedo, filiado à
Segunda Geração do Romantismo brasileiro, também denominado Ultrarromantismo.
[IV] nos
poemas de Álvares de Azevedo, de modo geral, existe expressão de subjetividade
intensa que emerge das emoções e devaneios do eu lírico, exacerbados pelo uso
da imaginação.
Resposta da questão 4:
[C]
[C]
Resposta da questão 5:
[E]
[E]
Resposta da questão 6:
[A]
[A]
Resposta da questão 7:
[D]
[D]
Resposta da questão 8:
[A]
[A]
Resposta da questão 9:
[A]
[A]
Resposta da questão 10:
[D]
[D]
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