domingo, 18 de junho de 2017

IBMEC 2000

Leia atentamente o texto abaixo para responder às questões 1 e 2.

O mito é uma explicação das origens do homem, do mundo, da linguagem; explica o sentido da vida, a morte, a dor, a condição humana. Vive porque responde à angústia do desconhecido, do inexplicável; dá sentido àquilo que não tem sentido. Enquanto a ciência não puder explicar a origem das coisas e o seu sentido, haverá lugar para o pensamento mítico. Será que esse ideal se tornará realidade um dia? Dificilmente. Como se dará conta dos novos anseios, dos novos desejos do ser humano? Precisamos das utopias, que, sendo uma espécie de mito pré-construído, têm a função de organizar e de orientar o futuro.
(FIORIN, José Luiz, As Astúcias da Enunciação, São Paulo, Ática, 1999)

1. Levando em conta o que o texto diz sobre o mito, é correto afirmar que:
a) ele é a única explicação possível para as origens do Universo.
b) ao explicar a condição humana, ele substitui o pensamento científico.
c) assim como as utopias, ele tem a função de prever totalmente o futuro.
d) a angústia do desconhecido contribui para a sobrevivência do mito.
e) ele dá sentido àquilo que já foi explicado pela linguagem.

2. Tomando por base as relações que o texto estabelece entre ciência e mito, assinale a alternativa correta.
a) Apesar de tanto o mito quanto a ciência procurarem explicar os mesmos acontecimentos, apenas a ciência consegue responder satisfatoriamente à
angústia do desconhecido.
b) O pensamento mítico nasce da dificuldade que a ciência tem de dar conta dos novos desejos do ser humano. Por isso, é improvável que a ciência faça com
que o mito deixe de existir.
c) Como o mito tem a capacidade de antecipar o futuro, ele sempre vai existir. Já a ciência, por não poder explicar a origem do mundo, dificilmente poderá sobreviver.
d) A falta de explicações científicas para o sentido e a origem das coisas não implica, necessariamente, que o homem tenha necessidade do pensamento mítico.
e) O mito, ao procurar dar sentido ao inexplicável, entra em choque com os princípios da ciência, cuja principal função é organizar e orientar o futuro.

Texto para a questão 3.

“... A gramática deverá, primeiro, colocar em seu devido lugar as afirmações
de cunho normativo: não necessariamente suprimindo-as, mas apresentando o dialeto padrão como uma das possíveis variedades da língua, adequada em certas
circunstâncias e inadequada em outras (é tão “incorreto” escrever um tratado de filosofia no dialeto coloquial quanto namorar usando o dialeto padrão). Depois, a gramática deverá pelo menos descrever as principais variantes (regionais, sociais e
situacionais) do português brasileiro, abandonando a ficção, cara a alguns, de que o português no Brasil é uma entidade simples e homogênea. Finalmente, e acima de tudo, a gramática deverá ser sistemática, teoricamente consistente e livre de contradições.”
(PERINI, M. A. Para uma Nova Gramática do Português, 7. ed. São Paulo, Ática)

I – As regras gramaticais não podem prescrever um só padrão lingüístico para todas as situações, pois existem variantes lingüísticas distintas.
II – A descrição lingüística deve abandonar a literatura de ficção, cujo custo é inacessível para grande parte da população.
III – A descrição das principais variantes deve demonstrar a heterogeneidade e a complexidade do português no Brasil.

3. Assinale a alternativa correta, relacionando o texto às afirmações:
a) Todas estão corretas.
b) Apenas I e II estão corretas.
c) Apenas I e III estão corretas.
d) Apenas II e III estão corretas.
e) Todas estão incorretas.

Texto para a questões 4 e 5.

Tem gente que só pensa no seu dinheiro. Nós, por exemplo.
Tem agência de propaganda que só pensa no dinheiro do cliente. A WG é uma dessas. Pode perguntar para o pessoal do Diário Catarinense, Editora Globo, Frangos Macedo, Makenji, RBS TV, Revista Gente, Telefones Intelbras. A WG atende todos eles com a mesma obsessão: fazer o cliente ganhar mais dinheiro, fazer crescer o faturamento, fazer uma marca acontecer até chegar na liderança. Foi isso que aconteceu com cada um deles. E pode acontecer com você também. É só entregar a comunicação da sua empresa pra quem só pensa no dinheiro que você vai ganhar.

4. Sobre a frase “Tem gente que só pensa no seu dinheiro”, é correto afirmar que:
a) a agência WG, pelo contexto, está interessada apenas em ganhar o dinheiro dos seus clientes.
b) lida isoladamente, a frase possui apenas sentido positivo.
c) a frase, mesmo descontextualizada, já possui uma evidente imprecisão.
d) lida isoladamente, a frase possui dominantemente sentido negativo; no contexto, porém, ela adquire valor positivo.
e) a frase isolada tem o mesmo sentido daquele que ela adquire no contexto.

5. Ainda sobre a frase “Tem gente que só pensa no seu dinheiro”, assinale a alternativa que traduza o sentido da frase mais compatível com o contexto em que ela está inserida.
a) Tem agência de propaganda que só pensa no dinheiro do cliente.
b) Pode perguntar para o pessoal do Diário Catarinense.
c) A WG atende todos eles com a mesma obsessão.
d) Foi isso que aconteceu com cada um deles.
e) É só entregar a comunicação da sua empresa pra quem só pensa no dinheiro que você vai ganhar.

“Não cabe ao analista do texto identificar este ou aquele autor pelo estilo de época a que está ligado. Um autor é tanto menos original quanto mais se identificar com determinado gosto estético. E será original na medida em que suplantar a forma dominante de pensar e escrever em determinada fase.”

6. De acordo com o texto:
a) a originalidade do autor implica sua maior ou menor aceitação por parte do analista do texto.
b) convém distinguir, na análise do texto, apenas o estilo de época a que se vincula o autor.
c) a identificação de determinado autor com o estilo de sua época é pouco relevante como indicador do valor estético de sua obra.
d) a maneira de pensar e de escrever reflete sempre o ponto de vista dominante numa dada época.
e) o mérito do autor está em sublinhar em seu texto as marcas do estilo de época em que vive.

“Mesmo que isso não conste nas poéticas e estéticas de Aristóteles ou de Hegel, a televisão tornou-se a dominante no atual sistema das artes dos países industrializados. Esta é uma situação nova, que precisa ser pensada fora dos parâmetros clássicos (que não poderiam prevê-la), mas que não pode mais ser recebida com o entusiasmo fácil dos modernistas vanguardeiros (que tinham ante si mais o sonho do que a realidade).

O fato de a televisão ter-se tornado a dominante no novo sistema das artes não
significa que qualquer programa seja artístico: significa apenas que a televisão é
uma linguagem que tem condições de produzir obras de nível artístico. Significa também que, por ser ela a nova dominante, reorganiza-se todo o sistema das artes atuais, afetando o modo de ser de cada uma delas.”

7. De acordo com o texto,
a) os países industrializados tornaram a televisão a forma mais importante de arte, o que já era previsto nas poéticas e estéticas de Aristóteles e Hegel.
b) modernistas e homens de vanguarda receberam com entusiasmo o fato de a televisão ter-se tornado dominante no atual sistema das artes, e essa reação determinou uma reorganização de todas elas.
c) o modo específico de ser de todas as formas de arte atuais sofre o reflexo do fato de uma delas, a televisão, ter-se tornado tão importante.
d) embora nem todo programa possa ser considerado artístico, a televisão, por ser uma linguagem que provoca entusiasmo fácil, tornou-se a mais importante das artes atuais.
e) sendo uma linguagem que tem condições para produzir obras de nível artístico, a televisão impõe-se como forma de arte e obriga as demais artes a tentarem ser mais modernas e vanguardeiras.

“Numa sociedade como a nossa, onde a divisão de bens, rendas e lucro é tão desigual, não é de estranhar que a mesma desigualdade presida a distribuição de vários outros bens, inclusive os culturais. E a participação em boa parte desse últimos é mediada pela leitura.”
8. De acordo com o texto,
a) lamenta-se em nossa sociedade a falta de oportunidades de ascensão econômica e cultural.
b) a desigualdade dos bens é, muitas vezes, uma forma de oposição à cultura.
c) a melhor representatividade dos bens culturais acha-se nos efeitos decorrentes da leitura.
d) por meio da leitura, o cidadão participa de todos os bens culturais da humanidade.
e) A injustiça na divisão dos bens materiais repercute na desigual distribuição da cultura e no acesso a ela.

“Diferentemente do espectador de cinema ou de televisão, o leitor dispõe da faculdade de regular livremente a cadência das sequências do livro e de voltar, se necessário. Tal poder de reinterpretação e de crítica retrospectiva converte a leitura em diálogo.”

9. De acordo com o texto,
a) o exercício de leitura oferece condições de recuperação da mensagem.
b) a compreensão do livro condiciona-se à cadência das seqüências do livro.
c) o bom leitor é aquele que se ajusta ao movimento de avanço e retrocesso no
livro.
d) a crítica retrospectiva é decorrência da leitura bem assimilada.
e) já num primeiro contato com um texto, o leitor, independentemente de sua formação cultural, consegue apreender a essência daquilo que foi lido.

Leia o fragmento seguinte, extraído do “Poema Sujo”, de Ferreira Gullar, para responder à questão 10:

(Para ser cantada com a música da Bachiana no 2, da Tocata, de Villa-Lobos)

lá vai o trem com o menino
lá vai a vida a rodar
lá vai ciranda e destino
cidade e noite a girar
lá vai o trem sem destino
pro dia novo encontrar
correndo vai pela terra
vai pela serra
vai pelo mar
cantando pela serra do luar
correndo entre as estrelas a voar
no ar

10. Se compararmos mentalmente este fragmento do “Poema Sujo”, de Ferreira Gullar, com o desenvolvimento de um tema similar na linguagem cotidiana, é possível verificar que:
a) o vínculo que une as palavras do texto, tal como nas palavras que usamos na linguagem cotidiana, é meramente sintático, responde a uma exigência lógica
e visa a uma captação imediata da mensagem que é transmitida.
b) não é possível tal comparação porque o texto é absurdamente ingênuo.
c) a única diferença entre a linguagem literária e a cotidiana é que a primeira pode abrir mão de exigências como ritmo e sonoridade, para alcançar uma comunicação mais direta com o leitor.
d) na linguagem cotidiana, a comunicação é imediata; na literária, no entanto, é indireta, devido à elaboração prévia da mensagem por parte do escritor e pela leitura ou eventuais releituras do leitor. Tudo isso permite um melhor aproveitamento das possibilidades verbais, no sentido de enriquecer as relações existentes entre as camadas sonoras e semânticas do texto.

e) a originalidade do tema escolhido é a única força responsável pela expressividade do texto. A maneira como o autor plasma em palavras este tema é um fator de importância secundária.

Gabarito
1. d
2. b
3. c
4. d
5. e
6. c
7. c
8. e
9. a
10. d

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