quinta-feira, 1 de junho de 2017

ENEM- VAMOS TREINAR?

ENEMGAP- LITERATURA – 3002 -1º TRIMESTRE
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
A TERCEIRA MARGEM DO RIO

1          Nosso pai era homem cumpridor, ordeiro, positivo; e sido assim desde mocinho e menino, pelo que testemunharam as diversas pessoas sensatas, quando indaguei a informação. Do que eu mesmo me alembro, ele não figurava mais estúrdio nem mais triste do que os outros, conhecidos nossos. Só quieto. Nossa mãe era quem regia, e que ralhava 1no diário com a gente - minha irmã, meu irmão e eu. Mas se deu que, certo dia, nosso pai mandou fazer para si uma canoa.
2          Era a sério. 6Encomendou a canoa especial, de pau de vinhático, pequena, mal com a tabuinha da popa, como para caber justo o remador. Mas teve de ser toda fabricada, escolhida forte e arquejada em rijo, própria para dever durar na água por uns vinte ou trinta anos. Nossa mãe jurou muito contra a ideia. Seria que, ele, que nessas artes não vadiava, se ia propor agora para pescarias e caçadas? 5Nosso pai nada não dizia. Nossa casa, no tempo, ainda era mais próxima do rio, obra de nem quarto de légua: o rio por aí se estendendo grande, fundo, calado que sempre. Largo, de não se poder ver a forma da outra beira. E esquecer não posso, do dia em que a canoa ficou pronta.
3          Sem alegria nem cuidado, nosso pai encalcou o chapéu e decidiu um adeus para a gente. Nem falou outras palavras, não pegou matula e trouxa, não fez nenhuma recomendação. Nossa mãe, a gente achou que ela ia 4esbravejar, mas persistiu somente alva de pálida, mascou o beiço e bramou: "-Cê vai, ocê fique, você nunca volte!" 8Nosso pai suspendeu a resposta. Espiou manso para mim, me acenando de vir também, por uns passos. Temi a ira de nossa mãe, mas obedeci, de vez de jeito. 7O rumo daquilo  me animava, chega que um propósito perguntei: - "Pai, o senhor me leva junto, nessa sua canoa?" 4Ele só retornou o olhar em mim, e me 2botou a bênção, com gesto me mandando para 3trás. Fiz que vim, mas ainda virei, na grota do mato, para saber. Nosso pai entrou na canoa e desamarrou, pelo remar. E a canoa saiu se indo - a sombra dela por igual, feito um jacaré, comprida longa.
(Guimarães Rosa, J. FICÇÃO COMPLETA. Rio de Janeiro, Ed. Nova Aguilar, 1994, p.409.)

1. (Pucrj)  Segundo o texto, na visão do menino:
a) a mãe era uma pessoa brava e enérgica; o pai, metódico e calado.   
b) a mãe não aprovava a ideia de ver o marido levar o filho para caçadas e pescarias.   
c) a mãe era a responsável pela saída do pai.   
d) o pai o abandonou, porque não gostava dele.   
e) era bom viajar com o pai, mas era melhor ficar no aconchego do lar.   
  
2. (Pucrj)  Sobre o texto, só NÃO podemos dizer que:
a) apresenta cenário rural em que se percebem elementos arcaizantes.   
b) possui narrador de primeira pessoa que se mostra consciente de que seu narrar provém da memória.   
c) mostra, na figura feminina, traços da herança matriarcal.   
d) pretende reproduzir o linguajar dos habitantes da região retratada.   
e) desenha, com precisão, as características físicas, morais e psicológicas dos personagens.   

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
NOSSO PAI era homem cumpridor, ordeiro, positivo; e sido assim desde mocinho e menino, pelo que testemunharam as diversas sensatas pessoas, quando indaguei a informação. Do que eu mesmo me alembro, ele não figurava mais estúrdio nem mais triste do que os outros, conhecidos nossos. Só quieto. Nossa mãe era quem regia, e que ralhava no diário com a gente - minha irmã, meu irmão e eu. Mas se deu que, certo dia, nosso pai mandou fazer para si uma canoa.
(ROSA, João Guimarães. PRIMEIRAS ESTÓRIAS. R.Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1988.)



3. (Pucsp)  O trecho anterior é do conto "A terceira margem do rio", escrito por João Guimarães Rosa. Considerando o conto com um todo, é incorreto afirmar-se dele o seguinte:
a) insere-se no livro PRIMEIRAS ESTÓRIAS, conjunto de contos de temática variada e de linguagem que, sem deixar de apresentar recursos de estilo, revela aproveitamento do coloquial e da fala popular.   
b) fala de um homem refugiado em uma canoa no meio do rio onde, em absoluto silêncio, resiste ao tempo.   
c) aborda o tema da loucura, presente também em outras narrativas que compõem o livro, entre as quais SORÔCO, SUA MÃE, SUA FILHA.   
d) sugere, no diz-que-diz das pessoas, que as razões do desatino da personagem estão ligadas à doideira, ao pagamento de promessa, à lepra ou a um aviso semelhante ao de Noé sobre o fim do mundo.   
e) revela que o filho, narrador do conto, acaba tendo o mesmo final triste do pai, já que o substitui nas vagações rio afora.   
  
4. (Ufes)  " - Se quer seguir-me, narro-lhe; não uma aventura, mas experiência, a que me induziram, alternadamente, séries de raciocínios e intuições. Tomou-me  tempo, desânimos, esforços. Dela me prezo, sem vangloriar-me. Surpreendo-me, porém, um tanto à-parte de todos, penetrando conhecimento que os outros ignoram [...]
Sim? Mas, então, está irremediavelmente destruída a concepção de vivermos em agradável acaso  sem razão nenhuma, num vale de bobagens? Disse. Se me permite, espero, agora, sua opinião, mesma, do senhor, sobre tanto assunto. Solicito os reparos que se digne dar-me, a mim, servo do senhor, recente amigo, mas companheiro no amor da ciência, de seus transviados acertos e de seus esbarros titubeados. Sim?"

Os trechos supracitados, de um conto de "Primeiras estórias", de Guimarães Rosa, fazem um convite ao leitor para responder a certas questões referentes à natureza da vida e da existência humana a partir da temática tratada em sua narrativa. Marque a alternativa cuja sequência indique CORRETAMENTE temática, título e sinopse do conto do qual os trechos acima foram retirados.
a) Amor/ "Substância": moça, contratada para o ofício de quebrar polvilho, ao crescer é estuprada pelo patrão fazendeiro.   
b) Culpa / "A terceira margem do rio": personagem sem nome conta as razões transcendentais que levaram seu pai a se isolar em ilha deserta.   
c) Imagem / "O espelho" : personagem sem nome especula em torno de uma experiência em que o espelho se revela como metáfora da alma.   
d) Loucura / "Sorôco, sua mãe, sua filha": os personagens do título, antes de serem levados para o manicômio, são alvos de chacota por parte da população.   
e) Medo / "Famigerado": médico radicado no interior recebe a visita de retirantes nordestinos em busca de pouso e alimentação.   
5. (Enem 2014)  Camelôs

Abençoado seja o camelô dos brinquedos de tostão:
O que vende balõezinhos de cor
O macaquinho que trepa no coqueiro
O cachorrinho que bate com o rabo
Os homenzinhos que jogam boxe
A perereca verde que de repente dá um pulo que engraçado
E as canetinhas-tinteiro que jamais escreverão coisa alguma.

Alegria das calçadas
Uns falam pelos cotovelos:
— “O cavalheiro chega em casa e diz: Meu filho, vai buscar um pedaço de banana para eu [acender o charuto.
Naturalmente o menino pensará: Papai está malu...”

Outros, coitados, têm a língua atada.

Todos porém sabem mexer nos cordéis como o tino ingênuo de demiurgos de inutilidades.
E ensinam no tumulto das ruas os mitos heroicos da meninice...
E dão aos homens que passam preocupados ou tristes uma lição de infância.

BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007.

Uma das diretrizes do Modernismo foi a percepção de elementos do cotidiano como matéria de inspiração poética. O poema de Manuel Bandeira exemplifica essa tendência e alcança expressividade porque
a) realiza um inventário dos elementos lúdicos tradicionais da criança brasileira.   
b) promove uma reflexão sobre a realidade de pobreza dos centros urbanos.   
c) traduz em linguagem lírica o mosaico de elementos de significação corriqueira.   
d) introduz a interlocução como mecanismo de construção de uma poética nova.   
e) constata a condição melancólica dos homens distantes da simplicidade infantil.   
  
6. (Enem PPL 2014)  Evocação do Recife

A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros
Vinha da boca do povo na língua errada do povo
Língua certa do povo
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil
Ao passo que nós
O que fazemos
É macaquear
A sintaxe lusíada…

BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007.


Segundo o poema de Manuel Bandeira, as variações linguísticas originárias das classes populares devem ser
a) satirizadas, pois as várias formas de se falar o português no Brasil ferem a língua portuguesa autêntica.   
b) questionadas, pois o povo brasileiro esquece a sintaxe da língua portuguesa.   
c) subestimadas, pois o português “gostoso” de Portugal deve ser a referência de correção linguística.   
d) reconhecidas, pois a formação cultural brasileira é garantida por meio da fala do povo.   
e) reelaboradas, pois o povo “macaqueia” a língua portuguesa original.   
  
7. (Enem PPL 2014)  Cena

O canivete voou
E o negro comprado na cadeia
Estatelou de costas
E bateu coa cabeça na pedra

ANDRADE, O. Pau-brasil. São Paulo: Globo, 2001.


O Modernismo representou uma ruptura com os padrões formais e temáticos até então vigentes na literatura brasileira. Seguindo esses aspectos, o que caracteriza o poema Cena como modernista é o(a)
a) construção linguística por meio de neologismo.   
b) estabelecimento de um campo semântico inusitado.   
c) configuração de um sentimentalismo conciso e irônico.   
d) subversão de lugares-comuns tradicionais.   

e) uso da técnica de montagem de imagens justapostas.   

8. (Enem PPL 2013)  Mar português

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

PESSOA, F. Mensagens. São Paulo: Difel, 1986.

Nos versos 1 e 2, a hipérbole e a metonímia foram utilizadas para subverter a realidade. Qual o objetivo dessa subversão para a constituição temática do poema?
a) Potencializar a importância dos feitos lusitanos durante as grandes navegações.   
b) Criar um fato ficcional ao comparar o choro das mães ao choro da natureza.   
c) Reconhecer as dificuldades técnicas vividas pelos navegadores portugueses.   
d) Atribuir as derrotas portuguesas nas batalhas às fortes correntes marítimas.   
e) Relacionar os sons do mar ao lamento dos derrotados nas batalhas do Atlântico.   

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Poema

Encontrado por Thiago de Mello
No Itinerário de Pasárgada

Vênus luzia sobre nós tão grande,
Tão intensa, tão bela, que chegava
A parecer escandalosa, e dava
Vontade de morrer.

Manuel Bandeira


9. (Fgvrj 2013)  Nesse breve poema de Bandeira, manifesta-se um aspecto que alguns de seus principais estudiosos consideram central e decisivo na obra do poeta, a saber,
a) a aversão tipicamente modernista ao belo natural.   
b) a rejeição do que é grande e, também, do que é sublime.   
c) o sestro romântico de transfigurar a paisagem.   
d) a conjugação da maior expansão vital e do sentimento de morte.   
e) o erotismo de caráter amoral, que contamina todo o cosmo.   

10. (Enem PPL 2012)  A rua

Bem sei que, muitas vezes,
O único remédio
É adiar tudo. É adiar a sede, a fome, a viagem,
A dívida, o divertimento,
O pedido de emprego, ou a própria alegria.
A esperança é também uma forma
De contínuo adiamento.
Sei que é preciso prestigiar a esperança,
Numa sala de espera.
Mas sei também que espera significa luta e não, apenas,
Esperança sentada.
Não abdicação diante da vida.

A esperança
Nunca é a forma burguesa, sentada e tranquila da espera.
Nunca é figura de mulher
Do quadro antigo.
Sentada, dando milho aos pombos.

RICARDO, C. Disponível em: www.revista.agulha.com.br. Acesso em: 2 jan. 2012.


O poema de Cassiano Ricardo insere-se no Modernismo brasileiro. O autor metaforiza a crença do sujeito lírico numa relação entre o homem e seu tempo marcada por 
a) um olhar de resignação perante as dificuldades materiais e psicológicas da vida.    
b) uma ideia de que a esperança do povo brasileiro está vinculada ao sofrimento e às privações.    
c) uma posição em que louva a esperança passiva para que ocorram mudanças sociais.    
d) um estado de inércia e de melancolia motivado pelo tempo passado “numa sala de espera”.    
e) uma atitude de perseverança e coragem no contexto de estagnação histórica e social.    


gabarito
Resposta da questão 1: [A]  

Resposta da questão 2: [E]  

Resposta da questão 3: [E]  

Resposta da questão 4: [C]  
Resposta da questão 5: [C]

Resposta da questão 6: [D]

Resposta da questão 7: [E]
Resposta da questão 8: [A]

Resposta da questão9: [D]

Resposta da questão 10: [E]
  

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