domingo, 2 de abril de 2017

AULA DE REDAÇÃO- GAPIANOS

Qualidades de um texto

Veja as características que valorizam e fazem uma boa redação

Alguns atributos são essenciais para obter qualidade na maioria dos textos em prosa, seja uma dissertação, um discurso, uma carta ou mesmo narrativa. E abordamos aqui as características que consideramos essenciais. Os exemplos são sempre de dissertação, que é o tipo de texto mais exigido nos vestibulares.

Autonomia

O texto precisa ser compreendido por si. O autor deve imaginar um leitor que não leu a proposta do enunciado da prova. As referências ao material de apoio têm de ser acompanhadas de todas as informações necessárias para que o leitor as entenda, uma vez que a coletânea não faz parte da redação.
A autonomia de um texto também se mede pelo nível de atualização e pelo repertório do candidato-autor. O texto inadequado do exemplo a seguir apresenta certa ampliação das informações básicas quando estende as considerações para outras possíveis causas das consequências anunciadas pela prova: "A baixa renda dos adultos e a falta de políticas públicas atentas .. !'

Texto inadequado (sem autonomia):

“A situação mostrada no mapa é uma vergonha. As não é fácil de ser enfrentada, pois requer dinheiro e determinação dos governantes”.

Um vocabulário adequado também é muito importante para garantir a autonomia do texto. Note, em nosso exemplo, como as afirmações são mais precisas quando substituímos palavras vagas ou genéricas (como "vergonha", "fácil") por outras mais objetivas ("número", "denuncia", "baixa renda").

Texto (com autonomia):

“O grande número de crianças trabalhadoras no Brasil denuncia a baixa renda dos adultos e a falta de políticas públicas atentas ao futuro”.

Coerência e clareza

A coerência do seu texto resulta dos argumentos que você utiliza para referendar logicamente seu ponto de vista, o seu recorte do tema. No desenvolvimento da redação, é importante ter como objetivo convencer o leitor da lógica de seu texto. O processo básico é o mesmo de uma discussão com os amigos sobre um filme ou uma partida de futebol. Em uma dissertação, a melhor ideia será aquela sustentada por argumentos convincentes, com os quais o autor se faça entender. Por isso, é importante posicionar-se diante do tema de forma ponderada e evitar radicalização e panfletagem.
Em outras palavras, é preciso escrever com clareza para que, após ler a redação, ninguém se pergunte: "Mas, afinal, o que o autor quis dizer com isso?". Essa é uma pergunta que o autor deve se fazer antes de passar o texto a limpo. Seu texto estará pronto se responder à pergunta.

Texto inadequado (sem coerência nem clareza):

“Nem sempre as imagens falam tudo o que queremos. Às vezes, vão além do imaginado por quem as produz”.

Texto adequado (com coerência e clareza):

“O significado de uma imagem por quem a vê não é necessariamente o mesmo de quem a produziu”.

Coesão

A coesão é a articulação das partes de um todo. Na gramática da língua portuguesa aprendemos que as articulações são realizadas pelas classes de palavras conhecidas por "arredondar" o discurso e tornar mais agradáveis e compreensíveis as orações e os períodos. São as preposições e as conjunções que exercem essa função de conectivos com maior frequência.
Além da coesão interna de um período ou oração, também é preciso ter coesão entre as etapas do texto. O espírito é o mesmo, mas, neste caso, a atenção deve estar voltada para os encontros que se dão no fim de um parágrafo e início de outro. Um bom encadeamento gera "coesão textual" ou "textualidade" e evita que a redação não tenha palavras "soltas", como se uma frase não tivesse relação com a outra.

Texto inadequado (com problemas de coesão):

“Quando pensamos um tempo melhor para a vida de todos, queremos dizer o seguinte: simplesmente as coisas podem ser mais justas para todas as pessoas se beneficiarem disso”.

Texto adequado (com boa coesão):

“Quando pensamos em um tempo mais justo, imaginamos, simplesmente, que a vida pode ser melhor para todos”.

Simplicidade

Escrever de forma simples é o caminho certo para quem tem poucas linhas para expressar sua opinião sobre um tema. O candidato deve evitar períodos muito longos ou o uso de vocabulário rebuscado. Períodos longos servem a textos longos, de várias páginas, o que não é o caso de uma redação para o vestibular. As palavras difíceis também devem ser evitadas. Elas geralmente são utilizadas com a intenção de impressionar os avaliadores, mas podem provocar desvio de raciocínio. Além disso, é bom evitar inversões no uso dos elementos da oração e manter a organização básica: sujeito, verbo e complementos. Como falantes da língua, nós já fazemos isso intuitivamente. Pôr o adjetivo antes do substantivo, por exemplo, aumenta a sua ênfase e, portanto, parece intencional para quem lê, e você só deve utilizar se tiver mesmo a intenção de ser enfático.

Texto inadequado (prolixo):

“As relações sociais que são repletas de interligações que variam de modo intrínseco fazem da construção de uma imagem, inerente a si mesma, uma busca fundamental”.

Texto recomendado (escrita simples):

“Construir imagens que representem a complexidade das relações sociais é uma busca fundamental”.


Os dez erros mais comuns

Os deslizes que podem tirar pontos preciosos da sua nota


1. TROCAR O TIPO OU GENERO DE TEXTO

A prova pede uma dissertação e você faz uma narração. Essa falta de atenção é considerada incontornável e resulta em nota zero. Assim, é necessário estar atento para quando a prova solicita três tipos de texto (ou oferece três tipos a escolher) e você indica erroneamente a sua escolha; por exemplo: opta pela proposta 2, que pede uma carta, mas assinala a 1, que era para dissertação.



2. FUGIR DO TEMA

Escrever uma redação que foge do tema proposto também pode levar à anulação da redação. Por isso, leia com bastante atenção a coletânea de textos e o enunciado. Tome muito cuidado para não se perder em divagações que nada tem a ver com o que foi apresentado (veja mais nas págs. 8 a 11).

3. USO IMPROPRIO DA LINGUAGEM ORAL

Nem sempre a linguagem que você usa quando está conversando pode ser passada para o texto. Expressões como "né" e "o.k." não caem bem numa redação. Gírias como "se ligar" e "irado" também não são adequadas.

4. REBUSCAR DEMAIS

Abusar de palavras rebuscadas também pode prejudicar sua nota. Lembre-se: linguagem formal não é sinônimo de linguagem complicada. Ao exceder no uso de um requinte desnecessário, é grande a probabilidade de seu texto ficar sem fluência nem clareza.

5. COMETER ERROS DE LÍNGUA PORTUGUESA

Erros básicos da língua portuguesa não têm perdão na prova. "Fazem muitos anos", "há nove anos atrás" e "para mim levar" são deslizes graves numa redação. Na dúvida quanto à grafia correta ou à aplicação de uma regra gramatical, substitua a palavra por outra ou organize novamente a frase.

6. USAR CLlCHÊS E PROVÉRBIOS

Evite o uso de clichês, que são aquelas expressões muito conhecidas, como "colocar tudo em pratos limpos", "fechar com chave de ouro", "água mole em pedra dura, tanto bate até que fura". O uso de provérbios e frases, geralmente construídas com base em ideias estereotipadas, revela falta de originalidade do autor.

7. PANFLETAR E RADICALlZAR

As redações que instruem o leitor com frases como "Devemos nos unir!" ou "Vamos reciclar o planeta!" são consideradas frágeis. No lugar do discurso politicamente panfletário, é melhor organizar argumentos que permitam ao leitor chegar às próprias conclusões.

8. USAR CITAÇÕES SEM CUIDADO

As citações devem ser utilizadas com bastante critério. Evite expressões batidas, como "Só sei que nada sei", de Sócrates. Outro erro comum é usar as citações fora de contexto, sem que tenham uma relação efetiva com o texto.

9. EXAGERAR NAS INFORMAÇÕES

Você não precisa despejar tudo o que sabe na redação. O excesso de informações pode prejudicar a coesão do texto, pois dados demais podem confundir, em vez de esclarecer. Seja seletivo.

10. ABUSAR DA REDUNDÂNCIA

A redundância revela falta de repertório do autor-candidato. Numa boa redação, a argumentação avança progressivamente, e não fica andando em círculo.


Nervosismo ou falta de atenção

Entre as redações destacadas por sua qualidade pela Fuvest em 2012, há textos sem títulos, como o ilustrado ao lado. Observe, na página 41, que as instruções da prova são apenas 3, claras e sucintas, e pedem o título. A seleção da Fuvest mostra que os examinadores são capazes de reconhecer um bom texto e, nesse caso, excepcionalmente, não zerar a redação, provavelmente considerando que o esquecimento foi puro nervosismo. Mas isso não quer dizer que o autor (ou autora) não tenha perdido pontos na nota. Não seguir as instruções demanda falta de

atenção ou de compreensão. Não faça isso.

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